As Incertezas da Fortuna

By Noveletter_

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Autora: Marina Orli "Mylène Dupain e Gaspard Orléans estão noivos!" E em meio à nobreza de Chambeaux, os dois... More

Conheça os Personagens!
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19 - Fim da Temporada
Disponível em E-book!

Capítulo 8

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By Noveletter_

Aviso: Essa obra de ficção contém cenas incômodas envolvendo abuso psicológico e gaslighting parental.

__

A noite estava sendo turbulenta para Gaspard.

Não que ele estivesse com insônia, mas seu sono definitivamente estava longe de ser tranquilo. A Romaine do festival parecia ter destrancado uma porta secreta em sua alma, liberando pensamentos abandonados há muitos anos. Deitado em sua cama, mais memórias da irmã surgiram, algumas há muito esquecidas.

Onde elas estavam se escondendo até então? Será que ouvir o nome de Marianne saindo da boca da dançarina tinha sido alguma espécie de encantamento?

Passando a mão em seus cabelos desgrenhados, Gaspard sorriu amargamente ao se dar conta da própria imaginação. Romaines poderiam ter seus truques, suas crenças e superstições, mas todos os feitiços tinham sido perdidos nas areias dos tempos. Forçando-se a parar de pensar sobre essas coisas sem sentido, Gaspard revirou-se novamente em sua cama, conseguindo adormecer somente um pouco antes do dia nascer, quando um estranho sonho o fez voltar a questionar se encantamentos tinham deixado de existir de fato.

No início, parecia mais uma memória do que um sonho: Gaspard estava no festival da primavera com Mylène, assistindo às apresentações, como no dia anterior. Tudo se transformou quando a dançarina entrou em cena. A música lenta e sensual seguida de sua entrada dramática com a fumaça misteriosa eram as mesmas de suas recordações, mas diferente do que acontecera na realidade, Gaspard não estava mais em meio a multidão ou com a noiva ao seu lado. Não, agora ele se via sozinho na praça.

A dançarina continuou a executar seus passos hipnotizantes, como se nada estranho estivesse acontecendo. Até que seu olhar encontrou o de Gaspard e, sem aviso, seus movimentos mudaram e ela se aproximou lentamente, sempre no ritmo da canção.

Observando um pouco mais aquela mulher misteriosa, Gaspard finalmente se rendeu, admitindo a beleza da Romaine. Com sua pele brilhando como ouro queimado, seus cabelos volumosos e cacheados, seus lábios cheios e carnudos, e seus olhos de lince num tom de mel, sem dúvida, ela era uma mulher bonita. E, pela primeira vez, ele se permitiu reparar nas curvas da dançarina. Sua cintura era fina, o que realçava seu busto cheio e parecia um lugar perfeito para entrelaçar as próprias mãos.

Seus pensamentos fizeram com que Gaspard sentisse vergonha de si mesmo. Nunca fora o tipo de homem que se importava com as necessidades da carne. Suas prioridades sempre foram outras, recuperar o nome de sua família sendo a maior entre elas. Ao ponderar sobre seu objetivo principal, pensou em Mylène de imediato e seu constrangimento aumentou mais. Ele era um honrado homem Beau e pretendia continuar com essa postura.

Ainda assim, era difícil manter os próprios valores com a dançarina à sua frente, mexendo seus quadris daquele jeito fascinante. Gaspard não acreditava que sua mente o traíra daquela maneira.

A música acabou e agora não havia nem palco ou praça, eram apenas Gaspard e a dançarina, um de frente para o outro. A proximidade entre eles trazia uma intimidade que deixou o capitão desconcertado. Ela sorriu e, abrindo os lábios, disse:

— Por Kali, os olhos realmente são cinzentos iguais aos da Marianne.

Com o coração acelerado, Gaspard imediatamente despertou. O tom sedutor que a dançarina usara apenas no sonho não saia de sua cabeça. Era um delírio escandaloso.

Todo aquele sonho tinha sido escandaloso.

Ansiava tanto encontrar a dançarina e ter notícias da sua irmã que seu inconsciente lhe pregara uma peça.

— Sim, foi isso que aconteceu — Gaspard falou em voz alta para si mesmo, com o coração descompassado.

Decidido a deixar o sonho de lado, Gaspard se levantou da cama, encaminhando-se até o uma poltrona no canto do quarto em busca do terno que havia vestido no dia anterior. No bolso, ainda estavam os brincos mágicos que pegara "emprestado" da maleta do exército.

Outro ato escandaloso. Mas de que outra maneira uma figura conhecida como Gaspard poderia se infiltrar para encontrar pistas sobre o paradeiro da dançarina num bar cujo dono era Romaine? Seria impossível esconder seus olhos cinzentos sem o par de brincos fazendo esse trabalho por ele.

