CAPÍTULO VINTE E DOIS:
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Outra missão.
Caminhei pelos corredores do castelo. Meus olhos analisavam cada centímetro daquele lugar. Não passei muito tempo fora, mas dessa vez fora diferente de todas as outras vezes em que saí em missões para a guarda. E eu me sentia diferente ao estar de volta. Tudo ainda era o mesmo, até as rachaduras nas velhas paredes do castelo, mas, eu não era a mesma e isso provocava uma enorme diferença na forma em que eu via as coisas.
Alguns membros da guarda cumprimentavam-me em respeito a minha posição ao passarem por mim. Parei ao ver minha irmã vindo em nossa direção. Dei um pequeno sorriso, porém, sem surpresa alguma, não fui correspondida. Jane se parecia mais com um iceberg ao colocar seus olhos frigedos em nós.
─ Vocês finalmente chegaram! ─ Rolou os olhos.
─ Olá para você também, irmã. Sim, nossa viagem foi ótima, obrigada por perguntar. ─ Sorri irônica para a mesma, que apenas ignorou o sarcasmo contido no meu tom de voz.
─ Isso é irrelevante. ─ Disse apenas. ─ E onde vocês pensam que estão indo?
─ A sala dos três tronos? ─ Indaguei, como quem diz o óbvio.
─ Mestre Aro está em uma reunião importante com Caius e Marcus. ─ Jane disse indiferente. ─ Não podem interrompê-los agora.
─ Mas as ordens de Aro foram expressas. ─ Argumentou Alec. Falando pela primeira vez desde que iniciamos essa conversa. ─ Ele ordenou que fôssemos até ele assim que chegássemos.
─ Talvez seja porque ele imaginou que você não demoraria tanto para trazer a Jean de volta, irmão. ─ Apontou Jane o fulminando com o olhar.
Rolei os olhos. Era como ver duas crianças humanas discutindo.
─ Quer saber? Eu vou para o meu quarto. Quando Aro estiver disponível para me ver, avise-me. ─ Disse começando a andar.
─ Está me dando ordens? ─ Jane questionou em voz dura.
─ Apenas um favor, irmãzinha. ─ Murmurei ainda seguindo meu caminho.
Jane e eu sempre estivemos em meio a uma "guerrinha" por aqui. É claro que foi ela quem começou, afinal, o que lhe falta em tamanho, lhe sobra em competitividade. Já eu, estava entendiada depois de 400 anos enfornada nesse lugar, achei que uma pequena competição familiar não faria mal. Só esqueci de que minha levava as coisas muito à sério, e às vezes - quase sempre - parece que ela me odeia.
Gemi frustrada ao sentir a presença de Demetri atrás de mim. Parei me virando para o mesmo, tentando manter um semblante neutro.
─ Ouvir boatos sobre a sua volta. ─ Começou dando dois passos em minha direção. ─ Senti sua falta nessas últimas semanas.
─ Mentiria se dissesse que é recíproco. ─ Digo apenas, exibindo meu sorriso mais frívolo. Vantagens de ser irmã de Jane Volturi.
Riu secamente.
─ Pensei que passar um tempo com os Cullen lhe faria perceber que seu lugar é aqui, ao meu lado. ─ Começou Demetri. ─ O estilo de vida dos Cullen não condiz em nada com o seu. Vocês são muito diferentes, nunca daria certo.
─ E o que você realmente sabe sobre mim, Demetri? ─ O encarei séria. Ele estava surpreso com a minha pergunta. Sem palavras. ─ Exatamente, nada.
Me virei para entrar no meu quarto, mas Demetri segurou meu pulso me fazendo encará-lo outra vez.
─ Eu sei tudo sobre você, Jean. ─ Ele disse próximo demais ao meu rosto. Puxei meu braço de volta, me afastando. ─ Não vai se adaptar à uma existência com o Cullen.
─ Se realmente me conhecesse... ─ Parei ao perceber que estava prestes a falar demais. Meus planos ou o que eu realmente desejo não diz respeito a ele, e se eu falar qualquer coisa que me comprometa antes de me reunir com Aro, isso poderá ser usado contra mim.
