Mirella Fernandez
Eu ouvi o conselho das advogadas e não o procurei. Já o homem me procurou no dia da reunião que havia sido marcada para alguns dias depois. Minutos antes da reunião ele foi até a minha sala.
Lá estava ele. Exalando seu poder. O homem no auge dos seus quarenta anos. Se eu pudesse descrevê-lo eu usaria as seguintes palavras: Inteligente, calculista e sedutor.
- Srta Fernandez. – Ele me olhou calmo estendendo a mão direita em minha direção.
- Sr. Caineli. – Falei lhe estendendo a minha, ele a pegou depositando um beijo ali e eu indiquei a cadeira para que ele se sentasse.
- Como vão as coisas? – Ele falou menos formal agora.
- Não tão bem quanto eu gostaria Rangel. Podemos ir direto ao assunto? – Ele sorriu de lado e concordou me avaliando de cima a baixo antes que eu me sentasse. – Por que não me fala sobre o processo que abriu?
- É simples e claro Mirella. A sua empresa não cumpriu o combinado.
- Eu analisei nossos contratos novamente e tudo está correto, tanto o meu quanto o seu, eles estão de acordo e as cláusulas de quebra de contrato foram ressarcidas.
- Está deixando detalhes passar.
- Por que não clareia a minha mente? – Falei avaliando o homem na minha frente. Ele parecia bem seguro e convencido.
- Eu prefiro deixar para mostrar na reunião dos nossos advogados daqui a pouco. - Falou sério.
- É um direito seu ter se sentido lesado de alguma forma, mesmo que não tenha sido nossa intenção, eu compreendo isso. Podemos chegar a um acordo sem que leve esse processo adiante? - Falei o mais tranquila possível.
- Não quero um acordo Srta. Fernandez. – Ele falou me olhando. - Você é nova aqui , não sabe ainda como tudo realmente funciona.
- Eu venho pra essa empresa desde que me entendo por gente, eu posso ter assumido a presidência a pouco tempo, mas eu sei muito bem o que fazer. - Falei segura.
- Sabe tão bem que está sofrendo um processo. – Ele falou irônico e naquela hora meu sangue ferveu, eu não podia perder a postura agora. - Você é tão bonita Mirella, quando falirem sua empresa você pode me procurar, vou ter um lugar especial para você entre as minhas principais modelos. - Senti um tom estranho da parte dele, senti nojo do homem. Gargalhei com sua fala e mexi nos meus cabelos impaciente, me levantando.
- Eu queria dizer o mesmo pra você, mas eu jamais contrataria alguém do seu nível. – Ele sorriu largo.
- Você é realmente muito nova. Meu convite ainda está de pé, você pode me procurar quando quiser, para o que quiser. Será um prazer te ajudar. – Ele se levantou também. Senti seu tom malicioso.
- Dispenso seu convite Rangel. Não vai ser necessário.
- Uma pena. Realmente é uma pena. – Falou me encarando e eu senti raiva e outros sentimentos repugnantes por aquele homem.
- Digo o mesmo, é uma pena ver até onde estamos chegando. - Foi a última coisa que falei antes que abrissem a porta. Era Stéfani, vestida pra matar como uma advogada nata, impecável. Me deixei observá-la rapidamente.
- O senhores não deveriam estar conversando. - Ela parecia brava.
- Nós já terminamos. - Ele falou passando por ela e fechando a porta.
- Eu te pedi pra evitar falar com ele! - Ela falou ainda brava alguns segundos depois, mas tentando não ser rude.
- Eu não tenho o que esconder Bays! Nada do que eu fale é motivo pra ele me incriminar.
- Você não tem certeza! - Se aproximou cruzando os braços.
- E você não manda em mim! - Falei no mesmo tom que ela.
- Você continua com a mesma marra. - Ela desdenhou.
- Bays...
- Você é minha cliente agora Mirella, precisa seguir as minhas orientações. - Apontou pra mim e em seguida pra ela, autoritária.
- É? - Dei um sorriso sínico e dei um passo em sua direção, com aquele passo fiquei bem próxima a ela. - Quais as suas próximas orientações?
