A Origem de Gênesis

By maryabade

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Gênesis tinha vários objetivos para o seu ensino médio, bem organizados em uma to do list. Só que alguns, em... More

Nota sobre a não-binariedade de Jacques
Rádio Submersa: Nova Atlântida
Entrevista com: "A salva-vidas"
Entrevista com: "A cheerleader"
Bem-vindos a Nova Atlântida
Primeiro Ato
1 - Políticas Invisíveis
2 - Garotas Prodígios
3 - Salva-vidas Caninos
4 - Animais de doce
5 - Apostas de corrida
6 - Pedidos de Desculpas
7 - Frases de efeito
#1 - Rádio Submersa: Pangen? Nathan é gay?
Segundo Ato
8 - Caçadores de Medos
9 - Melhores Violinistas (e ciúmes)
10 - Malditas coincidências
11 - Últimas Opções
12 - Capivaras Domésticas (#DiaDoOrgulhoLésbico)
13 - Boca a boca (#VitoriaDay, rs)
14 - Garotas de toalha
15 - Restaurantes Franceses
16 - Políticas Visíveis
17 - Palavras não ditas
18 - Patos de Borracha
Entrevista com: "A (ou o) locutora"
#2 - Rádio Submersa: Jacques é uma mal amada
19 - Palavrões
20 - Anéis de Brinquedo
21 - Sáficas
#3 - Rádio Submersa: Rapidinho, tem mais.
Terceiro Ato
22 - Maré Baixa
23 - Parentesco #JulinhaDay
24 - Colares da Amizade
25 - Presentes natalinos
26 - Lar
27 - Encontros Românticos
28 - Pansexual
29 - Espuma
30 - Pangen
31 - Péssimas Amigas
32 - Famílias Minúsculas
33 - Violinos (e vínculos) quebrados
34 - Coberturas (e garotas) lésbicas
36 - Caixas de Panetone
37 - Dia de São Nunca
Rádio Submersa: Eu, Gênesis Salvador
38 - Unanimidade
39 - Família Grande
40 - Gênesis
Bônus: A Origem de Primeiros Beijos

35 - Atos de Amor (e Atlantis, de novo!)

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By maryabade

Alexandre topou. Sem questionamentos.

Ele não disse absolutamente nada. Nem pediu exatamente mais detalhes sobre o que faria lá. Alexandre simplesmente topou. Não só fez isso como pagou o almoço, o que prova muito bem o que sua aparência de engomadinho diz. Mas o problema gigantesco está em algo que não parece ser a única nem a melhor solução, mas que anima as garotas a me ajudarem. Rebecca pediu emprestado uma lace da mãe dela. Uma lace tão preciosa que foi a mãe dela que veio com os braços cruzados fazer uma discussão sobre o preço e que em hipótese nenhuma deveria fazer qualquer tipo de destruição, por menor que seja.

Sim, eu também prometi que iria pagar, mesmo tendo absoluta certeza que não, eu não tenho dinheiro para pagar algo com fios humanos e que soa tão real que me sinto como se tivesse uma pessoa acima de mim.

Exagero. Rebecca não sabe colocar então é Eos que faz o procedimento. Ela prende meu cabelo, de um jeito que nada fique saindo do lugar e usa uma touca que Morgana conseguiu. A animação de Morgana me maquiando é tão grande que duvido que isso seja realmente necessário e que não esteja sendo usada de cobaia. Tipo, parando pra pensar, eu não sou a única garota de cabelo verde e teria passado despercebida.

Mas óbvio que ninguém topou simplesmente ir.

Eos cobriu minhas sardas. Morgana passou batom e rímel. É como um programa de televisão em que vai puxar uma cortina dizendo como ela mudou. E será drasticamente.

A peruca é extensa. Ondulada. Um tom de castanho claro, bem mais que o meu tom natural. Mesmo assim, soa natural e em um encaixe em mim. Quando olho no espelho, é como se eu estivesse no corpo de outra pessoa. Se eu sorrir, os dentes separados me lembrarão quem sou. Meu caminhar também lembrará quem eu sou. Mas tirando os pequenos detalhes, sou alguém diferente.

E o que visto é a típica vestimenta de alguém que acabou de sair de uma festa em um barco caro. E elas são de Sue, a ainda namorada do meu pai.

— Vocês querem um lanchinho? — meu pai pergunta, tirando os fones de ouvido e virando o rosto de onde está, com o computador.

— Tô bonita, pai?

— Natural, minha filha é melhor — retruca enquanto Morgana e Eos negam.

