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- Ligaram lá da portaria que tem encomenda pra você.- Mamãe avisou usando um tom desconfiado.- Você já voltou com aquela mania de comprar coisas pela internet?

Além de desconfiada, a mais velha estava preocupada. A não muito tempo atrás, tive problemas devido as grandes compras online que eu fazia, para preencher o vazio que sentia. Óbvio que passou a ser algo grave, pois acabei usando os meus cartões e os dos meus pais, fazendo dividas altas. Foi necessário idas a terapeuta, participar de grupos de apoio, para enfim ter o controle da situação.

- Não mãe, um amigo mandou umas coisas pra mim, juro pra você.- Respondi me defendendo.

- Tudo bem Rosa, vai buscar.- ordenou.

Calcei minhas havaianas e saí do apartamento, indo direto para o elevador. Cumprimentei um morador que já estava lá e segui viagem até a portaria. Peguei a caixa que estava consideravelmente pesada, dando meu jeito de ir com aquilo de volta para o apê.

- Tem alguma coisa pra mim?- Amarílis perguntou curiosa.

- Se você gosta de comida vegana, acho que tem.- respondi cortando o lacre da caixa.

- Eca.- a pequena fez menção de vômito.

- Que amigo é esse ?- dona Alana sentou-se no sofá e começou a tirar as embalagens de comida da caixa de papelão.

- Se eu te contar, você não vai acreditar.- Ainda não havia falado com ninguém sobre Diego ter respondido minha mensagem no TT, nem mesmo para Paula, já que ela estava ocupada demais, pensando em como pedir a namorada em casamento.

- Me conta, porque você despertou a minha curiosidade.- mamãe cruzou os braços e me encarou.

- Sabe o goleiro do Flamengo que você disse que as chances da gente se conhecer eram mínimas?- mamãe arregalou os olhos, mas continuou calada.- Ele me respondeu no Twitter, daí eu falei sobre a minha promessa de passar um mês sem comer carne e ele resolveu mandar essas comidas pra mim.

- Sério? Rosa Maria, você deu nosso endereço a um estranho?

- Mãe, ele não é um assassino ou algo do tipo.

- Mesmo assim, nós não o conhecemos.

Ela se levantou do sofá, e seu rosto demonstrava raiva. Já vi que terei problemas com ela, minha mãe acha que vou passar pelos mesmos problemas que ela passou com meu doador de DNA. E olha que Diego só havia mandado alguns alimentos, não era nada demais.

Resolvi a ignorar e guardar minha comida na geladeira. Bem lá no fundo da caixa, havia um envelope. O rasguei para checar seu conteúdo.

"Espero que tenha gostado, e que esse mês passe rápido, porque ninguém merece ficar sem um churrasco.

Meu número pessoal é esse aqui (**) *****-****, não passe para ninguém, estou confiando em você.

Com carinho, Diego"

Sorrir boba e guardei em meu bolso, antes que minha mãe desse conta e fizesse um barraco. Acho que a próxima pessoa a fazer terapia nessa casa é ela, talvez ela possa entender que eu não sou de vidro.

- Ele não é casado?- mamãe perguntou de repente.

- Quem, o Diego?

- Sim.

- Era, tem um tempo que está separado  e mesmo assim, para de ser paranóica, o cara só me mandou umas comidas, misericórdia.- Reclamei, saindo de perto dela.

- Não me dá as costas, ainda estamos conversando.

- Na boa mãe, vamos parar por aqui, vamos acabar brigando e sabe que odeio quando brigamos, só esquece isso.

Destino// Diego Alves ✅Where stories live. Discover now