7 - Dois anos antes

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Dois anos atrás...

Havia se passado exatamente três meses desde o início do fim. Pelo menos, era assim que Catra havia feito a contagem dos dias.

Há três meses seu mundo virou de ponta cabeça, há três meses Adora deixou o Colégio Fright Zone, deixou sua antiga casa que era próxima a da morena... e deixou Catra.

Talvez não a tenha deixado completamente, ela apenas havia trocado de colégio e de vizinhança, isso não significava que a amizade das duas havia acabado ou que a garota não era mais importante para ela, bem, isso era o que Adora dizia. Isso foi que ela disse durante todas as discussões passivo-agressivas que haviam tido por causa desse assunto, e Catra mesmo discordando e deixando isto bem claro, tentava acreditar.

Mas as coisas não eram mais as mesmas, as amigas que até então eram inseparáveis não estavam mais tão próximas assim. Nem fisicamente, nem emocionalmente. Adora havia conhecido novas pessoas, descoberto novas coisas, aprendido mais sobre o mundo. É claro, ela estava em uma escola que a fazia sair da bolha que estava acostumada por ter crescido estudando na Fright Zone e isso era algo positivo para ela: o mundo era muito maior do que parecia ser quando estava em seu antigo bairro... e em sua antiga vida.

Mas, apesar do fato de que ver a melhor amiga feliz e realizada lhe deixava feliz por ela, Catra não podia evitar sentir-se um pouco incomodada. Ela não era mais o motivo da sua felicidade, ela nem fazia mais parte desses momentos que faziam os olhos de Adora brilhar. Ela passou a ser apenas uma amiga de infância que frequentava a casa da loira de vez em quando para colocar a conversa em dia, já que a menina andava tão cansada pelo ritmo puxado que mal conseguia responder as mensagens do celular.

Catra não estava satisfeita, ela queria ser parte daquilo, ela queria voltar a ser a maior fonte de felicidade da garota, já que ela ainda era a sua. Queria continuar sendo a mensagem fixada do whatsapp, o motivo de sua desconcentração e queria continuar sendo a pessoa que fazia a loira dar aqueles sorrisos bobos em momentos casuais.

Ela queria tanto, que mesmo com todos os sentimentos ruins que sentia cada vez que Adora contava sobre seus novos amigos, ela permanecia ali para ouvi-la e tentar apoiá-la do melhor jeito que conseguia. Porém, apesar de dar suporte, sempre aproveitava as oportunidades para tentar convencer a loira a voltar ao antigo colégio. Por um tempo ela apenas disfarçou o fato de sentir saudades da amiga, mas ao ver que não iria consegui-la de volta com esta atitude, passou a ser direta e pedir para que ela voltasse com todas as letras. Para a infelicidade de Catra, sua vulnerabilidade não foi o suficiente para fazer Adora mudar de ideia, então, agora tentava convencê-la contando as coisas boas que aconteciam no Fright Zone... E às vezes, quando não tinha nenhuma, ela inventava.

Mas naquele fim de semana em questão, a história tinha sido diferente.

Catra estava no portão da nova casa de Adora, que apesar de ser linda e muito maior do que a antiga, ainda não estava totalmente decorada. Havia demorado cerca de uma hora e meia de transporte público para chegar até lá e estava cansada pela noite mal dormida, mas havia combinado de se encontrar com a loira em sua casa e de forma alguma ela perderia aquilo por causa de um pouco de sono. Quem a atendeu foi Madame Razz, a avó de Adora.

- Catra, querida! Entre, entre. – A idosa abriu o portão para ela e a cumprimentou com dois beijos nas bochechas, da forma que sempre a cumprimentava.

- Boa tarde, Razz. Como você está?

- Estou ótima, minha jovem! Sabe como é, atolada de bagunça na casa ainda, mas logo, logo, vamos terminar de arrumar tudo. – Disse isso e, animadamente, foi caminhando em direção à porta de casa e conduzindo a morena consigo.

It's MY dream! • CatradoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora