O dia havia começado bem agitado e ninguém tinha comido ainda. Aurora sentiu o estômago roncando e lembrou que Liz e Nabi deviam ter trazido frutas para o café da manhã, mas em vez disso, trouxeram sete mascarados para alimentar. O pão que Jade tinha feito não seria suficiente. Krystal não tinha caçado nada nos últimos dois dias, e a única alternativa era colher algumas frutas e legumes, que por sorte, a floresta tinha em abundância.
Pelo menos naquele momento, Aurora só tinha que se preocupar em alimentar seis pessoas, já que Liz e Hongjoong arrastaram Nabi, com mais quatro Mascarados para a vila. Eles só voltariam no fim do dia.
Depois que eles partiram, todos saíram da tenda e cada um foi para um canto. Aurora foi direto para a cozinha verificar os suprimentos, pensando no que fazer para a refeição seguinte. Como não havia o suficiente para cozinhar para todo mundo, ela pegou uma cesta grande e entrou na floresta em busca de comida.
Ela precisava urgentemente de uma distração.
Seonghwa não saia de sua mente. A cabeça dela insistia em lembrar de todos os detalhes daquele rosto perfeito. Principalmente daqueles lábios...
Maçãs vermelhas chamaram a atenção da garota, que começou a encher a cesta com várias delas. Em seguida, ela apanhou um cacho de bananas.
Ela começou a procurar por alguns legumes, pensando em fazer um ensopado, mas não conseguia se lembrar onde os legumes ficavam, porque sua mente estava em outro lugar.
A provocação clara que Seonghwa tinha feito mais cedo a atormentava, insistente. Era um mistério para ela o motivo daquilo, mas era evidente que havia funcionado muito bem. Se o objetivo era fazer com que ela pensasse nele, funcionou.
Ela finalmente encontrou os legumes, depois de um tempo procurando. Encheu a cesta até a boca, sentindo o braço doer com o peso.
Com determinação, Aurora tentava substituir seus pensamentos que envolviam aquele mascarado ridículo por outras coisas. Ela caminhava sozinha de volta ao acampamento com a cesta cheia e cantarolava uma frase sem parar:
Tire esse Mascarado da cabeça, lá lá lá lá lá...
- Olá, Aurora!
Ela deu um pulo, se assustando com a voz grave chamando seu nome. O coração acelerou sem sua permissão, e o rosto que ela fazia tanto esforço em esquecer surgiu bem na frente dela. Do nada. Ele tinha brotado do chão? Caído do céu?
Seonghwa estava sorrindo.
Horroroso.
- Oi. - ela disse, sem piscar.
Aurora não conseguia evitar, era mais forte do que ela.
Só olhar não vai matar, ela repetia em pensamento.
Ele se aproximou, notando que a cesta estava muito pesada e segurou a alça, sem romper o contato visual.
Sem parar de sorrir.
Por que ele sorria tanto?
- Deixa isso comigo. - ele piscou um olho, e sua boca repuxou levemente para a esquerda, num sorriso torto.
Um frio no estômago a incomodou e Aurora se sentiu tonta. Aquilo estava a deixando irritada.
- Não precisa. - ela disse, sem soltar a cesta. Sem tirar os olhos dele.
- Eu insisto. - Seonghwa não soltou, pelo contrário, puxou um pouco a cesta para si, arrastando Aurora junto.
Ela engoliu em seco com a proximidade, e sua mente, como uma boa aliada, a lembrava do jeito como ele havia encarado ela quando tirou a máscara, mordendo os lábios nada atraentes.
Como se ela pudesse esquecer aquela cena...
A mão dele segurou a dela, por cima da alça da cesta. Seu toque era quente.
- É bom poder falar com você sem a máscara. - ele disse com os olhos perdidos no rosto de Aurora, indecisos sobre onde ficar. Ele queria olhá-la nos olhos, mas era atraído pelas pintinhas na bochecha e no nariz dela. Seonghwa esperou por um sorriso, mas Aurora não sorriu.
É bom poder olhar para o seu rosto lindo, ela pensou. Mas não daria esse gostinho a ele, não assim, tão fácil.
- Também acho. - foi tudo o que ela respondeu. A mente dela estava ocupada em deixá-la paralisada no lugar, pois Seonghwa ainda segurava a mão dela sobre a alça da cesta.