Fazia tempo que não via os seus verdes tão de perto, seu cheiro também me invadiu. Eu me condenei por ter dado aquele passo, mas não recuaria. Stéfani me olhava sem dizer nada.
- Perdeu a postura é? - Perguntei provocando.
- Você não é tão irresistível quanto pensa! - Falou devolvendo a provocação e mordendo o lábio em seguida. Filha da mãe! Levei minha mão direita até seu rosto, ela não se esquivou. Continuou sustentando meu olhar, eu entendi aquilo como permissão, mas resolvi recuar e tirei minha mão dela.
- Não sou eu que penso isso! - Eu queria rir do seu comentário, o olhar dela em mim parecia dizer exatamente o contrário do que ela havia dito. - E você ainda não deu suas orientações! - Me sentei na beira da minha mesa, voltando a ganhar uma pequena distância dela. Agora eu havia conseguido respirar.
- Já me deixaram ciente que você é boa no que faz. Mas sabe que eu acho que seguiu a profissão errada? Tu é muito boa com as palavras e é intimidadora. - Falou e porra de sotaque. Não a respondi, apenas continuei olhando pra ela. - Quer uma orientação? - Concordei arqueando a sobrancelha, foi a vez dela se aproximar. - Dá próxima vez que achar que pode começar algo, vai até o final! - Falou e virou as costas saindo da minha sala me deixando totalmente travada. Ela queria que eu continuasse?
Respirei fundo, me recompondo. Já estava na hora da reunião. Quando saí encontrei ela me esperando encostada próxima ao elevador.
- Então estou jogada aos leões? - Falei me referindo a reunião.
- Não comigo como sua advogada. - Falou quando entramos no elevador.
- A Ana é excelente no que faz! - Falei, jamais tiraria o mérito de tudo que ela havia feito por mim e nem na confiança que eu tinha nela. - Ela só ficou preocupada, isso pode virar um processo milionário.
- Principalmente por causa do ego dos envolvidos né?! - Debochou. - A Dra. Mosconi foi inteligente em procurar uma segunda opinião. - Deu de ombros convencida.
- Eu não sei onde eu tava com a cabeça quando eu aceitei a indicação da Hana falando o seu nome...
- Sabe que nem eu! - Ela concordou. Rimos juntas. - É sério, eu achei o erro no contrato. Pode ser fácil de corrigir. Já falei com a Dra. Mosconi e a Becca, a gente tem um plano, vamos ver se vai dar certo!
- Obrigada! - Foi o que eu proferi antes que saíssemos do elevador.
- Vai sair caro! - Provocou.
- Eu pago o caro mais o dobro se a gente sair dessa e você fizer o Rangel pedir desculpas publicamente! - Ela parou de andar.
- Mesmo?
- Eu não blefo! - Ela cerrou os olhos pra mim.
- Eu conheço esse olhar Mirella! Você é boa, mas eu estudei pra isso, então nisso eu sou bem melhor. Preparada? - Perguntou assim que paramos em frente a porta. Concordei. - Então se senta e assiste o meu show.
Cara, eu juro que tive que pedir força aos céus pra conseguir me concentrar. A partir do momento em que ela entrou naquela sala, ela se tornou a Doutora Stéfani Bays e porra, ela era muito, muito boa. As três juntas arrasaram em tudo o que fizeram e disseram.
Ao tentarem entrar em um acordo com os advogados do homem, acabou acontecendo uma pequena discussão entre ela e um deles.
Eles não se renderam, mesmo nos vendo oferecer várias vezes mais o valor que passou batido em uma das cláusulas de rescisão, eles não aceitaram.
As três terminaram aquela reunião em um estado de nervo que não era normal e a última frase dita por Rangel a mim antes dele sair foi:
- Te vejo no tribunal!
____________________________________
Oi meus amores!
Gostaram?
Vocês tem algum capítulo favorito?
Os meus são:
O do pedido do namoro delas!
O da chegada da Rebecca.
E esse de hoje. (Porque eu gostei dessa tensão entre elas)
Beijos