40. aquela tarde

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JAMES

Estaciono Lana bem em frente à vitrine de antiguidades. Eu não sabia se as aulas haviam acabado, afinal, eu mal venho a cidade vizinha, muito menos pra aulas de dança como aquela.

Vejo que alguns grupos de idosos saíram animadamente em uma conversa agitada sobre tango. Sorrio ao encostar na porta do carro. Cruzo os braços com corrente fria repentina. Nuvens se formaram bem acima rapidamente. Isso não é um bom sinal.

- O que está fazendo aqui? - me sobressalto com sua voz a poucos metros de mim. Sua roupa era a mesma, porém desta vez, ela usava tênis e um moletom por cima da blusa. Suponho que seja pela mesma corrente fria que senti alguns segundos atrás.

- Ah, vim buscar você. - abro um sorriso.

- Já disse pra não voltar aqui. - lembrou, seriamente. Ela não está brava como sempre fica com minhas provocações, apenas...chateada com algo, e por mais surpreendente que isso possa ser, não era por minha causa.

- Aconteceu alguma coisa? - descruzo os braços, preocupado.

- Só não volta mais aqui, James. Quantas vezes vou ter que pedir? Com licença. - sua voz falhou por um momento, então saiu carregando sua mochila nas costas.

Eu a segui, alcançando seus passos.

- Te fizeram alguma coisa? Foram aqueles caras, não foram? Aquele que conversaram com você na esquina outro dia, eu vi. - solto, palavra atrás da outra.

- São meus amigos de dança, seu idiota. Ele são instrutores em uma escola aqui perto, e são casados. - apressou o passo.

- Ah. - solto. Isso até que me aliviou. Sinto alguns pingos de chuva começarem a molhar meu casaco. - Está começando a chover. Eu posso te dar carona. - insisto, quando a mesma continua a andar me ignorando completamente. - Qual é, Lizzie.

- Não me chame de Lizzie! - Se virou enraivecida. - Você pode ter amado me chamar de Lovelizzie no fundamental, aproveitou o quanto pode, mas a garota que te deixava fazer gato e sapato dela não existe mais. - deu um passo a minha frente - Então, da próxima vez que me chamar por esse nome, novamente, eu acabo com a sua cara.

- Você não teria coragem. - debocho, sorrindo.

- Posso fazer pior. - e sem que eu intervesse, ela me empurra para trás quase me fazendo cair na calçada e solta um grito estridente bem rápido - Não toque em mim! Eu nem conheço você! - eleva a voz, chamando a atenção das pessoas que passavam.

Em Greendale, isso não funcionaria de jeito algum. Todos conhecem todos, e quem visse ela fazer isso comigo, pensaria que estávamos brigando infantilmente mais uma vez desde que nos conhecemos. Mas na cidade vizinha, onde apenas ela frequenta, pode contar com relatos dos seus amigos dançarinos que um perseguidor acompanhado de outros dois rapazes que vieram procurar outra vez a jovem indefesa Monalisa Martinelli.

- Mas que caralhos está fazendo? - abaixo meu tom de voz ao ver algumas pessoas me encarando com feições nas agradáveis.

- Não me provoque. - sorriu falsamente, e se virou.

- Como você volta pra casa? - indago voltando ao seu lado.

- Ônibus. - diz, sem me encarar. A chuva começa a engrossar abaixo de nós, e já estávamos encharcados.

As Estrelas e Outras DrogasWhere stories live. Discover now