13: desculpas para o James

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- Foi divertido. - Miles estaciona o carro do outro lado da rua em frente à casa de James.

- Fizemos um milagre acontecer. - digo empolgada. Analiso o carro limpo e cheiroso como jamais havia visto. Se James não atrair o dobro de garotas com Lana agora, o problema com certeza é ele. - Obrigada, Miles. - agradeço, o vendo levantar as sobrancelhas ao olhar para mim - Não me olhe desse jeito! - rebato o fazendo rir. Sinto minhas bochechas vermelhas por alguns instantes.

- É a segunda vez que me agradece. - bate os dedos contra o volante. Inclino a cabeça confusa quando o mesmo abre um sorriso bonito - Você me agradeceu pela noite passada e pelo carro, mas é você mesma quem fez tudo acontecer. - engulo o seco. O clima começa se intensificar no carro. - Então eu preciso agradecer. - tiro meus pés do painel encontrando seus olhos. Suas íris esverdeadas destacam seus cílios claros, chega a ser hipnotizante. - Obrigada, Kyle.

Eu preciso confessar, Miles é um cara muito bonito. Mas vou ignorar meus hormônios por um tempo. Eu estaria sendo muito pervertida se quisesse ao menos ser tocada por ele agora?

- Bom, acho melhor eu ir. Me dê algum crédito com o carro já que causei parte do prejuízo. - quebra o silêncio pegando sua mochila no banco de trás.

- Como vai voltar para a sua casa? - saio do carro ao mesmo tempo que ele. O sigo até a calçada quando vejo discar algum número em seu celular.

- Acabei de pedir um Uber, não se preocupe. - balançou o aparelho em suas mãos ajeitando a mochila nos ombros.

Cruzo os braços observando a casa de James no outro lado da rua. Ele passou a morar com os tios após a morte dos pais, e desde então não para muito em casa já que odeia que seu tio o pressione para seguir a mesma universidade de direito que sua mãe entrou.

James sente falta dos pais,
principalmente de sua mãe. Acho que o fato de seus tios lembrarem tanto dela por conta da faculdade é o principal motivo dele nunca passar muito tempo em casa.

- Ele não está em casa. - afirmo ciente. O único lugar que ele poderia ir sem seu carro assim que chegasse em sua casa seria...

- Está no lago? - me sobressalto, o olhando rapidamente. Ele ri de minha reação e se apressa em se explicar - Você me contou ontem, à noite.

- Cara, eu nunca mais vou beber. - balanço a cabeça - Você deve saber tudo sobre mim, não gosto dessa sensação.

- Que sensação? - sinto seu olhar sobre mim.

- De me sentir vulnerável quando estou com você. - respondo mais grosseira do que imaginava. Eu estou chateada comigo mesma por ter sido tão descuidada em compartilhar minha vida pessoal com alguém que mal conheço.

- Se arrepende? - o olho de esguelha mordendo o lábio nervosamente. Não quero o ofender, mas não posso dizer que foi a melhor noite da minha vida sendo que não lembro nem a metade do que aconteceu na noite anterior.

- Talvez... - O murmúrio de minha voz foi quase imperceptível com a buzina do Uber que se aproximava.

Miles fita seus tênis antes de me olhar uma última vez. Aprecio seus olhos percebendo a decepção em minha resposta.

- É uma pena. - reprime os lábios me lançando um meio sorriso - Até mais, Kyle. - se despede antes de entrar no carro que o esperava.

O silêncio ao ver o carro se distanciar pela rua larga é irritante. Eu não queria o deixar dessa forma, mas é a única coisa que consigo pensar para afastar as pessoas.

Deixei que Miles descobrisse mais que o suficiente sobre mim. Aproximações amigáveis podem levar à corações partidos. É o que eu penso. E enquanto alguém não me provar o contrário, continuarei assim.

As Estrelas e Outras DrogasWhere stories live. Discover now