Capítulo 11

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Aviso: Essa obra de ficção contém cenas incômodas envolvendo abuso psicológico e gaslighting parental.

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— Heloise... O que está acontecendo? Quem são essas pessoas? — Mylène ignorou completamente como De la Source a recebeu, apesar de ter ficado satisfeita ao ser chamada de médica.

— Confesso que também não sei... — Heloise disse, fechando os olhos e massageando as têmporas. — Minha única certeza é que cometi um erro ao comentar com Theo sobre De la Source estar no Refúgio.

— Não foi um erro, querida irmã. Você fez a coisa certa! — Um rapaz com a mesma cabeleira loira de Heloise deu um passo à frente do grupo que rodeava o rebelde. — Você deve ser a senhorita Mylène, certo? Henri não parou de falar de vo-...

Uma tosse alta interrompeu a fala de Theo.

— Teremos que nos preocupar com uma pneumonia também, De la Source? — Heloise perguntou com uma falsa preocupação enquanto revirava os olhos.

— Theo, pode encher a jarra de água para nós? — De la Source pediu de repente, ignorando-a.

Theo deu de ombros com um sorriso, dirigindo-se até a pia para atender o pedido.

Mylène ainda estava confusa demais para assimilar o que estava presenciando. Ela se virou novamente para Heloise antes de comentar:

— Quer dizer que você falou que De la Source estava aqui para o seu irmão e...

— E hoje de manhã ele e mais essas pessoas bateram à porta do Refúgio. — Num gesto nada discreto, Heloise apontou para todos os "visitantes". — A vontade foi de deixá-los do lado de fora, mas fiquei com medo de chamar atenção da vizinhança — Heloise completou com um suspiro. — Desde então, eles não param de discutir sobre como precisam encontrar mais pistas relacionadas àquele caso de pessoas desaparecidas. Francamente, o governo deveria se envergonhar! O De la Source está mais interessado em descobrir o que aconteceu e, talvez, resgatar essas pessoas do que o próprio governo!

— Heloise! Shhh!— Uma moça que aparentava ter a mesma idade que ela a repreendeu, colocando o dedo indicador na frente da boca.

— Poupe-me, Janice — disse Heloise revirando os olhos mais uma vez. — Se vocês estivessem tão preocupados assim, não estariam discutindo tudo isso aqui. E se Mylène não fosse de confiança, Henri sequer estaria aqui. Ele estaria na prisão!

Janice abriu a boca para responder, mas sua resposta nunca veio. Três batidas foram ouvidas na porta do Refúgio e, imediatamente, todos se calaram.

— Se espalhem e ajam naturalmente — Heloise ordenou antes de atender a porta.

Todos respiraram aliviados quando, segundos depois, a figura minúscula e delicada de Tanya entrou sem nenhuma cerimônia com algumas sacolas cheias de pães e frutas.

— Foi tudo que consegui comprar! — ela disse ao repousar os alimentos em uma maca vazia. — Ué, Mylène?! Que milagre é esse vê-la aqui a essa hora? — comentou, finalmente reparando na nova chegada.

— Digamos que consegui um passe livre durante esta semana — Mylène respondeu prontamente. — Pensei em aproveitar esse tempo para estudar e cuidar do meu paciente, mas acho que me enganei.

— Pausa para o almoço! O paciente precisa ser examinado! — De la Source avisou convenientemente.

O sorriso em seu rosto demonstrava que sua sugestão não era uma coincidência, mas ninguém contestou a ideia, optando apenas por ir até a maca com a comida. Mylène também precisava se alimentar, entretanto o dever a chamava. Ela perguntou para Heloise como estava a queimadura de De la Source e a colega fez um breve resumo dizendo que tanto ela e Tanya estavam limpando a área danificada e que, apesar de ainda ser muito cedo para afirmar, a recuperação dele parecia progredir bem, não havendo sinal de pus nem febre.

As Incertezas da FortunaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora