Capítulo 39

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No dia seguinte fui acordada com William me chacoalhando, quando abri os olhos pude ver o desespero em seu olhar e rapidamente me sentei.

- Eles chegaram, Maite. - Falou já me ajudando a levantar e abrindo o guarda roupa, começando a fazer uma mala enquanto eu vestia meu traje de luta.

- Pra que essa bolsa?

- Você irá sair pelos fundos, lá fora já tem um carro a sua espera, e uma passagem comprada para o Canadá.

- Eu não vou a lugar nenhum.

- Vai sim, Derrick! - E então o homem adentrou o quarto.

- Já sabe o que fazer?

- Sim, senhor.

- Então vá.

- Não! - Eu gritava enquanto o homem me arrastava de lá, William me deu uma última mirada antes de sair correndo pelo corredor com uma arma em mãos.

Eu tentava me soltar das mãos de Derrick, mas não tive sucesso. Quando entramos no carro havia mais um homem, um que eu não conhecia.
E então ele deu partida.

- Derrick me deixe sair, eu também mando nisso e não quero ir.

- Você também manda nisso, princesinha? Pena que não manda em mim, já que meu patrão é o Eugênio. - Falou rindo.

- O que? - Perguntei em choque.

- Isso mesmo que você ouviu, bonitinha. E sabe a Ximena? É a putinha do Eugênio, a vadia está até grávida dele, e foi ela quem avisou para ele que ontem teve festinha e que os homens estavam todos bêbados, vocês serão destruídos.

Eu não sabia o que fazer, eu não sabia o que pensar. Só conseguia rezar para que William e o resto estivessem bem.

- O que vão fazer comigo?

- Eugênio te deu uma chance de vir para o nosso lado, mas você não quis. Então provavelmente ele vai brincar um pouquinho com você, depois vai deixar a gente se divertir um pouco, se é que você me entende. - Falou com um sorriso pervertido. - E depois sei lá, te mata.

Não tive tempo de responder já que um carro bateu na lateral do que estávamos, o carro saiu rodando algumas vezes na rodovia, e eu segurei firme no banco da frente, quando olho para o lado o outro homem estava em pedaços, já que a batida havia sido do lado dele e Derrick agonizava enquanto sangue pingava, eu senti minha perna arder, eu queria sair dali, mas não conseguia, até que sinto mãos tentando me puxar, e quando finalmente saio era Lagarto, não pensei duas vezes antes de me jogar em lágrimas em seus braços.

- Passou, você está segura agora.

- Como você... Sabia...?

- Eu descobri ontem que Derrick era o traidor, minha intenção era te contar hoje cedo, mas não deu tempo. Quando ouvi William dizer que estava te mandando com Derrick para o Canadá eu simplesmente sai correndo de lá para vir te salvar, eu sabia que causando um acidente sua vida estaria em risco, mas sinceramente até a morte seria melhor do que se você caísse nas mãos de Eugênio. Agora vamos.

- Pra onde? Eu não vou para o Canadá.

- Claro que não, você vai ir comigo cumprir sua missão e matar o Eugênio.

Eu apenas sorri e seguimos até seu carro, enquanto ele dirigia eu olhei o ferimento em minha perna, provavelmente levaria uns belos 5 pontos, mas eu não queria pensar naquilo agora, apenas queria acabar com aquele desgraçado.
Assim que chegamos já do portão eu via um líquido espesso e vermelho escorrendo, quando entramos parecia o próprio inferno, Lagarto segurou em minha mão e me puxou para um canto mais seguro, de longe vi William atirando em um cara, Ximena estava abaixada em um canto, fácil de eu dar um belo tiro em sua testa, mas eu lembrei que ela estava esperando um filho.

- Ximena é do lado de Eugênio, mas não a fere, ela está grávida. - Falei quando Lagarto começou a mirar sua arma em um homem.

- Tome. - Disse me entregando um revólver. - Faça jus aos nossos treinamentos garota.

Eu apenas concordei com a cabeça e fui para outro canto, os barulhos de tiros eram ensurdecedores, devo ter conseguido acertar uns 4, mas eu queria outro, eu estava em busca de um alvo. Ver os homens de William caídos era triste demais, fazia algum tempo que eu convivia com eles, e não era fácil ver pessoas que estavam ao seu lado todos os dias caídos mortos no chão, a "competição" estava meio empatada. Eu caminhei para dentro, eu sabia que Eugênio não estaria ali no pátio lutando com os demais. Quando entrei no escritório de William ele estava lá, sentando em sua cadeira, com uma maleta cheia de dinheiro.

- Maite, que prazer revê-la. - Disse sorrindo enquanto apontava a arma para mim, já que a minha estava apontada para ele.

- Pena que não posso dizer o mesmo.

- Cadê o Derrick? Mudou de lado de última hora e te deixou escapar, foi?

- Acredito que ele tenha morrido esgotado, já que estava sangrando demais o pobrezinho.

- Fazer o que, né? A vida é assim, uma hora estamos aqui e na outra...

Nos treinamentos eu percebi quando alguém ia atirar alguns segundos antes de isso acontecer, e eu sabia que eram segundos valiosos, que decidiriam se você vive ou morre.
Então rapidamente me abaixei, o vidro se estraçalhou com a bala, nesse momento eu empurrei a mesa contra ele o fazendo cair no chão e consequentemente sua arma escapou de suas mãos, ele tentou alcançá-la, mas eu o segurei lhe impedindo, e então desferi alguns golpes em seu rosto, até conseguir lhe prender em um mata leão, mas como Lagarto um dia me disse, todos eles tinham uma faca, e eu me esqueci daquele pequeno e doloroso detalhe, que foi encravado em meu braço esquerdo, foi impossível não gritar de dor, e ele conseguiu se soltar e pegar a pistola novamente.

- Adeus, Maite.

Eu era mais do que ele, eu não carregava uma faca reserva, mas sim uma arma. Em fração de segundos lhe passei uma rasteira o fazendo cair no chão,  saquei um revólver que antes estava preso no cós da minha calça, mirei meu olhar dentro de seus arregalados olhos azuis por uma última vez.

- Vai para o inferno, Eugênio.

E então atirei, sangue respingou por todo o local, e principalmente em mim. Mas eu não me importava, e sai dali para matar quem quer que fosse.

O AgiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora