11 - A visita de Mara

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Era terça-feira, ou seja, o primeiro dia de avaliação da segunda categoria dentre as seis que seriam avaliadas pela UFO. Catra estava tendo uma epifania naquele dia.

Diferente da última terça, quando a mesma estava totalmente preparada para sua reunião com Hope e para o início do grupo de artes, nesta em especial, ela estava uma bagunça da cabeça aos pés: talvez não literalmente falando, seu visual estava adequado para alguém moralmente correto - usava o uniforme que lhe cabia melhor, seus cabelos volumosos estavam soltos, mas penteados e seu tênis brilhando de tanto ser esfregado - porém, metaforicamente falando, seus pensamentos e sentimentos estavam uma bagunça. Seus planos de pregar o olho após chegar em casa foram totalmente frustrados no momento em que Adora lhe deu algo mais para pensar durante o resto do dia - o quase beijo que as duas deram no dia anterior.

O que tinha sido aquilo? Adora realmente pretendia beijá-la naquele momento? Não fazia sentido... Tudo bem, havia rolado um clima, mas não era como se fosse a primeira vez que esse tipo de tensão entre elas surgia no ar, das outras vezes no passado Adora nunca havia dado nenhum sinal de que pretendia responder àquela tensão e agora, do nada, ela resolve que seria aceitável respondê-la? Depois de tanto tempo?

Talvez Catra estivesse delirando e não era bem isso que a mais alta pretendia fazer, talvez ela só fosse fazer uma brincadeira ou, se fosse sua verdadeira intenção, talvez para ela fosse algo comum... Pessoas beijam outras pessoas sem significar nada, certo? É normal. Ainda mais para alguém como Adora, que poderia ficar com quem quisesse do colégio, e provavelmente ficava.

Porém, independente de quais eram as explicações para aquele evento, havia sido o suficiente para desestruturá-la. Um sentimento que estava adormecido desde o momento em que ela e Adora deixaram de se falar havia voltado à tona e Catra estava se odiando por deixar isso acontecer. Aquelas malditas borboletas no estômago...

Se fosse qualquer outro momento de sua vida escolar, a morena sem dúvidas não sairia de casa neste dia ou pelo menos não sairia de casa para dar de cara com Adora no colégio. Mas essa não era uma opção, a competição ainda estava rolando e era apenas o começo - Catra teria que aguentar. Com isso em mente, esforçou-se para se levantar da cama.

- Catra. - Shadow Weaver a chamou antes que a mesma saísse pela porta.

- Diga.

A mulher apenas jogou um bolo de cartas na escrivaninha que ficava perto da porta.

- Estes são os boletos que vencem hoje, não se esqueça de passar na lotérica para pagar. - Mandou Weaver, com sua expressão indecifrável e tom de voz nada amigável. - E depois passe no banco para receber a minha pensão, o cartão tá ai.

Catra revirou os olhos e resgatou o bolo, guardando-o na mochila e fechando a porta sem se despedir, rumo à sua bicicleta.

Após alguns bons minutos pedalando, a garota finalmente se aproximou do Bright Moon, mais especificamente de seu estacionamento onde havia uma fileira de bicicletários próximos às vagas de carro. Ao se aproximar o suficiente da curva que precisava fazer para estacioná-la, um carro que vinha sinalizando que daria ré ali ao lado começou a andar, e Catra, por estar perdida em pensamentos, acabou não percebendo a tempo e chocando a bicicleta na lateral do mesmo, caindo com ela no chão e fazendo com que o motorista desligasse o carro rapidamente para vir a seu encontro.

- Oh não, eu sinto muito! - Uma voz feminina e desconhecida dizia, desesperada. - Eu não te vi chegando perto, você está bem?

Catra pressionava o cotovelo que havia ralado no chão, e respondeu, sem subir o olhar para a mulher.

- Claro que não, idiota! Você praticamente me atropelou. - Ela praguejava enquanto se preparava para se levantar.

- Me desculpe! Você apareceu do nada, não deu tempo de parar... Posso te ajudar? - A moça de cabelos castanhos envolvidos em uma trança perguntou, oferecendo um braço para que a outra se apoiasse.

It's MY dream! • CatradoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora