CAPÍTULO 9: HIGH FIRE

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A rainha se encontrava totalmente pasma, sua filha estava com a cabeça deitada no seu colo aos prantos, totalmente desesperada. Ainda se encontravam em um local público, qualquer um poderia entrar e sair comentando sobre a princesa Marian. Nobres nunca devem demonstrar suas emoções.

Ela olhou a filha com uma mistura de carinho e preocupação e fez a pergunta que coçava na lingua de todos os presentes.

- Marian, olha para a mamãe. - A menina levantou levemente a cabeça e olhou dentro dos olhos da matriarca - Filha, o que aconteceu para você entrar na sala do trono aos prantos? Já lhe ensinei que nós nobres não podemos nos dar o luxo de demonstrar nossos sentimentos. - A menina olhou para Amanda com indignação.

- Vo-você não ouviu o que eu disse? - Indagou a princesa de modo ignorante.

- Desculpa, querida. Você falou baixo demais e eu não consegui entender suas palavras. Mas antes que as diga, vamos a um lugar mais reservado para você poder chorar sem restrições.

Marian assentiu e foi guiada pela mãe portas a fora da sala do trono até o seu quarto. Entraram lentamente e Amanda fechou as portas calmamente. A mais nova sentou-se na cama com as mãos pequenas no rosto, tentando inutilmente secar as lágrimas que desciam abundantes. A mãe sentou-se ao lado da filha e passou os braços ao redor de seus ombros em um abraço para amenizar a dor da menor. Elas ficaram nessa posição por alguns minutos até os soluços de Marian quase desaparecerem, porém as lágrimas ainda eram presentes, porém em menor quantidade. A menina respirou fundo para se acalmar e retribuiu o abraço da mãe.

Assim que Amanda percebeu que a filha se acalmou, passou os dedos delicadamente no rosto de Marian para secar as suas lágrimas.

- Agora que se acalmou, conte para a mamãe o motivo das suas lamentações tão sofridas, minha preciosa. -A mais velha pediu com doce voz. - Marian respirou e olhou no fundo dos olhos verdes de sua mãe.

- Henrique e a família se foram de Montgomery. Não sei como aconteceu, eles apenas partiram. Ele não deixou nem mesmo um bilhete, não deu um tchau, nada. - Disse baixinho, quase como num sussurro.

Amanda arregalou levemente os olhos porém Marian não percebeu pois ainda estavam abraçadas.

- Eu fui me encontrar com ele ontem. Como fazemos todas as quintas, no mesmo horário e lugar de sempre. - Ela fungou levemente - Eu cheguei primeiro e fiquei esperando, porém quando estava a mais de duas horas por ele, me cansei e fui tirar satisfações com ele me dirigindo a sua casa. Eu bati na porta e esperei alguém me atender. Bati umas quatro vezes até perceber algo estranho, as janelas estavam completamente fechadas, o que não é algo comum, pois sua mãe quase sempre se encontra em casa e deixa as janelas abertas. Achei que tinha tido algum imprevisto e precisaram sair para resolver algum problema ou até poderiam ter ido na Igreja. Porém percebi algo que me assustou. Eu olhei rapidamente pelo buraco da janela e quando vi, não havia nada na casa. Nada. Nem uma cama, cadeira ou mesa. Me assustei e bati na porta do vizinho dele para descobrir o porquê disso. Quando ele me atendeu, disse que a família do meu namorado, meu amado namorado, precisou sair às pressas no meio da noite sendo escoltados por alguns soldados que ele não conseguiu identificar de onde eram. Os soldados levaram todos os pertences da casa da família de Henrique e colocaram em uma carroça. Depois levaram todos eles para dentro da mesma carroça e foram levados para algum lugar, distante de Montgomery. - Marian tinha voltado a chorar desesperadamente e percebeu um outro par de braços a envolvendo além dos da sua mãe. O par de braços pertenciam a Eva.

Ela havia entrado no quarto no início da história de Marian, porém somente agora se pronunciou de alguma maneira. Nem mesmo Amanda percebeu a sutil entrada de Eva no quarto onde se encontravam.

MONTGOMERY Where stories live. Discover now