Poderia vestir uma capa? Sim, sem dúvida. Mas pessoas desconhecidas que pediam informação com o rosto coberto nunca passavam confiança.

E Gaspard precisava que o dono do bar confiasse nele.

Se fosse possível, iria ao Lapin Sauvage naquele exato momento. Tinha pressa e estava um pouco fora de si, ansioso por notícias de Marianne. No entanto, eram sete da manhã e o bar não estaria aberto ainda.

Resignado, guardou os brincos numa gaveta da cabeceira da cama. Em seguida, arrumou-se impecavelmente e deixou a casa dos Orléans para ir à Central do Exército. Era domingo, mas a situação na Maison d'Argent não permitiria que ninguém descansasse até que tivessem mais detalhes do paradeiro de De la Source. O dia inteiro transcorreu como um borrão com pinceladas do sonho que tivera mais cedo, as horas se arrastando até o momento em que finalmente poderia colocar seu plano em ação.

Quando voltou para casa, cumprimentou sua tia Greta distraidamente. Como sempre, ela perguntou:

— Diga-me, meu querido e imbecil sobrinho, você finalmente terminou o noivado e libertou a encantadora senhorita Dupain?

— Sinto decepcioná-la mais um dia, minha querida tia.

Greta riu e tomou mais um gole do seu chá. Era apenas uma provocação, mas sempre havia um fundo de verdade em suas palavras.

Num dia normal, ela daria continuidade àquela troca de farpas tão comum entre eles. Porém, ao encarar o sobrinho por mais alguns segundos percebeu seu olhar perdido e uma ruga característica em sua testa, algo o perturbava.

— Pressinto que hoje não nos veremos no jantar? — ela indagou, já imaginando a resposta.

— Tenho assuntos urgentes do trabalho — Gaspard justificou, dirigindo-se à escada que levava aos aposentos da casa.

— Certo. Apenas não seja mais imbecil que o normal e não deixe de se alimentar.

Ele apenas concordou com a cabeça. Sabia que essa era a maneira dela demonstrar seu afeto. Se não estivesse tão ansioso para ir atrás da Romaine, acompanharia a tia no chá. Quando finalmente entrou no quarto, sentindo que a anestesia do dia finalmente passava, ele olhou para o relógio e viu que o Lapin Sauvage abriria em meia hora. E era lá que estaria.

Gaspard pegou sua roupa mais simplória, uma que sempre deixava de reserva no armário. Ele a vestiu e depois de desarrumar o seu rabo de cavalo tão característico, pegou os brincos mágicos na gaveta, colocando-os nas orelhas. Imediatamente, um frescor conhecido tomou conta de seu rosto, subindo até o topo da sua cabeça. Ao se encarar no espelho, as feições refletidas não eram mais as suas.

Usar essa magia pela primeira vez foi uma experiência assustadora: não reconhecia o próprio reflexo. Porém, acabou se acostumando já que o artefato sempre o transformava no mesmo homem de rosto Beau comum: pele branca, lábios finos e olhos azul-escuros. Perfeito para seus disfarces.

Discretamente, ele deixou a casa dos Orléans. Anton, o cocheiro, já o esperava com uma carruagem mais simples do que a que ostentada com Mylène à caminho do festival: preta, estilo fiacre e sem qualquer brasão nobre, a que sempre utilizava em suas missões. Anton nunca fazia perguntas quando Gaspard pedia por aquela carruagem ou quando usava "máscaras" diferentes, era o homem que o capitão mais confiava.

— Vamos para o sudeste da capital — Gaspard avisou.

Esses momentos dentro da cabine costumavam ser perfeitos para refletir e aperfeiçoar seus planos, mas sua ansiedade bagunçava seus sentimentos e pensamentos. Ainda tentou se concentrar algumas vezes e se frustrou ainda mais. Desistindo, deixou-se levar pelo balanço da viagem, permitindo-se apenas esperar pelo que viria a seguir.

Algum tempo depois, o cocheiro anunciou que finalmente tinham chegado ao seu destino. Gaspard pediu que ele parasse a carruagem naquele mesmo local e que o esperasse. Depois de descer do veículo, iniciou a busca pelo Lapin Sauvage: Gaspard não conhecia a localização exata, mas sabia que o bar se situava naquela região.

Andando por algumas ruas e travessas, o som característico da música entrou em seus ouvidos. Segundo as leis do país, apresentações musicais eram permitidas apenas em recitais e peças, comemorações, festivais e em locais fechados. Não existia nenhum teatro por ali, o dia era apenas um dia comum, o festival fora cancelado, e bodegas e tavernas Beau de respeito não tocavam música, o que significava que a melodia estava vindo de algum estabelecimento de classe baixa.

