Traumas são dificilmente esquecidos ou superados.
Elizabeth Foster, passou por muitos deles. Entretanto, ela não perdeu sua essência de garota doce, o passado lhe mostrou quanto o mundo pode ser cruel e ser quieta era uma das melhores alternativas...
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Ah domingos.
Como eu odeio.
Sempre tive um certo preconceito com domingos, por ser o último dia da semana eu ficava deprimida meu corpo parecia ligar uma função que me deixava entediada com tudo. Não tinha mais nada o que fazer eu já tinha feito todos os deveres da escola, já tinha arrumado o meu quarto, lido, tocado violino e piano, até mesmo, irritar Gandalf eu irritei, fiquei assoprando o seu focinho até ele se dar conta do que eu estava fazendo e ir dormir com minha mãe, ah sim também já tinha conversado com minha mãe sobre o meu dia e ajudado ela com seu trabalho.
Mas nessas horas me vi pensando muito do que aconteceu ontem, passei a conversa que eu tive com Derek o dia inteiro. Percebi que ele não era nenhum pouco do jeito que eu tinha imaginado, na verdade, ele é totalmente o oposto.
Eu imaginava Derek como um garoto mimado e popular que usava sua fama de capitão do time para poder zoar as outras pessoas, contudo, nunca vi o garoto irritar alguém pelos corredores. O Derek que eu tinha imaginado era como os de filme em que se acha superior do resto por ser o Quarteback e capitão do time de futebol.
Me enganei completamente.
Derek é na dele e sempre que eu presencio alguma conversa entre ele ou outra pessoa que é frequente por conta de Luca que é um de seus melhores amigos e namorado de Ben, consequentemente, Derek e Henry se sentam algumas vezes na nossa mesa na hora do refeitório. O que causava uma Emi toda envergonhada por conta de Henry e Derek se ignorando, enfim, mas todas as vezes que ele conversava com alguém era sempre em um tom calmo e despreocupado se ele tinha fama de brigão ou algo do tipo nunca vi ou ouvi falar. Derek se mostrou simpático e tranquilo nessa semana e ele ganhou minha atenção ontem de tarde.
Mais uma vez pensando nisso.
Droga Elizabeth!
Já ia dar oito horas da noite e eu me vejo mandando mensagem para Ben vir aqui em casa, ele topou de primeira e disse que chegaria em vinte minutos.
Também tomei liberdade para chamar Emi e Luca mas os dois disseram que não podem vir por conta dos pais que levaram os dois para um jantar de trabalho, o que me rendeu muitas risadas de Emi que a cada cinco minutos me mandava mensagem falando que estava no inferno e que era para eu a ir salvar. A garota ganhou minha amizade de primeira, ela é... diferente com Emi eu rio e sinto vontade de conversar com a mesma por horas. Uma amiga, é isso que ela se tornou e em tão pouco tempo.
E agora estamos em cima do telhado com uma caixa de bombons eu estava sentindo muita falta disso, em Hivehossel ficávamos horas conversando ou em silêncio. Era bom, eu podia esquecer o inferno que eu vivia naqueles momentos.
— Você nunca me disse como conheceu o Luca. — Digo me deitando na toalha estendida. Ele abre um sorriso imenso e passa a mão nas madeixas loiras.
— Verdade, se prepare então é uma história e tanto. — ele coça a garganta, me sento abraçando os joelhos preparada para a história — Bom, eu já estava aqui há seis meses e nunca tinha ouvido a falar dele, Emi ficou minha amiga desde do primeiro dia de aula o entanto. Em um dia ela estava na minha casa fazendo trabalho e do nada ouço uma buzina alta, claro que eu fiquei cagado já achando que era um assalto ou algo do tipo.
"Mas, era somente um Luca com fogo nos olhos puto com Emi, a garota não avisou onde estava ou com quem estava e Luca é como um irmão mais velho super protetor, ele achou que eu era mais de uns dos peguetes de Emily, coitado. Mas enfim ele chegou em minha casa me ameaçando se eu tocasse de novo de Emily ele iria arrancar minhas bolas, eu como sempre, comecei a rir muito junto com a Emily. Qual é todos os gays tem gaydar, Luca ficou sem entender nada e ficou mais puto ainda, no fim ele levou Emi embora. No outro dia na escola eu estava de boa no meu armário quando ele simplesmente se escorou ao meu lado, pensei que de fato ele iria cumprir a promessa que ele fez no outro dia. Mas, ele somente se desculpou pelo seu comportamento na outra noite dizendo que não foi legal. Depois disso a gente começou a andar junto e a cada dia mais próximos, até que a gente se beijou...e bom foi só avançando felizmente."
Ben termina de contar com um sorriso bobo no rosto e os olhinhos brilhando.
— Lucas é intimidando quando você o conhece pela primeira vez. — confesso sorrindo.
— Né? Eu achei que ele realmente iria arrancar minhas bolas naquele dia.
Gargalhamos juntos, Ben sempre foi atiço nunca ligava para os outros ou o que eles falavam. Me surpreende Luca der dado um pouco de medo nele.
— E como você está? Lidando com a escola nova, cidade nova...deixando o passado para trás? — ele questiona. Suspiro baixinho e me deito no lençol.
— Estou bem, na verdade, estou muito bem. Ultimamente eu estou mais feliz e...e às vezes esqueço do passado. Mas as vezes as lembranças vem a tona.
— Isso realmente é muito bom, mas...notei que você não está comendo muito. — ele diz se deitando ao meu lado.
— É complicado, eu realmente não sinto fome ou fico enjoada com a comida. A doutora disse que é normal sabe, meu corpo está voltando ao normal lentamente. Aprecio a preocupação.
Seus olhos amendoados se voltam para mim e ele assente, por um momento eu acho que ele não vai responder, mas ele logo sussurra:
— Eu me lembro, lembro de tudo. Como aos poucos você foi se afastando, como foi ficando magra e como foi...se desfazendo aos poucos. — engulo em seco — Quando eu vi o que ele estava fazendo com você, quando eu vi pelo o que você estava passando...Beth...eu quis morrer. Porque eu me culpava, me culpava por não ter percebido antes, por não ter notado antes. Porra...eu...deveria...
Ele se engasga com as próprias palavras. Me sento e seguro sua mão junto com a minha.
— Não o culpo, Ben, não tinha como você saber e...e eu não podia te contar. Eu tinha medo mas eu realmente devo tudo a você, nunca me abandonou e sempre ficou ao meu lado e me tirou daquele inferno. Devo a você, devo minha vida a você.
— Não me deve nada, você é minha amiga e é isso o que os amigos fazem.
Não respondo somente o abraço. Depois de alguns segundos desse momento eu me viro para ele e sorrio alegremente.
— E que tal se víssemos Creed?
Ben da um pulo se levantando estendendo a mão para mim sorrindo.
— O um ou dois? Faço de tudo, minha cara amiga, para ver o tanquinho do Michael B.Jordan — aceito sua mão e me levanto — Só não conta ao Luca.
Gargalho do seu último comentário e entramos no quarto.
E a noite toda vimos filme até o mesmo ter que ir embora.
Ah sim, era uma das coisas que mais sentia falta. Afinal, ele sempre esteve ali, sempre arrancava um sorriso. E eu o amava por isso.
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