É uma mentira. É óbvio que estou mais bonita agora, com esse cabelo falso e esse rosto que está quase pesando. Mesmo que, sendo sincera, eu prefira me olhar no espelho sem tudo isso.

— Esse porte de modelo. — Sue diz, sorridente. — Não que já não tivesse, mas aqui... produzida, tá incrível.

— Estou sentindo que se me empurrarem, isso tudo vai cair. Tipo, eu virar pedacinhos.

— Você está básica, Gênesis.

Básica. Básica. Uma lace, base por todo canto e uma roupa que eu nunca usaria. Céus, eu nem quero ver como essa base se comporta no calor.

Mas os mínimos sorrisos de Eos enquanto Morgana sorri de cabo a cabo me põe uma dúvida certeira na mente. Eu não sei se estou parecendo uma palhaça ou se elas duas acham divertido bancar o "preparando uma espiã". Isso pra evitar que estou com inveja das duas estarem se divertindo juntas, às minhas custas, com afetos de namoradas no percurso.

— Acho que concordo com Rebecca sobre isso ser quase uma falsidade ideológica.

— Você não mudou tanto quanto acha, boba. É só que você está tão acostumada que tá achando tudo diferente, mas pra gente você tá gritando Gênesis Salvador ainda.

— Então por que tô assim?

— Porque eles não conhecem você. E talvez a única descrição deles seja garota de cabelo verde cheia de sardas — Eos explica, se encostando na parede, como se quisesse ver mais de longe.

— Eu nem sei como você passou base direitinho se nem usa maquiagem.

— Como você acha que a vó só sabe de uma tatuagem? Eu também nunca usei lace — diz, com um sorriso de canto. — Você já sabe como vai dizer ou como vai chegar nesse cara?

— Não. Não. Tipo, eu sei que não vou soar exagerada ou ser invasiva porque isso pode prejudicá-la, mas não sei um plano correto. Tipo, certinho.

— Você não pode dizer que ela é a melhor do mundo, mesmo que seja sua cara dizer isso. Todo mundo chega dizendo que é. Precisa juntar as qualidades, você não é a experiente em música, mas sabe o modo como ela é boa e o esforço que ela tem, não é?

— Não o interrompa. Pessoas com tanta influência em algo costumam ser insuportáveis. Um ar de soberba. Talvez ele não aceite, de todas as formas, mas não interrompa o almoço dele — Sue diz, em mais uma dica.

— Não vou interrompê-lo. Mas não sei se sobrevivo assim até lá. Tá calor. — Abano com a própria mão. — E eu ainda vou subir Nova Atlântida inteira até Atlantis? Fala sério. Parando pra pensar, foi uma sábia decisão ter cortado o cabelo. Eu não me lembro de cabelo grande ser tão... calorento.

— Você sabe o nome dele?

— ...não? Eu sei que ele é um cara bem velho, idoso provavelmente. Que ele é barbudo. Provavelmente branco e boa pinta. Vai ser fácil, os músicos são esnobes e não vai ser difícil diferenciar uma pessoa de um músico.

Morgana cai na gargalhada. Eos até esboça, desviando o olhar. Eu franzo o rosto antes de entender a piada.

— Não é isso que quis dizer. Tipo, eu vou diferenciar um músico de um não-músico, tá bem?

— Boa sorte, Gênesis. Você está perdida.

— Não estou. Vocês verão.

— Pergunta o nome dele. Como tu vai chegar sem ao menos saber o nome?

Ela está certa, mas é tarde demais para mandar uma mensagem para Jacques perguntando o nome. Principalmente quando alguém bate na porta e tenho certeza que é Alexandre — o que óbvio se concretiza. Quando Sue abre a porta, é só então que percebo que papai nunca viu o namorado da minha mãe. Ele franze o rosto, observa bem o rosto jovial dele, como se quisesse sugar tudo.

Só que, bem, não há problema algum ir a Atlantis com Pandora. Mas há problema em ir com o namorado da mãe, principalmente quando soa algo firmado agora que ela está grávida. E nem dá pra contestar dizendo que eles também se desentenderam quando mamãe engravidou de mim.

Então meu pai olha pra ele, olha pra mim, soa pensativo e suspira.

— Me avise, qualquer coisa — diz, em decreto final. — Se comporte, Gênesis.

Eu não sei se é o quilo de maquiagem ou a peruca, mas eu me sinto com menos medo em entrar em Atlantis dessa vez. Eu estou mais inserida. É bem possível que alguém se levante da mesa e esteja com a mesma roupa que a minha. Alexandre está com as mãos na cintura, observando tudo com a sua primeira ida. Atlantis não é a melhor opção de todas, mas é muito melhor de noite. À vista. O toque. Não que isso seja importante agora, mas é menos intimidador de manhã. Um homem nos acompanha, orientando até a mesa. Não tive isso com Pandora. Ele diz que em breve vai trazer o cardápio e quem mais fala é o namorado da minha mãe — não é como se o garçom tivesse dirigido a palavra alguma vez pra mim.