Seguindo essa pista, ele se encontrou em frente ao bar. Na entrada era possível ver uma bandeira Romaine pendurada, assim como o símbolo que dava nome ao local: uma lebre selvagem.

Como sempre, ele reprovava qualquer bandeira que não fosse a de Chambeaux. Porém, ali ele não era Gaspard, o orgulhoso Capitão do Oeste e atual Marquês de Orléans. Ali, ele era apenas um Beau comum em busca da dançarina do festival da primavera. Repassando o plano pela cabeça, Gaspard ajeitou suas feições para combinar com as de um homem "apaixonado" determinado a ver sua "amada" mais uma vez para declarar seu "amor eterno".

Após colocar a expressão necessária, Gaspard finalmente entrou no estabelecimento. O bar estava aberto há quinze minutos e já estava cheio. Olhando mais atentamente, ele notou que o público consistia basicamente de Romaines, uma cena bem incomum para o segundo dia de festival, ainda que o dono do bar fosse de origem romani. Durante os dias do evento, a maior concentração de Romaines era no local onde ocorriam as festividades, mas ele fora suspenso devido à explosão e às buscas pelo De la Source.

As chances da dançarina estar ali no Lapin Sauvage aumentaram significativamente.

A possibilidade de encontrá-la de verdade dera um certo ânimo à Gaspard, contudo seu olhar clínico não encontrou quaisquer sinais dos cabelos cheios e da silhueta interessante.

Silhueta interessante?

Era imprescindível acabar logo com tudo aquilo para afastar os pensamentos insanos de uma vez por todas. Com isso em mente, ele se dirigiu a um senhor que estava escrevendo algo perto do que parecia ser o caixa do recinto.

— Bonsoir. — Gaspard optara por usar o "boa noite" na língua antiga de Chambeaux, já que era um hábito comum entre as classes mais baixas do país. — Eu preciso falar com o dono do bar. Ele se encontra?

— Se quer negociar fiado, rapaz, nem tente. Hoje é domingo e não estou de bom humor— o senhor disse sem tirar os olhos do papel.

— O senhor é o dono?

Naquele instante, o homem à sua frente levantou a cabeça para encará-lo. Ele tinha todas as características romani e em seu rosto já haviam sinais de uma pessoa que carregara anos de vida nas costas.

— Vejo que o senhor é novo por aqui também. Sim, sou o dono do bar. Francisco, mas aqui na capital me chamam de Francis. Bem mais Beau, não é mesmo? — comentou com deboche.

Gaspard não sabia como responder àquela provocação, então apenas assentiu. Felizmente, Francis continuou a conversa e perguntou:

— Diga, por que está me procurando?

— Soube que apenas você poderia ajudar este homem apaixonado. Procuro a dança-

— Por Kali, todo ano é essa mesma ladainha! — Francis exclamou revirando os olhos. — Pensei que dessa vez passaria, com a suspensão do festival. Vocês Beaus adoram desprezar a gente, mas não podem ver uma Romaine que se esquecem disso — afirmou com desprezo.

O ofício de Gaspard exigia um bom nível de atuação, então mesmo ao fumegar de raiva por dentro com o comentário de Francis, sua expressão de bobo apaixonado não mudou. Ainda assim, como ele ousara dizer aquilo dos homens Beaus? Afrontar sua honra e dignidade? Como se atrevera a insinuar que ele havia se encantado com uma Romaine daquela forma? Nem todo mundo era controlado pelos prazeres da carne.

— Francis, me diga, onde posso encontrá-la? — Gaspard colocou um toque de desespero em sua voz para soar mais convincente.

O dono do Lapin Sauvage soltou um som de reprovação com um estalo de língua, seguido de um sorriso irônico.

— Persistente, hein? É o seu dia de sorte, Beau. Boa parte das caravanas só vai deixar a capital durante a madrugada, inclusive a de Teresa.

— Teresa... — Gaspard repetiu o nome sem pensar muito. — É assim que a dançarina se chama? É um lindo nome — ele se surpreendera ao reparar que sua última constatação não era atuação.

— Está apaixonado mesmo, hein, Beau? —Francis gargalhou diante da reação de Gaspard. — Tome um trago de xerez, fique mais um pouco por aqui — convidou. — Como disse, hoje é o seu dia de sorte. Teresa logo aparecerá para fazer uma última apresentação. Caberá a você lutar para ter um minuto da atenção dela, confie em mim.

O coração de Gaspard acelerou. Mal acreditava na própria sorte. Ele pensou que ir ao Lapin Sauvage lhe daria apenas uma pista para encontrar o camp da dançarina, não imaginava que agora teria a oportunidade de perguntar sobre Marianne.

