3- O incidente

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   Artie estava prestes a atravessar a rua

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   Artie estava prestes a atravessar a rua. Estava cabisbaixo como sempre e por isso não prestou atenção no carro desgovernado que estava vindo na sua direção. Para a sorte dele, Bill percebeu o carro.

   De repente, Artie sentiu alguém se lançando contra ele. Quando deu por si, já estava no chão com Bill acima dele. Seus olhos estavam fechados por conta do medo. De repente, ouviu uma voz marcante e com tom de preocupação lhe perguntar:

— Hey, você está bem?

   Os olhares de ambos se encontraram pela primeira vez. Bill encarou os olhos verdes profundos de Artie enquanto Artie encarava os dele também. Ele achou o olhar de Bill muito  intenso, penetrante e acima de tudo misterioso. Por um momento, Artie imaginou quais emoções estavam escondidas por trás daqueles olhos negros. Sem perceber, eles ficaram se encarando por mais alguns segundos. Eles se esqueceram de tudo ao redor. Era como se o tempo tivesse parado apenas pelos dois.

— Seus pirralhos! A rua não é lugar para brincar! — Disse o homem saindo  do  carro  que a pouco, quase os atropelou. Ele aparentava ter bebido muito.

— Você não viu a velocidade em que estava andando, coroa? Por pouco não atropelou ele! — Disse  Bill, se levantando e enfrentando o homem. 

— Garoto malcriado! Ninguém ensinou a respeitar os mais velhos? Eu vou... - O homem tentou se aproximar dos garotos mas estava tão tonto que precisou se apoioar no carro. Logo em seguida, abriu a porta com dificuldade, entrou e deixou o local voltando a dirigir  sem controle.

  Bill observou tudo de pé na frente de Artie que estava sentado no chão. Logo Bill sentou deu conta disso.

— Caramba, que cara maluco. Você está bem? — Disse Bill estendendo a mão para ajudar Artie  a se levantar.

— E-eu acho que sim. Obrigado por ter me salvado! — Respondeu Artie já de pé e ainda segurando a mão de Bill.

— Você se chama Artie, certo? Eu sou Bill. Acho que você não percebeu mas, estamos na mesma turma na escola. Hoje foi meu primeiro  dia.

  De fato,  Artie  não havia reparado no novo aluno de sua turma pois, ele costumava não olhar muito para as pessoas.

— Ah, sim... Eu tenho que ir mas, de qualquer forma  eu agradeço  muito! Se não fosse por você eu poderia ter sido atropelado!

— Tudo bem, não foi nada... Tem certeza  de que não se machucou? Eu posso acompanhar você até sua casa. Eu faço questão!

   Bill não sabia ao certo o porquê, mas, ele sentia uma imensa vontade  de ajudar Artie e ser gentil com ele. Talvez, pensou ele, fosse por conta de tudo que presenciou Artie passar.

— Acho que... Tudo bem. Eu agradeço muito!

— Tá bom, mas... — Bill olhou para sua mão que ainda estava segurando a de Artie.

— Ahh! Desculpa... —Artie respondeu soltando a mão  enquanto sentia que seu rosto ganhava um tom rosado por cima de suas sardas.

   Os dois meninos  começaram a caminhar em silêncio. Ambos sentiam-se quentes por dentro.

 Ambos sentiam-se quentes por dentro

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