CAPÍTULO 14: MÁGOAS

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40 ANOS ATRÁS.

Caminhava por um corredor extremamente escuro a passos lentos, se aproximava de uma porta feita de madeira de carvalho escuro. Abriu a porta calmamente e se deparou com uma mesa gigante e algumas pessoas sentadas ao redor dela.

A sala era iluminada por uma única vela no centro da mesa. Nenhum detalhe relevante era visto nas pessoas sentadas.

A mulher tinha o semblante neutro, chegando a beira do sério, e o vestido preto sem detalhes que usava, acentuou a sua busca por seriedade.

Ela conhecia a todas as pessoas presentes àquela sala. Se encaminhou a uma cadeira, perto de uma outra mulher, a mais íntima dela. Sentou-se e começou seu discurso:

- Agradeço por terem cedido o seu tempo para vir a esta reunião. É de suma importância o assunto desta comissão que realizaremos, assim como é importante o extremo sigilo entre nós.

As pessoas ficaram tensas, conheciam muito bem a mulher e sabiam que era capaz de qualquer coisa para ter o que desejasse, mesmo que discordassem de suas ideias.

- Eu gostaria de criar uma organização para tomar a coroa de Montgomery. - Ela dizia simples, sem sinais de hesitação, o que assustou os convidados.

- Morgana, está louca? Tomar o poder... Para quê você o quer?

- A coroa não é para mim. - Ela levou seus olhos a sua barriga visível de oito meses. Após Sabrina quebrar sua parte do acordo, Morgana se mudou para as proximidades da cidade na Floresta Negra. Sua gravidez estava praticamente em seus últimos dias, assim como sua doença evoluia ainda mais, estava cada vez mais agravante.

Sua pele era coberta por manchas pretas, algumas feridas bem notáveis, sua magia não era forte como antes, o seus olhos não mantinham mais o mesmo brilho, estava apagado. Seu rosto era pálido, mas pálido que a neve. Faltava pouco para seu último suspiro, acreditava durar apenas dois dias após o nascimento de sua criança.

Um sorriso pintou os lábios da mulher ao seu lado. Ela tinha a aparência levemente idêntica a Morgana. Também com cabelos castanhos e um rosto vivido, porém delicado.

- Diga-me, irmã, já sabes se esse neném que carregas é menino ou menina?

- Será menina, eu sinto em meu coração que será menina. E essa menina está destinada a fazer parte da família real. Por isso precisamos conquistar o reino de Montgomery. Só desejo o melhor para a futura princesa de Montgomery.

Morgana olhou sugestiva para a irmã, que se levantou e andou em direção à porta. Ela também se levantou.

- Eu gostaria de tratar dos detalhes, porém, deu que vocês não tem tempo no momento, então marcaremos para outra oportunidade.

Dizendo essas palavras saiu da sala para se encontrar com a irmã. Andou pelo longo e escuro corredor até chegar em sua metade.

- Preciso falar com você. É um assunto que não pode ser adiado. - Sua irmã assentiu, nervosa com o assunto que Morgana gostaria de tratar com ela.

- Eu estou doente, extremamente doente, e apenas não é perceptível pelo pouco de pó que estou usando, e roupas escuras e longas. Não tenho certeza se sobreviverei para criar essa criança. -  Fez uma pausa para a outra mulher absorver a informação.

Sua irmã franziu as sobrancelhas, não acreditando no que acabara de ouvir.

- Eu sei que é repentino, mas eu preciso que você cuide dessa criança quando eu partir.As lágrimas se acumulavam no canto dos olhos da mulher.

- Você não vai morrer, Morgana. Você não pode morrer! É minha irmã e farei de tudo por você e essa criança. - Agarrou Morgana pelos ombros e a chacoalhava enquanto tentava convencer a sua irmã e a si mesma que ela cuidaria da filha. Morgana a afastou rapidamente com medo de lhe transmitir a doença.

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