Suspiro. Eu disse que seria fácil encontrar, mas acho que 80% das pessoas que estão aqui são homens idosos. Sim, nenhum está próximo da idade do Alexandre. Se fosse possível, eu estaria fazendo um giro de 180° graus pelo lugar inteiro para tentar decifrar quem é. Alguns estão com mulheres que parecem bem mais próximas da minha idade do que das deles. A maioria sérios ou com aquela postura de quem se sente superior.

— Não chegou? — Alexandre pergunta.

Acho que ele está absorvendo a peruca ainda. Ele não disse nada, nem perguntou o porquê.

— Não sei.

— Como não sabe? — arqueia as sobrancelhas.

— Não faço a mínima ideia de como ele é. Mas eu vou descobrir até o final — sorrio amarelo.

— O nome dele?

Não sei.

— É um bom plano — Alexandre suspira enquanto um cardápio é posto na mesa. — Você pode escolher.

Eu devolvo a responsabilidade. Ele escolhe. Continuo olhando para cada pessoa desse maldito lugar. Absorvendo cada gesto para tentar deduzir quem é. Alexandre até mesmo riu da minha atitude. Ele parece conter a risada alta quando digo que os músicos se diferenciam. É óbvio que é uma desculpa esfarrapada enquanto olho para o celular para saber se Jacques já respondeu. Não respondeu. Eu troco o peso das pernas o tempo inteiro.

— Eu talvez não tenha me atualizado muito bem, mas isso é um ato de amor para sua amiga? — pergunta, curioso e tentando encerrar o silêncio da mesa.

— É um ato de amor que é mais do que só romântico.

— Todos são. A superficialidade de um amor romântico faz com que as coisas não durem.

Franzo o rosto. Um amor romântico?

— Então todos devem se apaixonar por melhores amigos?

Bem, já viu aqueles casais que parecem se dar bem, se casam e dois meses depois não estão mais juntos? Eles não são amigos e nenhum relacionamento dura só com... "coisas românticas" e sabe. — Ele faz aspas com as mãos. — É óbvio que namorar ou casar com alguém requer amizade. Então acho que sim, todos devem se apaixonar por melhores amigos ou torná-los assim.

Eu dou risada.

— Eu não acho que fui uma boa amiga dessa vez. Não vai rolar algo de novo, romanticamente. Na verdade, preciso confessar que acho que quando ela se resolver com a música, voltaremos ao que fomos nos últimos três anos. Nada.

— É? E você tá lidando tão madura assim? — pergunta, sem colocar nenhum crédito.

É óbvio que não. Mas eu sempre fui boa em fingir que na minha mente está funcionando como deveria ser. Inventar uma resposta minha que, tampouco, parece com o que estou sentindo no momento.

É que... posso ser sincera? É uma merda. Uma grande estupidez. Eu respiro fundo, escuto todo mundo e finjo que estou tentando lidar coerente e cheio de aprendizado, mas não é justo comigo nem com a Pandora. Eu sei que é culpa minha e eu sei o que fazer, mas isso vai contra tudo o que eu sempre fiz.

— O que você sempre fez?

— Eu nunca fui egoísta a ponto de fazer tudo pra ficar com a garota que eu quero. Não estou falando no sentido literal. E nem só sobre Pandora. É só um exemplo de algo grandioso que nunca ousei fazer, por mim.

Um pigarreio nos faz parar. Eu olho, um garçom sinaliza que eu estou falando alto, mesmo que não esteja. É só uma conversa normal em um lugar silencioso. Olho para todos os lados, esperando que uma nova figura apareça e seja o tal músico.

— Juntando a minha personalidade idiota que foge da resolução dos problemas porque o caminho até lá parece difícildigo, mais baixo e quase inaudível. — Eu sei o que fazer, mas é bem mais difícil quando envolve só eu e nunca parei pra pensar assim.

— Não quero soar patético, nunca tive muitas aventuras adolescentes.

— Você tem cara disso. — Ele ri.

— É, mas se eu perco o celular, refaço o caminho que percorri pra ver onde eu me distraí. Não tenho muita lição de moral pra dar, não. Nem conselho. Mas acho que refazer o caminho, mentalmente, é um bom ponto. Nenhuma amizade que alguém se oferece pra pagar um almoço em lugar absurdamente caro só pra ajudar a amiga é tão nociva assim.

