𝑭𝒊𝒙 𝒀𝒐𝒖 | Severus Snape

1. Reconstrução

S/n - seu nome | S/s - seu sobrenome | Sua casa - Corvinal (explicação no capítulo 4)

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Eu estava no meu sétimo ano em Hogwarts quando a guerra começou. Não foi difícil escolher meu lado, certamente. Não pensei duas vezes antes de lutar pelo que era certo e defender aquela escola com tudo que eu tinha. Difícil, de fato, foi ver meus amigos partirem. E, sem dúvidas, vê-los sofrerem enquanto perdiam quem amavam.

O que piorou tudo foi toda a exaustão por tudo que já vinha acontecendo há um tempo. Umbridge, morte de Dumbledore, Snape diretor... sem falar em toda a perseguição e medo que nos cercava.

Naquele ano, uma coisa foi certa: quem não morreu, saiu psicologicamente abalado.

Com tudo que ocorreu, nem preciso dizer que não foi possível completar o ano letivo no período adequado. Então, meu sétimo ano se iniciou no ano seguinte. Estávamos nos recuperando, isso é fato, mas precisávamos seguir em frente. Houveram algumas mudanças, entretanto.

Snape foi alguém que eu - assim como muitos outros - sempre pensei que, secretamente, planejava algo maligno. Talvez por sua expressão séria, voz grave e vestes escuras que o tornavam intimidante. Além disso, ele amedrontava os alunos por causa dos seus insultos constantes. Mas, apesar de tudo, algo em mim sentia que havia mais nele do que meus olhos pudessem ver ou meus ouvidos pudessem ouvir.

Ele quase morreu naquela noite, se não fosse por Hermione com suas incríveis habilidades. Mesmo com tudo que ela passou, e, por mais que ainda não soubesse da verdade, ela o salvou.

Todos ficaram impressionados quando sua bravura foi exposta para o mundo bruxo. Assim, o Ministério o perdoou e ele se tornou um herói aos olhos de muitos, principalmente àqueles na escola que sempre o enxergaram como um professor impiedoso.

Ainda assim, muitos o odiavam. Muitos pais não esqueceram do perigo que seus filhos tiveram que enfrentar e depositaram parte da culpa nele. Eu, porém, pensava diferente. Ele fez o que devia fazer, o que o pediram para fazer. Houveram muitas escolhas erradas, definitivamente, mas sua maneira de consertar isso foi de suma importância para o nosso êxito na guerra. Sem ele, talvez, poderíamos não ter vencido.

No fim, ele não quis voltar a ser diretor, acredito que por seu respeito a Dumbledore, deixando o cargo para Minerva. Ele não mencionou, mas ocupar aquela posição parece ter sido algo além de sua vontade, apenas para manter um papel. No entanto, voltou a ser professor, e, dessa vez, não tentou o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas que sempre desejou. Ele parecia satisfeito sendo um professor de poções. Pensasse o que fosse, aquilo era parte dele.

E lá estava eu no meu lugar favorito em Hogwarts: a torre de astronomia. Durante meus anos na escola, eu sempre ia lá quando precisava de um momento só meu. E todos os dias, desde o fim da guerra, eu precisava desse momento. Eu só precisava ficar lá, olhando o mundo à minha frente, sentindo o vento em minha pele, apreciando minha própria companhia... eu só precisava disso para, por um segundo, me sentir em paz novamente.

Eu sempre ia pela manhã, mas naquele dia eu decidi mudar meu horário pois passei o dia todo me organizando para o início das aulas que aconteceria no dia seguinte. À noite, no meu tempo livre, fui para a torre sabendo que talvez não tivesse tanto tempo dali em diante. A vista era magnífica, o vento estava mais frio e eu, como sempre, me perdi em meus pensamentos.

Até que, inesperadamente, um som me trouxe de volta à realidade. Ouvi alguém subindo as escadas com passos lentos. Em poucos segundos, a figura ficou ao alcance da minha visão. Estávamos distantes, mas percebemos a presença um do outro instantaneamente. Ele não se moveu após me notar, ficou parado no último degrau da escadaria.

Vestes escuras, olhar vazio e semblante indecifrável. Era ele. O homem que eu passei a admirar com base em suas histórias, mas que ainda me intimidava.

- Você vai ficar? - perguntei em um ato corajoso, me levantando para sair

- Não. Fique. Preciso ir.