52- É ele...

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     Bill estava em seu quarto com Carl. Eles haviam acabado de voltar do fliperama.

— Você quer jogar vídeo game? — Bill perguntou.

— Na verdade, eu trouxe algo para te mostrar. É muito melhor que vídeo game.

— Sério? E o que é? Um filme de zumbis?

— Não. É bem melhor que isso também.

        Carl tirou uma revista de sua mochila.

— Uma revista?

— Não é só uma revista. Olha só. — Carl disse abrindo a revista.

       A revista estava repleta de fotos de mulheres semi nuas e com roupas transparentes. Bill nunca havia visto algo daquele tipo.

— Como você conseguiu isso? — Ele perguntou ruborizado.

— Meu irmão tem várias dessas revistas. Eu só peguei algumas.

        Bill não sabia exatamente o que dizer.

— Legal...

— Não tem como você continuar só pensando em jogos depois de ver isso.

        Bill ficava mais corado conforme Carl tirava outras revistas da mochila.

— Sabe, eu acho que seria mais legal jogar vídeo game...

— Você nem olhou direito.

      Bill pegou uma das revistas com receio, mas, ao prestar atenção, percebeu que não achou aquilo nada demais. Para ele, aquelas mulheres realmente não tinham nada de interessante. Como Carl parecia de fato gostar, Bill apenas concordava com tudo o que ele dizia.

       Mais tarde, eles estavam jogando vídeo game e conversando sobre a escola.

— Sabia que antes de você entrar na nossa classe, tinha uma garota terrível? O nome dela era Mary.

— Claro que eu sei. A Mary é minha prima.

— O que? A Mary é sua prima?

— Sim. Inclusive, foi muita coincidência ela ter saído da escola justo quando eu me mudei. Foi muita sorte também porque elas pude pegar a vaga dela.

— Foi mal dizer que ela é terrível. Não sabia que ela era sua prima.

— Tudo bem, eu concordo com você. Ela é mesmo difícil de se lidar.

       De repente, uma dúvida veio a mente de Bill: A Mary pode ter contado para Carl sobre ele  e Artie?

— E a Mary contou o porquê dela ter saído da escola?

— Não. Ela só disse que estava cheia daquela escola e não aguentava mais os colegas de classe dela e como os pais dela fazem tudo o que ela quer, mudaram ela de escola.

       Bill ficou aliviado. Depois que Carl foi embora ele começou a pensar e percebeu que seria melhor que ele contasse para Carl sobre sua relação com Artie, do que ele acabar descobrindo através de Mary. Ele ligou para o namorado e disse que eles precisavam conversar, então Artie disse que estava indo até a casa de dele.

         Artie chegou e ele e Bill se cumprimentaram com um abraço.

— Desculpa fazer você vir até aqui. Eu teria ido até sua casa mas eu estava arrumando a bagunça que o Bob fez. Se o meu pai visse, iria ficar furioso.

— Não tem problema. O que você quer conversar?

— Ah, você não vai acreditar, Artie, eu descobri que o Carl é primo da Mary.

       Artie ficou surpreso.

— E ela falou para ele sobre a gente?

— Não, ela não contou. Por isso eu pensei e tomei uma decisão. Se você concordar, claro.

— E o que é?

 — Eu acho que seria melhor ele saber antes da Mary acabar contando. O que você acha?

— Eu não sei... Como você acha que ele vai reagir?

— Pelo que eu conheço o Carl, ele não vai nos julgar ou insultar. Eu espero...

       Artie estava meio relutante, mas concordou com a escolha de Bill.

— Está bem. Pelo menos assim não corremos o risco da Mary contar.

— Que bom que você concorda, Artie. Eu não aguento ter que esconder o tempo todo que você é meu namorado.

— Eu também não.

      Bob apareceu segurando sua bolinha e a colocou perto de Artie, para que ele a arremessasse.

— Você quer brincar, Bob? Aqui, vai pegar a bola!

        Artie lançou a bolinha que foi parar debaixo da cama de Bill.

— Será que ele vai encontrar? — Perguntou Bill.

     Ambos os garotos ficaram surpresos quando Bob retornou segurando não uma bolinha, mas sim uma revista.

— B-Bill... O que é isso? — Artie perguntou estagnado.

         Bill percebeu que se tratava de uma das revistas do Carl.

— Isso não é meu, Artie! É do Carl. Ele deve ter esquecido aqui.

         Artie acreditava que era de Carl, porém, mesmo assim ele se sentiu mal. E se Bill gostasse mais daquelas mulheres do que dele? Afinal, na concepção de Artie, elas eram bem mais bonitas e atraentes do que ele.

— Artie, eu juro que essa revista não é minha.

— T-Tudo bem... Eu acredito em você, Bill. Eu preciso ir agora.

       Artie saiu tristemente pela porta. Bill saiu para ir atrás dele mas foi surpreendido por Carl.

— Bill, eu deixei uma das revistas aqui, não deixei?

— Carl, eu não posso falar agora.

— Bill, se meu irmão perceber que está faltando uma, eu estou frito!

— Tá bem! Calma, eu vou pegar para você.

       Bill queria ir atrás de Artie, mas ele também queria se livrar logo daquela revista antes que ela cause mais problemas. Ele também imaginou que se a devolvesse, Artie não iria ficar mais chateado. Eles entraram e viram a revista caída no chão.

— Que bom que esta aqui. — Carl a pegou. — Espera, o que é isso?

— Acho que é saliva do Bob.

— Argh! Pelo menos ele não rasgou.

— É, mas essa revista me causou problemas.

— Por que?

— Porque... Carl, antes de tudo tem algo que eu preciso contar. Eu espero que você possa aceitar ou pelo menos compreender.

— Nossa, o que foi, Bill?
 
— Sabe, a verdade é que eu gosto de alguém. Na verdade, eu e essa pessoa estamos namorando.

— Por que só está contando isso agora? Ah, não tem problema. Quem é ela? — Carl perguntou curioso.

— É que não é "ela"... — Bill respirou fundo e criou coragem. — É ele. É o Artie.

Amor e almaWhere stories live. Discover now