Ela ainda estava muito perto dele.
Aurora temeu que ele pudesse ouvir o coração dela batendo violentamente.
- Tem certeza de que não quer ajuda com isso? - Seonghwa perguntou, a lembrando da cesta. Graças a ele, que segurava a alça junto com ela, o peso tinha ficado bem mais leve e Aurora tinha se esquecido por um instante que estava carregando uma cesta pesada.
- Você ficou mais forte depois de carregar um barril de água? - ela provocou, erguendo uma sobrancelha.
- Sou mais forte do que você pensa. - ele a encarou, erguendo a sobrancelha também.
Os olhos dela baixaram e subiram, examinando Seonghwa dos pés à cabeça. Ele não era do tipo forte, concluiu Aurora, mas muito agradável aos olhos.
- Não parece. - ela fez beicinho, o analisando um pouco mais. A mão livre parecia ter vontade própria, e quando ela se deu conta, já estava tocando braço de Seonghwa, que se contraiu com o toque inesperado.
Aurora deveria tirar a mão, obviamente, mas não conseguiu fazer isso. Embora fosse magro, Seonghwa tinha braços definidos. Pelo menos foi isso que ela sentiu ao apertar o bíceps dele de leve. Ele não parecia incomodado. Aurora ficou curiosa para ver os braços dele livres das mangas de sua roupa.
- Você tem razão. Não parece mesmo. - ele sorriu - Mas eu tenho um rosto bonito que compensa o resto.
Não dava para negar esse fato.
- Você flerta com todas as garotas que conhece? - Aurora perguntou, imaginando que Seonghwa tinha experiência nisso.
Esse pensamento provocou uma onda de irritação nela.
- Você é quem está segurando meu braço. - ele piscou, e Aurora o soltou imediatamente.
Ela não tinha explicação para aquilo e nem procurou uma.
- Pode levar, assim você faz um pouco de exercício. Está precisando. - ela soltou a cesta, a deixando com ele. - Mas você não respondeu minha pergunta. - insistiu.
Ele riu baixinho, olhando para o chão.
- Só com as garotas que evitam a todo custo sorrir para mim. - ele se aproximou o suficiente para sussurrar no ouvido dela - E as que me chamam de magrelo sem hesitar.
Todos os pelos do corpo dela se arrepiaram com a voz grave dele sussurrando em seu ouvido. Agora ela estava tonta de verdade.
- Não te chamei de magrelo! – ela se defendeu. Pelo menos não tinha dito com aquelas palavras.
- Mas quis dizer isso. - ele falou, ainda próximo.
Ela revirou os olhos em irritação se afastando.
- Pense o que quiser, então. - Aurora disse, prestes a seguir de volta para o acampamento.
- Antes de ir... - Seonghwa a puxou pelo braço - Pode me dizer onde posso tomar um banho?
Ela respirou fundo.
- No rio onde nos conhecemos. Mas não no ponto onde nos encontramos, lá é onde pegamos água para o consumo. Um pouco mais para baixo, perto do mar, tem uma pequena queda d’água cercada de pedras. Costumamos tomar banho ali.
Seonghwa assentiu, com um sorriso contido.
- Obrigado. - ele disse, soltando o braço de Aurora.
- Por nada. - ela disse, mantendo-se séria - Magrelo.
Um sorriso ameaçou surgir nos lábios dela, mas Aurora rapidamente o reprimiu. Seonghwa soltou um suspiro, fazendo uma careta irritada e pegou a cesta que tinha colocado no chão, seu olhar preso no dela.
Aurora fingiu indiferença e voltou a caminhar. Disse a si mesma que aquele olhar não era atraente. Nem um pouquinho.
- Será que você aguenta carregar sozinho até o acampamento? - ela alfinetou, andando a uns cinco passos à frente dele.
Mas ela continuava a provocar Seonghwa, satisfeita em deixá-lo irritado.
- Claro. Já disse que eu sou mais forte do que imagina.
- Só acredito vendo. - ela se permitiu sorrir enquanto estava de costas para ele.
De repente, ela não ouviu mais os passos atrás de si e se virou para ver o que tinha acontecido.
Seonghwa estava parado no lugar, a encarando tão intensamente que ela perdeu o rumo por um momento.
