Capítulo 15

915 52 16
                                    

Estar ficando com William tinha suas vantagens, seus capangas agora não ficavam me xingando ou coisas do tipo. Inclusive, estranhei a Lagartixa que literalmente havia se afastado de mim, confesso que estava até sentindo falta das nossas discussões, agora as coisas estavam misteriosamente na paz.
Eu não soube mais nada de Eugênio, tentei perguntar para William, mas ele apenas me lançou um olhar que eu sabia que se ficasse insistindo teria consequências.
E não me perguntem o que tá rolando entre nós dois, porque eu também não sei, a gente dorme juntos em seu quarto agora, transamos todas as noites, mas na frente dos outros ele age como se nada estivesse acontecendo, mas todos sabiam que estava.

Eu estava no quarto lendo um livro quando William apareceu.

- Maite eu tenho um serviço para você

- Não, por favor, não. - Pedi já fechando o livro com força e o mirando com desespero.

- Não é nada grave, vai ser tranquilo. Eu tô com um cara lá embaixo, e eu fiz uma proposta a ele, ou eu o matava e fim de papo ou ele leva umas drogas que eu tenho encomendada no exterior e continua vivo, bom aí ele optou por essa segunda opção.

- Tá e daí?

- E daí que lá no aeroporto eu tenho uns contatos que vão conseguir fazer com que ele não passe naquela máquina para ver se tem entorpecentes no corpo, mas suas roupas e suas malas serão revistadas. Então eu preciso que você faça uma pequena cirugia e coloque o saquinho de drogas no corpo dele.

- O que? Eu não vou usar da profissão dos meus sonhos para fazer isso com alguém.

- Tudo bem, eu já imaginei que você não aceitaria. - Falou virando as costas para sair.

- O que você vai fazer?

- Mata-lo, ué. - Respondeu dando de ombros e seguindo seu caminho.

Eu pensei por alguns instantes e sabia que ele falava a verdade, então sai correndo atrás.

- Tudo bem... Tudo bem... Eu faço.

Ele apenas me lançou um sorrisinho babaca e depois me deu um selinho.

- Minha garota altruísta.

- Eu não sei se no fundo você sente algo por mim ou se tudo não passa de sexo, mas se sentir saiba que essas coisas destroem minha alma, eu literalmente estou morrendo aos poucos. Quando for para fazer a cirurgia me chame, estarei no meu quarto e não mais no seu. - Falei e saí andando sem olhar para trás. Eu tinha medo que ele pudesse se estressar com as minhas palavras grudar em meus cabelos ali mesmo e me bater, e como eu poderia estar com uma pessoa assim? Onde eu me sentia insegura, onde eu precisava pensar não duas, mas cinco vezes antes de falar qualquer coisa, porque senão poderia ser trancada em uma sala podre, dependendo poderia ser torturada e até mesmo morta.

Quando cheguei no meu quarto e me sentei na cama lágrimas já começaram a escorrer por meu rosto, eu não sabia o que eu sentia por William, ou talvez eu saiba, mas eu não queria aceitar. Até porquê como eu posso amar uma pessoa tão cruel? Uma pessoa que não merece nem um pingo de carinho, apenas desprezo e nojo.
A noite quando ele me abraça e dormimos de conchinha, seu rosto enfiado entre meu pescoço parece que somos apenas um jovem casal feliz e apaixonado, mas no outro dia ele levanta cedo, e sempre quando volta é uma camisa nova jogada no lixo porque há sangue respingado por todo o tecido caro da pólo.
Eu nunca havia sonhado com príncipes encantados, mas eu havia sonhado com alguém bom, que tivesse ao mínimo dignidade e que me respeitasse, eu não esperava muito de William, mas eu esperava pelo menos que ele parasse de me passar aqueles trabalhos sujos para eu fazer. Porém eu havia me enganado, ele é um monstro e nunca vai deixar de ser.

O AgiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora