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A timidez era minha inimiga desde a infância, devido a professores irresponsáveis que me repreendiam quando eu queria me expressar e também a minha mãe que não me permitia ser mais espontânea, ditava como deveriam ser meus comportamentos em qualquer lugar. Cresci com medo de falar em público, de dar minha opinião quando necessário e até mesmo de ser uma aluna excelente, mesmo que tivesse inteligência o suficiente para isso, achava que ia ser repreendida, que as pessoas iriam rir ou que tudo que eu falasse não teria qualquer valor.

Na faculdade, isso era mil vezes pior. Engana-se quem diz que a faculdade é um lugar de pessoas maduras, aquilo é a mistura de um ensino médio com um hospício. Era um querendo derrubar o outro, um querendo ser melhor que o outro, como se a faculdade fosse dar uma medalha a alguém por isso. Tentei ao máximo não ser destaque e não colecionar inimigos, tinha pavor em arrumar confusão, ainda mais por coisas que não valem a pena.

Mas infelizmente eu não podia controlar o que as pessoas sentiam por mim. Alguns colegas simplesmente não gostavam das minhas notas altas e dos elogios que recebia de alguns professores, como se fosse culpa minha tirar uma boa nota nas avaliações, eu nem me gabava por isso, na verdade, sempre achei babaca da parte de quem se acha melhor por conta de nota.

Meu ódio por ser tímida, era não conseguir me impor quando preciso e deixar que as pessoas pisassem em mim.

Minha monografia, foi uma das primeiras a estar pronta, recebi o aval para apresenta-la, mas por conta da ansiedade,nervosismo e timidez, adiei o máximo que pude. Queria tanto me formar sem passar por essa tortura.

Mas a cerimônia de formatura estava muito próxima, era a última chamada para quem ainda faltava apresentar a monografia, não tinha mais como fingir que não precisava fazer aquilo e infelizmente ou felizmente, eu teria que encarar uma bancada de professores e defender minha tese.

- Você não pode sair de casa sem comer.- Diego empurrou um copo com suco para mim.- Não quero que sinta tontura.

- Não consigo, minha garganta parece ter um nó.

As vezes a ansiedade me dava muita fome, mas as vezes a tirava também.

- Só o suco, por favor amor.

- É difícil conseguir colocar alguma coisa para dentro.

- Por favor.

- Tá bom.

Ele era insistente.

Tomei o suco de uma vez.

- Satisfeito?

- Muito.- ele sorriu.

Diego pediu para assistir a minha apresentação e eu deixei, ele era meu porto seguro, com toda certeza me traria algum conforto, mesmo que eu estivesse sentindo um caos dentro de mim.

Meu pai, minha prima e a vovó me desejaram boa sorte através de mensagens, era importante ter o apoio deles. Antes de chegar  no prédio da faculdade, chegou mensagem de mamãe, ela dizia que tudo daria certo que eu só precisa me manter calma.

Diego sentou ao fundo da sala, enquanto eu arrumava os equipamentos que utilizaria.

- Rosa, lembra que foi você quem fez esse trabalho, você o construiu do zero, então sabe mais sobre ele do que qualquer um de nós.- disse minha orientadora.- respira fundo e nos avise quando estiver pronta, confio em você.

Assenti.

Respirei fundo e encarei meu noivo lá no fundo com o sorrisinho que eu amo, os dois polegares apontando para cima e ainda sibilou um eu te amo.

Por mais calma que eu quisesse estar, meu corpo não correspondia. Meu coração dava saltos acelerados, me causando a sensação de sufocamento. Queria correr e me esconder de todo mundo.

Destino// Diego Alves ✅Where stories live. Discover now