- O que você quis dizer com isso? – ele questionou. Não dava para saber o que ele estava pensando.
Na verdade, Aurora não conseguia sequer saber o que ela mesma estava pensando, não com ele a olhando daquele jeito.
Ela apenas deu de ombros, o encarando da mesma forma. Para sua sorte, ela era muito boa em disfarçar seus sentimentos. Aurora sentia que estava prestes a desmaiar, mas por fora, mantinha-se inabalável.
- Vamos logo. Ainda tenho muitas coisas para fazer hoje. Não estava esperando receber visita.
– ela se virou novamente e continuou a caminhar.
Seonghwa deixou que ela escapasse, pelo menos por enquanto.
Ele ainda teria muitas oportunidades para descobrir a resposta.
...
Jade e Krystal levaram San e Wooyoung para a floresta em busca de uma árvore boa para o conserto do navio. Assim como eles imaginavam, as garotas tinham uma noção de qual madeira seria melhor para usarem.
- Vocês estão vivendo aqui a muito tempo? – Wooyoung perguntou, curioso. Ele estava impressionado com o conhecimento que elas tinham sobre a floresta. Desde as frutas venenosas até as árvores com madeira resistente.
- Faz uns três meses. – Jade respondeu, abrindo caminho pela trilha em que caminhavam, que estava cheia de galhos secos.
- Como vocês sabem tanta coisa, estando aqui apenas por três meses? – San não escondia a expressão admirada.
- Fomos treinadas desde cedo. Nosso pai é mercador, então ele conhece muitos lugares. Ele sempre trazia alguma coisa diferente quando voltava de viagem. – Jade continuou jogando um punhado de galhos para longe.
- Por que foram treinadas? – Wooyoung estava louco para saber mais. Ele tinha muitas perguntas.
- O que é isso, um interrogatório? – Krystal disse, encarando Wooyoung impaciente.
- Irônico você dizer isso, não acha? – ele retrucou.
Ela apenas revirou os olhos em resposta, e Jade soltou uma gargalhada.
- Do que você está rindo? – Krystal perguntou, cruzando os braços.
- Eu pensei a mesma coisa. – Jade disse, com a mão na frente da boca – Mas ele falou primeiro.
- Só estamos curiosos. – San disse sorrindo – Já contamos muito mais do que podíamos sobre nós, agora é a vez de vocês.
- A rainha sempre perseguiu nossa família, porque somos mestiços. Por isso, desde crianças, fomos preparadas para fugir caso fosse necessário. E foi. – Jade explicou, sem conseguir tirar os olhos daquelas covinhas.
- Nós conseguimos ser autossuficientes. – Krystal concluiu.
San e Wooyoung trocaram um olhar. Muitas coisas fizeram sentido naquele momento.
- É por isso que vocês nos atacaram? – eles disseram ao mesmo tempo.
As gêmeas riram. Então era aquilo. Eles estavam curiosos para saber o motivo de terem sido atacados quando não estavam fazendo nada que pudesse ser uma ameaça.
- Nós desconfiamos de tudo e de todos. Conhecemos todas as pessoas que circulam por aqui, por isso, quando alguns Mascarados invadiram nosso território, atacamos antes que nos atacassem. – Krystal respondeu.
- Nós não íamos atacar ninguém. – San fez beicinho, encarando as duas garotas.
- Só descobrimos isso depois, desculpe. – Jade deu de ombros.
- Então todas vocês sabem lutar? – Wooyoung estava maravilhado.
- Nosso avô nos ensinou um golpe ou outro, para sermos capazes de nos livrar dos guardas da rainha. – Jade disse com um sorrisinho, e eles entenderam a indireta.
- Se eu te agarrar, você consegue se livrar de mim? – Wooyoung foi ousado o bastante para perguntar, olhando para Krystal com um sorriso malicioso.
Ela o encarou de volta, como se fosse matá-lo com o olhar.
- Para de atiçar a fera! – San deu uma cotovelada nele, que não conseguia parar de provocar a garota que o flechou em uma árvore.
- Por que você não tenta? – Krystal disse, desafiando-o a fazer aquilo.
- Vou deixar vocês se matarem sozinhos. – Jade disse, voltando a caminhar pela trilha.
