32- Chuva de outono

55 9 11
                                    


    Artie e Bill estavam deitados na grama do parque embaixo da grande árvore.

— Você gostou de vir ao parque, Bill?

— Sim! Gostei especialmente de ter conhecido com você no dia do seu aniversário. — Bill respondeu enquanto eles olhavam para o céu.

    Bill tirou os olhos do céu e olhou para Artie ao seu lado.

— Eu fico muito feliz que você tenha gostado do cachecol. Ficou muito bem em você, sério.

     Artie virou a cabeça para olhar para Bill.

— É um presente lindo! Como eu havia dito antes, eu vou usar sempre. — Artie disse com as mãos no cachecol.

— E você está gostando do dia de hoje?

— Claro! Eu nunca tive amigos para comemorar o meu aniversário, por isso esse dia esta sendo incrível.

     De repente, Artie ficou com uma dúvida sobre Bill.

— E você, Bill? Você tinha muitos amigos na sua antiga cidade?

— Ah, alguns, eu acho. Como eu estudava na mesma escola desde criança, eu conhecia todo mundo. Às vezes eu saia com alguns garotos da turma e nós fazíamos coisas como jogar vídeo game.

— E você não sente falta disso?

— Eu nem parei para pensar sobre isso. Acho que eu prefiro estar aqui com você, Artie. Você é diferente de qualquer um que eu já tenha conhecido.

— Sério? Você prefere estar comigo? — Artie perguntou sorrindo. — Mas o que você quis dizer com "diferente"?

— Eu não sei bem. Eu só sei que quando estou com você, Artie, eu não quero estar com mais ninguém. Eu gosto de estar com você.

     "Agora ele deve estar me achando um idiota sentimental." Pensou Bill.

— Eu também gosto de ficar com você, Bill. Você é o meu primeiro amigo.

       Os dois imaginavam se um dia, chegariam a ser mais do que amigos. Ambos pensavam muito nisso, porém nenhum deles tinha coragem o suficiente para confessar. Pelo menos por enquanto.

— Acho que já são quase seis horas. Logo começa a escurecer. — Artie observou.

— Você quer que eu acompanhe você até em casa? Bem, na verdade eu estava pensando se você não gostaria de ir na minha casa. Acho que ainda está um pouco cedo.

— Na sua casa?

— Sim. Nós podemos assistir a um filme de terror bem sinistro e assim encerramos seu dia de uma maneira legal! — Bill sugeriu com entusiasmo.

— Filme de terror? Eu não sei...

— Tá legal, podemos fazer outra coisa então. É o seu aniversário, pode escolher o que quiser. — Disse Bill enquanto se levantava. — Quando chegarmos, você pode escolher o que quer fazer. Pode ser assim? — Bill ofereceu a mão para ajudar Artie a se levantar.

— Tá bem. — Sorrindo, Artie segurou a mão de Bill enquanto se levantava.

Quando estavam quase chegando a casa de Bill, leves pingos de chuva começaram a cair.

— Puxa, Bill, está começando a chover!

— Calma, Artie, já estamos quase chegando.

De repente, a chuva começou a ficar mais forte.

— Bill, acho melhor corrermos.

— Ah, esta tão bom, Artie! Que mal tem em tomar um pouco de água da chuva? Sabe sempre quando chove eu tenho vontade de sair de casa e ficar na chuva. — Bill disse enquanto a chuva encharcava seus cabelos ao ponto de fazê-los abaixar.

— É, você tem razão. É muito bom sentir a chuva...

Eles andaram devagar até chegarem a casa de Bill. Eles ficaram na frente da casa.

— Cara, isso é tão legal! — Exclamou Bill.

— É, eu nunca havia tomado tanta chuva assim.

— Olha, Artie! Poças de lama! — Bill disse antes de pular em uma das poças.

— Hahahá! Você está jogando lama para todos os lados. — Artie falava enquanto limpava um pouco de lama em seu rosto.

     Bill parou de pular e admirou Artie, que assim como ele, estava encharcado. Ele tinha alguns fios de seus cabelos ruivos grudados na testa. Para Bill, ele era simplesmente hipnotisante.

— O que foi? — Artie perguntou quando percebeu que estava sendo observado.

— Nada... Acho melhor entrarmos. Não quero que você fique doente por minha causa.

Eles entraram em casa.

— Você não fica doente com facilidade, não é? Acho que sua tia iria ficar brava se soubesse que você pegou um resfriado por culpa minha.

— Não se preocupe. Eu vou ficar bem.

Bill olhou para as gotas pingando do cabelo de Artie.

—Vamos, eu vou pegar uma toalha para você. — Bill disse indo para seu quarto.

      Enquanto procurava uma toalha extra no guarda roupa, ele se lembrou que as roupas de Artie estavam molhadas.

— Eu sou só um pouco maior que você, acho que minhas roupas podem servir.

— Você não se importa de me emprestar?

— Claro que não.

       Artie adorou o fato de que iria vestir as roupas de Bill.

— Olha, pode pegar essas. — Disse Bill enquanto entregava as roupas e uma toalha.

— Obrigado, Bill. Onde eu posso me secar?

— Ah, pode se secar aqui mesmo. — Bill viu que Artie corou instantaneamente e então percebeu que, como sempre, não falou uma coisa adequada à situação. — Quer dizer... você pode usar o banheiro.

— T-tá... — Artie saiu do quarto.
 
    Quando entrou no banheiro, ele analisou as roupas. Bill havia lhe dado uma blusa branca e uma calça azul escuro. Depois de seco, Artie vestiu as roupas e percebeu que ficaram um pouco compridas e largas, pois, ele era mais baixo e magro do que Bill. Mesmo assim, estava confortável.
   
      Artie saiu do banheiro e encontrou Bill na sala já com roupas secas.

— Serviu em você direitinho! — Comentou Bill ao olhar para Artie. — Bem, quase direitinho.

— Eu achei muito confortável! — Artie sorriu.

— Artie, já são sete horas e a chuva não parou, então eu pensei que seria legal se você pudesse passar a noite aqui... — Bill sugeriu. — Vai ser divertido, tipo uma festa do pijama!

— Você tem certeza? O seu pai deixa?

— Meu pai disse que só volta amanhã por que vai passar a noite com uma "amiga". Mas não se preocupe, de qualquer modo eu sei que ele não iria se importar.

— Certo. Mas eu preciso ligar para a tia Gomercinda.

— Pode usar o telefone então. — Disse Bill apontando para o telefone.

       Artie foi até ele e discou os números e logo sua tia atendeu.

— Oi, tia. É o Artie.

— Artie, você está bem? Esta chovendo muito.

— Eu estou bem. Estou na casa do Bill. Ele me convidou para passar a noite, eu posso?

— Eu não gostaria que você saísse nessa chuva, claro que pode ficar.

— Sério? Obrigado, tia!

— De nada, meu amor. Então se comporte e aproveite o resto do seu aniversário.

— Certo! Até amanhã, tia.
 
     Após se despedir, Artie desligou o telefone.

— Ela disse que tudo bem eu ficar aqui.

— Legal! Eu pensei em fazer pipoca para assistirmos algo. O que você acha? — Perguntou Bill.

— É uma ótima idéia!

       Os dois foram até a cozinha. Artie estava muito animado e contente por poder passar o resto de seu aniversário com Bill.







Amor e almaWhere stories live. Discover now