— Eu posso estar fazendo isso pra diminuir a consciência pesada.

— Você sabe que não. Você mesma disse, ela tem chance de nunca mais falar contigo se conseguir ir embora. Duvido que você queira isso.

Exato.

Ele não aparece. Tamanha frustração. O tempo de mesa acaba e precisamos sair porque já está alugada para outra pessoa. Talvez ele seja um dos caras de cabelo branco com mulheres jovens. Ou no canto, com uma senhora com o pescoço em um colar de pérolas que pensei que só existissem em filmes. Ter vindo com Pandora aqui foi péssimo, mas é impossível não notar que os garçons foram mais gentis com Alexandre e palpitaram que eu era a namorada modelo dele. Patéticos.

Eu juro que tentei. Ele provavelmente deve ter desistido de gastar seu dinheiro em um lugar com uma comida tão sem graça como essa. Ou Jacques se confundiu. Não sei. Não é como se tivesse 100% de certeza que ele fosse me escutar e dar uma segunda chance. Pessoas do alto sempre se esquecem como subiram, se é que não chegaram assim. No topo. Acho que até Alexandre está um pouco frustrado depois de um pouco de esperança. Não é como se Pandora não fosse talentosa o suficiente para ter outras chances.

— Vicente? — Alexandre interrompe o silêncio dos nossos passos. — Professor! Há quanto tempo.

E céus, é um maldito músico. A barba esbranquiçada em contraste com a pele negra, como dito. Ele sorri como se fosse aqueles professores simpáticos que ficam orgulhosos que alunos antigos lembram dele. Eu sorrio involuntariamente pela chance. É óbvio que é ele.

— Alexandre, já encontrou sua praia? — pergunta, curioso.

— Encontrei — Alexandre responde, sorridente. — Infelizmente não é a música, mas eu conheço alguém que é. Na verdade, ela conhece. Era você que tinha marcado um teste com alguém, não era?

Por favor, sim. A gente não precisa ter dois músicos visitando Nova Atlântida.

— Pandora Verona. Desistente.

— Posso falar contigo? — peço, uma falta de educação talvez. — Eu sou a Gênesis, melhor amiga dela. Só preciso de alguns minutos.

— Eu tenho uma reserva agora.

— A comida de lá não é tão boa, eu juro que conheço um lugar melhor e pago. Só preciso de uma conversa. Só vou te alugar um pouco.

Alexandre ri. O homem olha pra ele, sem entender.

— Por que não?

É claro que tem muitos porquês que justifiquem responder não. Eu não digo isso, apenas tento apaziguar minha ansiedade até chegarmos no restaurante da Anastácia. A maior nota daqui. Ele se senta em uma das mesas, Alexandre fica lá fora e eu tento não soar uma idiota dizendo que não estou com fome (porque eu comi uma comida mediana e minha ansiedade preencheu o resto). Não tinha um plano. Não sei o que exatamente vou falar, mas ele já é uma boa pessoa por me deixar chegar até aqui.

Tudo bem. Não soar como se Pandora fosse a melhor do mundo, mesmo que eu ache isso. Ter modos. Não estragar a visão que ele tem de Pandora sendo uma idiota. Pelo amor de Deus, deveria ter feito alguma coisa. Ótimo, seja imprudente, Gênesis.

— Seu Vicente, Pandora não é a melhor violinista do mundo. Ela é pra mim, mas eu não sei nada sobre a parte técnica. Só que... o que ela toca é bom. Muito bom. Você precisa ver! Ela não é a melhor ainda. Pandora não é só boa, ela é disposta a conseguir o que quer e o sonho dela é conseguir uma bolsa para estudar música.

Pauso. Estou falando rápido demais. Ele faz sinal para que eu prossiga.

— Ela tinha algo marcado com o senhor. Uma pessoa idiota destruiu o violino dela e impediu isso de acontecer, não sei se você vai dizer sim. Não sei. Mas não é justo que outras pessoas tirem a chance dela.

— Sinto muito, eu não tenho um violino comigo. Vou voltar hoje a tarde, é um prazo muito curto para encaixar algo. Já não é um teste convencional, é bem difícil encaixar de novo.

— Violino não é um problema. Por favor. Você pode se reservar no direito de odiar, mas deixe um pouco de tempo para ouvi-la tocar.

— As audições gerais acontecem no começo do ano.

Por favor. É importante. Ela se preparou pra esse momento, onde você a escuta aqui. Por favor. Qualquer minuto.

Ele olha o relógio. Meus olhos devem gritar que eu vou incomodá-lo por mais tempo se negar. Solta um suspiro.

