62- É importante tentar

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    Já era fim de tarde e Artie ainda não havia conversado com Bill. Eles estavam na sala assistindo televisão.

— Artie, nós não íamos conversar?

— Ah... Sabe, Bill, eu realmente não queria que tivéssemos que resolver nada por enquanto. Já que estamos presos aqui de qualquer maneira e não podemos sair, não adianta decidir nada agora, não é?

— É, até que faz sentido. Assim não nos preocupamos com isso agora. Vamos aproveitar que estamos juntos.

— Que bom que você concorda comigo.

— Eu gosto quando passamos tempo juntos sem pensar em mais nada.

— Eu também.

     Mais tarde os dois jantaram e depois subiram.

— Bill, eu vou tomar banho e depois você pode ir.

— Ah, espera! Eu me lembrei de uma coisa.— Bill disse abrindo sua mochila. — Olha só, eu trouxe aqueles pijamas que usamos na última vez que você dormiu lá em casa.

— Que bom que você se lembrou disso. Eu gostei muito desse pijama.

— Você pode ficar com ele para você.

— Sério?

— Sim. Para você ser sempre a minha cenourinha.

— Obrigado, Bill.

     Logo Artie e Bill já haviam tomado banho e estavam usando os pijamas.

— Bill, vamos dormir agora.
 
— Não estou com sono.

— Mas eu estou. — Artie disse deitando em sua cama. — Vem, deita do meu lado.

    Ele fez o que Artie pediu.

— Pode apagar a luz do abajur, por favor? — Artie pediu.

— Mas você não tem medo de escuro?

— Normalmente sim. Só quando estou sozinho.

— Tem certeza? E se de repente você for atacado pelo monstro das cócegas?

— Monstro das cócegas?

— É. Tipo assim!
 
     Bill começou a fazer cócegas em Artie que começou a rir no mesmo instante.

 — Hahahahhá! P-Para com isso!

— Então você sente cócegas mesmo.  Agora sei um ponto fraco seu.

— Ah, é? Mas eu sei como derrotar o monstro das cócegas.

— Como?

— Assim.

     Artie beijou os lábios de Bill.

— Droga! Acho que fui derrotado. Talvez o monstro das cócegas volte mais vezes só para ser derrotado pelo monstro dos beijos.

— Haha! Isso é tão bobo. Vamos dormir.

— Tá bem, cenourinha. Boa noite.

— Boa noite.

   Bill acariciou os cabelos de Artie até pegar no sono.

    No dia seguinte, já não havia mais neve bloqueando as passagens

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    No dia seguinte, já não havia mais neve bloqueando as passagens. Artie e Bill estavam na cozinha terminando o café da manhã.

— Bill, agora que terminamos de comer, temos mesmo que conversar.

— Você parece nervoso. Você está bem?

— Sim, tá tudo bem. É só que não podemos mais adiar.

— Tá. E então, você tem alguma idéia do que vamos fazer agora?

— Temos que fazer a coisa certa, Bill.

— E qual é?

— Bem... Você tem que voltar para casa. — Artie disse receoso.

— Voltar para casa? Mas, Artie, se eu voltar meu pai vai me mandar embora. Eu não posso ir.

— Eu sei disso, Bill, mas acontece que ele é seu pai. Deve estar muito preocupado. Além do mais, ainda podemos tentar convence - lo a te deixar ficar.

— Eu duvido que ele deixe.

— Temos que tentar. Você não pode se esconder para sempre.

— Artie, você quer que eu vá embora?

— É claro que não! Tudo que eu mais quero é ficar com você.

— Mas está parecendo que você não quer que eu fique.

— Bill, não fale assi-

— Você não se importa que eu vá para longe não é?

     Bill estava exaltado e Artie não sabia o que dizer.

— É a sua família. Você não pode se esconder deles.

— Artie, achei que estava disposto a tudo para ficarmos juntos.

— Mas eu estou. É por isso que vamos juntos falar com o seu pai. Deve haver um jeito de convencer ele.

— Artie, será que você não entende? — Bill perguntou se levantando da mesa. — Os meus pais não gostam de mime e eles não se importam nem um pouco com o que eu quero.

      A essa altura, Bill já estava com lágrimas  nos olhos. Artie nunca havia visto ele chorando.

— De qualquer forma, eu já estou indo. Melhor começar a arrumar as minhas coisas para a mudança. — Bill falou desolado enquanto ia embora.

     Artie queria ir atrás dele mas foi como se não tivesse força alguma dentro de si. Ele não conseguiu dizer ou fazer nada. Alguns minutos depois que Bill saiu, tia Gomercinda foi para a cozinha e encontrou Artie paralisado.

— Artie, tudo bem? Onde está o Bill?

— E-Ele foi embora...

— E pelo que parece, vocês acabaram não resolvendo nada, não é?

— Eu não consegui fazer nada. Eu... Eu não sei o que eu devo fazer!

— Querido, não desista. Tente falar para o pai do Bill como você se sente. Abra seu coração.

— E se não der certo?
 
— Bom, pelo menos o Bill vai saber que você tentou. As vezes tentar e se esforçar é mais importante do que conseguir.

— Tem razão. Tenho que lutar até o fim! Eu não posso desistir do Bill. — Artie disse determinado. — É melhor eu ir logo antes que seja tarde demais.

     Enquanto isso, Bill já estava na frente de sua casa. Ele havia pensado muito no caminho e havia decidido que não ia ceder tão fácil e que nunca desistiria de Artie. Ele iria enfrentar o seu pai e dizer como Artie era importante na sua vida.

— Melhor eu entrar de uma vez. — Ele falou para si mesmo.

     Bill abriu a porta e Bob correu alegremente até ele.

— Oi, Bob! Eu senti saudade. — Ele disse entre as lambidas do cãozinho.

      O pai de Bill o ouviu chegar e foi até a sala.

— Bill?! Finalmente você apareceu!  — Ele estava com um semblante cansado e com olheiras como se não tivesse dormido.

— Oi, pai...

— Onde você estava esse tempo todo? — Ele perguntou abraçando o filho. — Você tem noção de como foi ficar preso em casa e não poder sair para te procurar?

— Não se preocupe, eu estou bem. Fiquei na casa do Artie. Pai, nós precisamos conversar.

     Bill estava determinado. Tudo o que mais  desejava era fazer com que seu pai o entendesse.
 

  

 

Amor e almaWhere stories live. Discover now