Amor e alma

61- Não tão escondido...

     Naquela manhã, Artie acordou e instintivamente olhou para o relógio na parede. Ao fazer isso, ele se surpreendeu.

— São nove horas? Por que a tia Gomercinda não me acordou para ir a escola? — Ele se questionou.

— Hã? Do que você está falando, Artie? — Bill perguntou esfregando os olhos.

— Olha, já são nove horas e a tia Gomercinda não me acordou ainda. O que será que aconteceu?

— Talvez ela tenha deixado você ficar em casa hoje.

— E se ela descobriu que você está aqui?

— Calma, não deve ser isso.

— Eu vou lá em baixo falar com ela. Já volto.

      Artie foi para a cozinha e encontrou ria Gomercinda preparando o café da manhã.

— Bom dia, querido.

— Bom dia, tia. Por que não me chamou para ir a escola?

— Bem, acontece que nevou tanto ontem que a neve está bloqueando a porta. Veja só, está bloqueando até as janelas.

       Artie olhou para a janela e percebeu que de fato, a casa estava em meio a muita neve.

— Pela nevasca que teve, acho que a maioria das casas estão assim. Mas não se preocupe, eu já liguei para o serviço de emergência e eles disseram que vão remover a neve da frente das casas. Só não tenho certeza se vão conseguir fazer tudo hoje. 

— Tudo bem. Então eu vou ficar no meu quarto.

— Antes de subir, tome o chocolate quente que eu fiz para você.

— Obrigado, tia. — Artie se sentou a mesa.

— Sabe, você não parece mais tão triste hoje.

— Ah... É que com toda essa neve, com certeza o Bill não vai precisar viajar hoje. Isso me da mais tempo para pensar no que fazer.

— É verdade. Eu sei que você vai encontrar uma solução.

      Artie nunca mentia para ninguém, muito menos para sua tia. Ele esperava muito encontrar a solução mais rápido possível para não precisar mais mentir.

— Se precisar de mim, estarei lá em cima no quarto, tia. — Ele disse quando terminou seu chocolate quente.

      Artie foi para o seu quarto onde Bill o estava esperando.

— E então? Está tudo bem?

— Sim. Quer dizer, estamos presos em casa por causa da neve que bloqueou as passagens, mas não é tão ruim.

— Claro que não é ruim. Agora estamos presos juntos. Você é a única pessoa que eu não me importo de ficar preso, Artie.

— Haha! É verdade. Agora você não pode ir embora nem se você quisesse.

— Eu nunca ia querer isso. E também, agora o meu pai não pode nem tentar me procurar.

— Ele não deve estar preocupado com você, Bill?

— Não. Ele não se importa comigo.

— Ele deve se importar. Talvez, ele só não seja bom em demonstrar isso.

— Eu não quero mais falar sobre ele.

— Tudo bem. Ah, você deve estar com fome, não é?

— Não muita.

— Quando eu descer para o almoço, trago algo para você.

— Tá bom.
 
       De repente, Artie de lembrou lembrou de algo importante.