─ Demetri... ─ Recomecei. ─ Sim, passamos bons momentos juntos. ─ Vi um sorriso começar a se formar em seu rosto. Continuei antes que ele falasse algo: ─ Entretanto, acabou. Não estavamos destinados a ficar juntos, e nós dois sabemos disso. Eu já aceitei, agora falta você.
Entrei para o meu quarto e fechei a porta, deixando um Demetri sem palavras para trás.
×××
A cada passo que dava em direção ao salão dos três tronos, mais nervosa ficava. Não sei o que Aro deseja comigo tão cedo, talvez ele só queria que eu reporte o andamento da missão, ou algo do tipo e eu esteja fazendo tempestade em copo d'água, mas é de Aro Volturi quem estamos falando, afinal. Confiança não é uma das coisas as quais ele emana.
Repassei o meu plano em minha mente, e todas as formas possíveis de esconder alguns dos meus pensamentos do dom de Aro. Precisava que tudo desse certo. Tudo o que desejo é a paz. Paz essa que nunca tive sendo uma Volturi.
Quando os enormes portões do salão foram abertos por dois guardas, a visão de Aro Volturi em pé, em frente ao seu trono fora a primeira coisa que chegara até os meus olhos. Caius e Marcus estavam sentados em seus respectivos tronos, como o de costume. Marcus ainda mantia seu semblante de tédio costumeiro, enquanto Caius parecia mais sádico do que nunca. Aro, por sua vez, sorria. Aquele seu típico sorriso falso, aquele que nem ao menos chega aos seus olhos. Jane estava ao lado de Caius e Alec ao lado de Marcus. Renata como sempre estava ao lado de Aro, como se seu escudo fosse me deter caso resolvesse atacá-lo.
Eu já tinha vivido aquela cena centenas de vezes, sempre que voltava de uma missão, ou apenas em algumas de nossas reuniões. Não era nada demais, a não ser pelo fato de que eu esperava que esta fosse a última vez que os veria assim, como membro da guarda Volturi.
─ Minha querida, Jeanna! ─ Começou Aro, com sua típica animação fora do normal. ─ Sentimos sua falta.
Me aproximei mais alguns passos, me curvando em reverência e sinal de respeito.
─ Mestres. ─ Murmurei, concertando minha postura. ─ Admito que fiquei surpresa ao ser chamada de volta tão precocemente.
Aro começou a se movimentar pelo espaço que havia alí.
─ Veja bem, minha doce pupila. ─ Começou. Seu tom de voz por si só me dizia que ele estava tramando algo. ─ Temos uma nova missão para você.
O encarei, confusa. Meus olhos analisaram cada um dos três reis. Tentei usar meu dom para ter uma noção do que viria por aí, mas parecia algo incerto, talvez porque eu ainda não saiba exatamente que tipo de missão ele tem a me oferecer. Talvez eu possa negociar minha liberdade através dessa missão. Dependendo do seu grau de importância.
─ Posso perguntar que missão seria essa, senhor? ─ Indaguei como quem não quer nada.
─ Sabemos do seu... laço com um dos membros do clã Cullen. ─ Começou Aro. Talvez ele esperasse alguma reação da minha parte, mas me mantive indiferente. É claro que ele sabia, desde o começo. Não fora surpresa alguma. ─ Jasper, certo?
Aro me encarou esperando uma resposta da qual ele já conhecia.
─ Sim. ─ Respondo apenas.
─ Queremos que você saiba que nossa guarda está aberta à recebê-lo como um de nossos membros. ─ Insinuou Aro. ─ É claro, se ele assim quiser.
Ele não estava sendo "generoso", como queria passar. Aro estava me dando uma ordem implícita em cada uma das suas palavras, ele queria que eu convencesse Jasper a entrar para nossa guarda. Talvez, em sua concepção, trazer um Cullen para nosso lado abra caminho para chegar até o restante dos Cullen. Ou aos que realmente lhe interessavam.