Eles precisavam encontrar um bom cedro ou mogno, que não fosse muito grande. Uma árvore seria o suficiente para o conserto, segundo eles. Só precisavam encontrar a árvore certa.
San se apressou em alcançar Jade, que realmente deixou Krystal e Wooyoung para trás. Os dois ficaram se encarando por um tempo. Wooyoung tomando coragem e Krystal esperando que ele fosse corajoso o suficiente.
- Você não tem medo de deixar sua irmã sozinha com ele? – San perguntou, preocupado.
- Está preocupado? – Jade perguntou.
Ele afirmou com a cabeça.
- Então por que deixou ele sozinho com ela? – ela cruzou os braços.
- Eu que não vou ficar lá e apanhar de graça. – ele disse, fazendo Jade rir. – Wooyoung que provocou, ele que sofra as consequências.
- Você nem está tão preocupado assim. – Jade estreitou os olhos, o analisando.
- Estou, mas eu também me preocupo comigo, sabe. – San deu de ombros.
- Entendi. Eu não me preocupo com eles. – ela sorriu – Tinha que ver o que aconteceu ontem a noite. Eles estão bem íntimos.
San paralisou no lugar, processando as palavras de Jade.
- Como assim? – ele perguntou com os olhos arregalados.
- Minha irmã o interrogou. – ela deu uma risadinha – Mas Wooyoung não deve ter medo de morrer, porque ama flertar com a morte.
- Ele flertou com a sua irmã do mal?
- Não fale assim dela! – Jade esbravejou – Só nós podemos chamá-la assim.
Ele prensou os lábios, baixando o olhar.
- Sim, ele flertou com ela. – Jade continuou. – Talvez seja um hábito dele, não sei. Acabei de conhecê-lo.
Voltando a retirar os galhos do caminho, ela jogou mais um monte deles no meio das árvores na lateral da trilha, ficando de costas para San.
- Ele flertou com você? - De repente, Jade sentiu um puxão em seu braço e deu de cara com San, que esperava uma resposta. A respiração dela ficou ofegante quando percebeu o quão perto ele estava, e acelerou ainda mais quando ele a encarou de cima a baixo.
Jade girou o punho, pegando no braço dele do mesmo jeito que ele havia pegado no dela. As unhas apertaram a pele dele de leve.
- Por que quer saber? – ela perguntou, irritada, ainda segurando o braço dele.
- Nada. – ele sorriu tenso, surpreso com a reação dela. – Desculpa.
Ela o soltou, o empurrando para longe.
- Não faça mais isso. Eu me assusto com facilidade. – ela disse, mais calma dessa vez.
- Eu estava com medo de perguntar, mas você realmente consegue se livrar de mim se eu a agarrar? – um sorrisinho brincava nos lábios dele.
- O que acha?
Os olhos dela se estreitaram mais uma vez.
- Acho que sim. Tenho quase certeza. Mas não vou te agarrar, pode ficar tranquila. – ele disse rápido, embolando as palavras umas nas outras, com as mãos para cima.
Que pena, ela pensou.
- Ótimo. – mais uma vez, Jade tentou seguir caminho pela trilha.
Naquele ritmo, eles não iam encontrar uma árvore nunca.
- Jade? – San a chamou, fazendo-a se virar para ele.
- Hum?
- Me dá um soco?
"- Deixa isso comigo. - ele piscou um olho, e sua boca repuxou levemente para a esquerda, num sorriso torto. "
"Seonghwa estava parado no lugar, a encarando tão intensamente que ela perdeu o rumo por um momento."
"- Se eu te agarrar, você consegue se livrar de mim? "
"- Ele flertou com você? - De repente, Jade sentiu um puxão em seu braço e deu de cara com San, que esperava uma resposta. A respiração dela ficou ofegante quando percebeu o quão perto ele estava, e acelerou ainda mais quando ele a encarou de cima a baixo."
Oieee! Voltei 😁
Já surtaram? Porque eu surtei vendo esses Gifs 😵 (tive que compartilhar pra não sofrer sozinha ❤️)
Primeiramente: Seonghwa matando a Aurora parte 2
Seguido de: Wooyoung sem vergonha
E o San sendo ele mesmo (as ideias do garoto KKKKKK)
Me contem o que estão achando 🙏❤️
Não esquece a estrelinha 🌟
Beijos 💕