Capítulo 30

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Era 3:30h da manhã quando acordei, às 4:00h era o treino com o Lagarto, então eu tinha mais alguns minutos abraçada com William.
Ele dormia tão serenamente, e provavelmente estava tendo algum sonho bom já que vez ou outra dava um sorrisinho.
Eu não sabia ao certo o que eu sentia por ele, mas aos poucos eu estava descobrindo. A ideia de saber que Eugênio estava a solta, e podia lhe fazer algum mal me deixava em pânico, mas ao mesmo tempo eu ficava um pouco tranquila, sabia que William era duro na queda, provavelmente o melhor lutador, o melhor atirador. E logo eu também seria boa o suficiente para arrebentar com qualquer um que pisasse em nosso caminho, eu não pouparia ninguém, não teria piedade de ninguém.
Crescer sem ter um lar estabilizado me fez conhecer cedo de mais a maldade da rua, mas mesmo passando por tantas coisas eu continuava sendo a menininha trouxa que todos podiam enganar, e aquilo me frustrava, porém era passado e aquela Maite tinha morrido.
Eu estava tão perdida em meus pensamentos que quando olhei o relógio já marcava 4:15, delicadamente afastei os braços do William de minha cintura e me levantei, vesti minhas roupas de luta e sai sorrateiramente rumo ao meu quarto.
Assim que cheguei Lagarto já estava a minha espera.

- Eu já estava indo embora, conhece uma coisa chamada hora marcada?

- Nossa, foram só 15 minutos.

- Da próxima vez nem um minuto.

- Tá bom.

- Imagino que a noite de vocês dois deve ter sido bem cansativa visto as marcas em seu corpo...

- Acho melhor não falarmos sobre isso, não quero que você se machuque.

- Não é fácil ver o quanto você está entregue a ele, o quanto ele te deseja...

- Eu lutei contra meus sentimentos até onde deu, mas não tem como, eu gosto dele. Desculpe.

- Esquece, vamos começar.

E então começamos, ele estava mais intenso no treinamento de hoje, como se quisesse extravasar seus sentimentos através da luta, em alguns golpes acabou que ele até me machucou um pouco, mas eu notei que não era culpa dele, era como se estivesse fazendo  involuntariamente enquanto sua mente viajava. Eu tinha pena, porque eu também já tive amores não correspondidos, e eu sei que dói. Mas eu também sei que eu superei, e se eu consegui ele também consegue.
Quando terminamos eu estava esgotada e pelo visto ele também.

- O treino de hoje foi tenso. - Comentei ofegante.

- Rendeu bastante, amanhã já vamos lutar com um acessório a mais.

- O que?

- Uma faca.

- Faca?

- Nesse meio nosso é mais comum do que você imagina, sempre que você for lutar com alguém tenha a certeza absoluta que ela terá uma faca e mais cedo ou mais tarde vai pegá-la para lutar. E quando isso acontecer você tem que estar preparada, senão sua jugular vai para o saco e você morre esgotada de tanto sangrar.

- Que maravilham

- Eu já vou indo, logo William acorda.

- Obrigada por tudo. - Falei sorrindo.

Ele só deu um aceno de cabeça antes de partir.
Eu segui para o banheiro tomei um rápido banho e segui para o quarto de William novamente, ele ainda dormia profundamente, então entrei embaixo das cobertas e me aconcheguei em seus braços adormecendo de novo.

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