63- Vale a pena esperar por você...

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Apesar de estar com medo, Bill tentou ficar confiante para falar com seu pai.

- Pai, por favor, entenda que eu quero ficar com o Artie...

- Bill, não temos tempo para isso. Já liguei para sua mãe e ela está vindo te buscar.

Bill não teve tempo de dizer mais alguma coisa, pois Artie entrou desesperado em sua casa. Ele estava arfando como se tivesse corrido muito até lá.

- Artie, por que você veio até aqui?

- Garoto, você não pode invadir a casa dos outros desse jeito.

- Ele não invadiu nada, pai. Eu acho que acabei deixando a porta aberta.

- Não importa. Melhor ele ir embora agora. O Bill tem que se preparar para viajar.

- Não! Por favor, senhor, eu só quero conversar!

- O que você quer? Seja breve.

- Bem, o Bill foi o primeiro amigo que eu tive. Eu me sentia muito só antes disso. O Bill mudou completamente a minha vida. Eu conheci a amizade e o amor através dele. Me sinto mal em saber que tudo que eu posso fazer é vir até aqui e suplicar para que o senhor mudar de idéia...

- Artie... - Bill colocou a mão em seu ombro sem saber o que dizer.

- Já acabou, garoto? Pode ir agora. - O pai de Bill disse como se as palavras de Artie não tivessem feito diferença alguma.

Antes mesmo de um dos dois se atrever a responder, uma voz feminina ecoou na sala.

- Bill! Ah, que saudade eu estava de você!

- Mãe?!

- Vem aqui me dar um abraço.

A mãe de Bill era uma mulher bonita e assim como ele, tinha cabelos escuros. Outra característica que chamou a atenção foi a sua barriga saliente.

- Você está grávida? - Perguntou Bill.

- Sim, filho. Logo você terá um irmãzinho. Não é ótimo?

- Hã... Acho que sim.

O pai de Bill se mostrou incomodado com a presença da ex esposa.

- A propósito, quem é esse? - Ela perguntou se referindo a Artie.

- Mãe, esse é o meu namorado, Artie.

- Ah, o menino que o seu pai falou pelo telefone. Oi, Artie. Você é mesmo uma graça de menino.

Artie realmente não esperava por um elogio.

- Obrigado... - Ele agradeceu em voz baixa.

- Pare com isso, Ruth! Não fique incentivando o Bill.

- Gilbert, será que você pode nos dar licença? Quero conversar com o nosso filho.

- Só não fale um monte de bobagens. - Ele respondeu saindo do cômodo.

- Eu devo sair também? - Artie perguntou.

- Não, Artie. Você é meu namorado e tudo que minha mãe disser você pode ouvir também.

- Tem razão, Bill. Na verdade, eu quero mesmo falar com vocês dois juntos.

- Mãe, você não vai me pedir para terminar com o Artie, não é?

- Bill, eu não tenho o direito de te pedir uma coisa dessas. Sabe, quando seu pai me contou que você estava namorando um garoto, eu confesso que fiquei chocada. Eu nunca imaginei algo assim e não era o que eu esperava para você. Mas depois de um tempo refletindo, eu percebi que posso te julgar. Você sabe que eu e seu pai já cometemos erros um com o outro no nosso casamento, já vocês, não estão cometendo erro algum. Como nós dois podemos julgar vocês? Se vocês se amam de verdade, saiba que por mim está tudo bem.

Bill e Artie ficaram muito surpresos com a declaração de Ruth.

- Mãe, você está falando sério? Então está tudo bem?

- Por mim sim, Bill. O único problema, é que eu não posso te deixar morando com um pai que não quer mais você em casa.

- O que?! Então de qualquer maneira eu
tenho que ir com você?

- Sim. Eu sinto muito, Bill. Que tipo de mãe eu seria se te deixasse aqui com seu pai nessas condições?

- Bill... Acho que sua mãe está certa. - Artie falou. - Eu te amo e por isso não posso querer que você fique por minha causa. Eu seria egoísta se te pedisse para ficar com o seu pai.

- Artie, você está dizendo que não quer mais ser meu namorado? - Bill perguntou com preocupação.

- Claro que não, Bill. Quero ser seu namorado para sempre. E é por isso que eu quero o melhor para você.

- Artie... - Bill estava prestes a chorar novamente.

- Calma, Bill, não chora, por favor! Olha, vamos para o seu quarto. Vamos conversar só nós dois. - Artie tentou tranquilizar o namorado.

- Bill, vá com o Artie. Vocês precisam conversar. - Sua mãe falou.

Bill e Artie foram até o quarto e fecharam a porta para conversarem melhor.

- Bill, não fique chateado comigo. Por favor, entenda que só quero o melhor para você!

- Mas, Artie, o melhor para mim é estar com você.

- E para mim também é o melhor. Mas não se preocupe, eu já pensei em tudo.

- Como assim?

- Olha, daqui dois anos teremos dezoito anos e vamos ter terminado a escola também e quando isso acontecer, nada vai conseguir nos impedir de ficar juntos. Nós podemos até mesmo ter a nossa própria casa.

Bill começou a sentir uma pontinha de esperança no peito.

- Bill, vale a pena esperar dois anos para depois poder passar o resto da vida com você.

- Acho que está certo. Não vai ser fácil para mim mas eu espero o tempo que for para ficar com você, Artie. Quando formos adultos, eu vou voltar e nós vamos morar juntos.

- É tudo que eu mais quero!

- Eu espero que esses dois anos passem rápido.

- Não vamos pensar nisso agora, Bill. - Artie lhe abraçou. - Eu só quero ficar assim, pertinho.

- Eu também. - Bill retribuiu o abraço.

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