— Ela pode às três? Aqui?

— Farei o possível. Muito obrigada — digo, me levantando da mesa no mesmo segundo. — Por favor, de novo, dê uma chance.

— Não posso perder o voo, não se atrase.

— Nenhum segundo.

Eu espero. Falar com Pandora sobre isso ainda é um problema. Pegar o violino também. Anastácia me vê de longe enquanto eu caminho para fora, passando pelo mural de informações.

Procura-se cozinheiro auxiliar.

Primeiro passo, pegar o violino.

Mas acho que não é um bom momento para entregar o meu. É por isso que desvio a rota em direção a casa do Nathan. Acho que nunca torci tanto pra algo se concretizar e ele estar em casa. Estou tentando seguir aquele conselho de atrair o que se falar. Implorando pra dar certo também. Nathan normalmente está em casa, será que ele não pode estar hoje também? Sem contar que depois terei que encontrar Pandora e não faço a mínima ideia de onde ela está, muito menos duvido que ela esteja interessada em interagir comigo.

— Nate! — o chamo antes de tirar o celular do bolso.

[ei, ta em casa???? Enviada às 13:32.]

[preciso do seu violino. Enviada às 13:33.]

— Nate?

Nat. — A garota pigarreia, abrindo a porta e fazendo uma correção para o seu apelido. — Ele saiu.

— Vai demorar muito?

[nate: Cuidando bem dele ;). Enviada às 13:34.]

— Pode me entregar o violino dele? Ele deixou — mostro a tela do celular. — É importante.

Último passo. Que Pandora aceite sem qualquer coisa.

Ela pode estar brava comigo, mas é mais coerente do que eu pra perder a oportunidade. Pelo menos, espero. Vou primeiro na praia porque é mais próximo da rota, o violino na caixa está na minha mão direita. Estou ignorando a possibilidade de Pandora ficar furiosa por eu ter ido falar sobre ela sem sua autorização. Muito grande, aliás.

— Liliane, você viu Pandora? — pergunto, para outra visitante assídua na praia.

— Acabou de chegar.

— A expressão dela está...?

— Mais desanimada que o comum, não tão ruim. Ontem ela assistiu uma maratona comigo de vídeos, então não está tão ruim ou não suportaria.

— Valeu.

Cais. É pra lá que vou. Se ela chegou, está na sala de manutenção. Vou avisar e entregar o violino. Só isso. Assim vai ser rápido pra ela se organizar e eu não vou parecer uma idiota.

Não está na sala de manutenção mas está no fim do cais, a rapidez que eu caminho faz com que o barulho na madeira a chame sua atenção. Ela parecia estar fazendo algo no pulso, deslizando a mão e é isso que me faz nota que a lua voltou para o seu braço. Mas uma lua nova, o tom mais reluzente de novo. Foco. Pandora não me odeia tanto assim.

— Gênesis? — pergunta, me lembrando do quão diferente estou.

Respiro fundo, ignorando esse ponto para não morrer de vergonha agora e focar no importante. O importante é que ela tenha o suficiente para apresentar o que sabe.

— Não me odeie por isso, mas eu conversei com Vicente. Implorei por outra chance, que você não teve coragem. É o violino do Nathan e você está autorizada a usar. Por favor, nem hesite em negar. Ele vai embora hoje então tem uma hora pra ir ao lugar que vocês marcaram e mostrar o que você sabe. Sei que tu vai bem então nem ouse pensar em outra possibilidade que não seja ir.

Ela me olha enquanto eu coloco o violino entre a gente.

— Boa sorte, Pandora. Você mais do que eu o quanto é boa nisso.

OIIIIII, PESSOAL! Pra quem não acompanha no Twitter, a semana inteira venceu (nem um pouco manipulada *cof cof*) e a gente vai ter uma semana inteirinha de Gênesis, com atualizações todos os dias! Além disso, vai rola interação e neste momento tá rolando um post de curiosidades sobre Gênesis, mas rola outras coisas bem legais. Se você tem Telegram, ainda pode participar do chat de transmissão com novidades e outras bobeiras não muito relevantes.

Aliás, estão preparados para o fim de Gênesis? Como está por aí? Tudo certo? Faltam 5 capítulos e uma rádio! Espero muito que estejam gostando, mesmo que os capítulo estejam um pouquinho menos cheio de novidades.

No mais, no próximo capítulo temos boia de patinho, uma conversa no mar e resolver logo a maldita lista de desejos. A gente tá perto, pessoal.


Amo vocês, a gente tá chegando em 47k de visualizações. MUITÍSSIMO OBRIGADA!!!!!!!!! ❤️

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