Esquecendo sua indignação anterior e grato pela informação, Gaspard pagou pelo xerez oferecido e saiu em busca de um lugar que desse uma visão privilegiada do pequeno palco improvisado no canto do bar.

Para não perder o foco, ele decidiu que tomaria apenas um trago da bebida, entretanto, um acabou se transformando em quatro com direito a uma rodada de quitutes romani de aparência duvidosa, em sua opinião. Experimentou uma das comidas relutantemente, mas acabou gostando. Não lembrava de ter tomado café da manhã, talvez aquela tivesse sido sua primeira refeição do dia. Ele simplesmente não sabia mais.

E ele também não saberia dizer que horas eram quando Teresa finalmente subiu ao palco do Lapin Sauvage para se apresentar. Acompanhada de quatro músicos, uma música agitada começou. Gaspard esperava pelo espetáculo de dança, mas foi surpreendido: Teresa estava ali para cantar.

Ao seu redor, Romaines executavam passos que pareciam conhecer há anos. Os que não se arriscaram no baile, cantaram com Teresa. Os outros, os poucos Beaus que estavam no bar, batiam palmas no ritmo enquanto admiravam a apresentação. Existia no ar uma energia diferente de tudo que Gaspard já sentira.

Teria sido isso que Mylène descrevera no festival?

Três músicas depois, Teresa agradeceu a plateia com uma reverência e desceu do palco. Gaspard sentiu suas mãos pinicando com uma leve ardência, não tinha se dado conta na hora, mas provavelmente também tinha batido palmas no ritmo das canções. Era impossível não participar. Foi essa sensação que fez com que Gaspard se sentisse sóbrio novamente e pronto para a ação. Decidido a não perder mais tempo, ele foi em direção à Teresa. Entretanto, não conseguiu avançar no caminho e, de repente, a frase sobre lutar pela atenção da Romaine fez sentido. Muitos admiradores e admiradoras a cercaram, impedindo que ele se aproximasse mais. Uma angústia ameaçava tomar conta de seu ser, mas sua mente perspicaz formulou um plano, que apesar de imperfeito, seria sua melhor opção.

Virando-se em direção à porta do bar para sair do recinto, Gaspard sentiu a brisa fresca da noite batendo em seu rosto, percebendo o quão quente estava no interior do estabelecimento. Ele estava com sede por conta do calor, da agitação e dos tragos de xerez, mas não tinha tempo para pensar nas suas necessidades fisiológicas.

Após circular pela construção onde o Lapin Sauvage se localizava, Gaspard encontrou as portas do fundo do bar. Teresa e os músicos não entraram pela entrada principal, então era provável que sairiam pelo mesmo lugar. Depois de vinte minutos de espera, uma porta se abriu e Teresa surgiu, confirmando a suposição de Gaspard.

O tempo que tivera para se preparar não parecia ter sido o suficiente e, ao contrário do que imaginava, ele não conseguia sequer dar um passo à frente. As perguntas que precisava fazer estavam todas na ponta da língua e as respostas sobre Marianne estavam diante dele, a menos de dois metros de distância.

Ainda assim, Gaspard estava paralisado.

Felizmente, Teresa o notara parado ali na meia luz e se aproximou.

— Ah, você deve ser o Beau apaixonado que Francis comentou! — A Romaine falou colocando as mãos na cintura. — Até tentei te avistar do palco, mas vocês Beaus são muito parecidos.

Parecidos.

Imediatamente Gaspard se lembrou do artefato mágico que o fazia parecer com um Beau comum. Soltando um dos brincos da orelha, o frescor de magia desceu até o pescoço. Ele não conseguia se ver, mas podia conceber a imagem distorcida que criara com metade de sua face mostrando sua verdadeira aparência e a outra, apresentando os traços de outra pessoa.

— Por Kali! — Teresa exclamou, reconhecendo o olho cinzento. — O rapaz do festival? Magia? Como...? — A confusão era aparente em Teresa.

— Vamos deixar a magia de lado por enquanto — Gaspard disse, colocando o brinco de novo. — Ontem você falou um nome. "Marianne".

— Sim, falei. Ela é uma Beau que chegou no nosso camp há quatorze ou quinze anos.

O tempo batia com o desaparecimento de sua irmã.

— E... como ela é? — perguntou Gaspard tentando conter a excitação de sua voz. — Alta? De cabelos castanhos como os meus? Com o olhar gentil e cálido, apesar do cinza frio dos olhos?

— Sim! — Respondeu sem hesitação. — Essa é a Marianne!

Não havia mais dúvidas, Teresa falava de sua irmã.


Continua...

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CRÉDITOS
Autora: Marina Oliveira
Edição e Preparação: Bárbara Morais e Val Alves
Revisão: Bárbara Morais e Val Alves
Diagramação: Val Alves
Ilustração: Fernanda Nia

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