10. Convite

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Os dias se passaram e eu e o Professor Snape ficamos ainda mais próximos. Ele passou a ser alguém na qual passei a confiar, e aos poucos eu sentia que estávamos nos tornando mais íntimos.

Durante a maioria dos nossos encontros, fazíamos uma pausa para conversar e, muitas vezes, ele me contava do seu dia, também se preocupando em ouvir sobre o meu.

Os momentos em sala de aula não mudaram, logicamente. Vez ou outra, porém,
quando alguns estavam distraídos, nossos olhares se encontravam e era um dos poucos momentos em que eu via suas expressões suavizarem.

Mais um fim de semana chegou e, como todos na qual eu estava livre, fui direto para sua sala nas masmorras. Chegando lá, bati na porta e aguardei sua resposta antes de abri-la.

- Entre. - ouvi sua voz abafada dentro da sala.

- Olá. - eu disse enquanto entrava e fechava a porta, andando até sua mesa.

- Sinto muito por não avisá-la, Srta. S/s, mas suponho não poder ajudá-la hoje. - ele disse enquanto soltava a pena e afastava alguns papéis para me dar atenção - Estou bastante ocupado com alguns testes.

Pelo seu corpo tenso, eu pude notar seu cansaço. Sua expressão também não mostrava o oposto, e isso até justificava o fato dele ter esquecido de avisar que estaria ocupado. Isso não me incomodou, entretanto, e pensei que seria uma oportunidade de retribuir o que ele estava fazendo por mim.

- Bom, então acho que é minha vez de ajudá-lo. - andei até o canto da sala para pegar uma cadeira.

- O que quer dizer?

- Esses não são testes do sétimo ano, então talvez eu sabia de algo. Posso te ajudar a corrigi-los. Estarei aprendendo, de qualquer forma. - coloquei a cadeira ao seu lado e sentei.

- Você realmente não precisa fazer isso. - ele pegou a pena novamente e voltou aos papéis - Aproveite seu sábado.

- Bobagem! Você parece cansado e, como eu disse, poderei aprender. - peguei uma pena da minha mochila - Então dê-me alguns desses testes.

Ele sabia que eu tinha razão, sobre ele estar cansado e sobre aquela ser uma forma de aprender, mas jamais admitiria que precisava de ajuda.

Depois de alguns segundos apenas me olhando, ele suspirou ao finalmente aceitar minha proposta, me entregando um teste do terceiro ano. Sorri quando o peguei, mas meu sorriso logo se desfez quando comecei a ler.

- Agora eu te entendo. - fiz uma careta - Isso está péssimo.

- Acredite, essa não é a pior turma. - ele beliscou a ponta do nariz com um notável desagrado - Você não faz ideia da quantidade de coisas absurdas que precisei ler durante todos esses anos como professor.

- Espero não ter sido tão ruim. - ri ao ter memórias dos anos anteriores.

- Por mais que eu não quisesse admitir por um bom tempo, você foi uma das melhores. - seu tom ficou suave.

- Então prestou atenção em mim, professor? - brinquei e ele revirou os olhos.

- Você é bastante notável, S/n. É impossível não prestar atenção.

Sua voz estava baixa e eu não sabia se o mais impressionante tinha sido sua confissão ou o fato de, pela primeira vez, ele ter me chamado pelo meu primeiro nome. Eu realmente gostei da forma como soou. Sua voz grave sendo enfatizada pela sala quase vazia.

Quase fui incapaz de respondê-lo, apenas sorrindo e voltando ao trabalho, como se o papel em minhas mãos fosse a coisa mais interessante na sala. Não era.

𝑭𝒊𝒙 𝒀𝒐𝒖 | Severus SnapeWhere stories live. Discover now