46|O meu anjo

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Felicidade

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Felicidade.

Aquele respingo que estava em meu corpo é tomado de mim sem minha concessão. Eu estou afogando novamente, minhas mãos tremem, meu corpo está rígido, minha garganta está seca e meu estômago está dando voltas.

As paredes que eu construí ao longo dos meses são bombardeadas e aquele processo demorado de tijolo por tijolo cai com um simples sussurro.

Os fragmentos voam ao meu redor como um lembrete:

Ele iria chegar em você mais cedo ou mais tarde.

Eu sabia, mas eu ignorei porque estava feliz demais para pensar em alguma coisa que me deixaria desolada. Fui egoísta com as possibilidades.

Porque é exatamente assim como eu me sinto nesse exato momento.

De.so.la.da

Virei cega em tiroteio e apenas com um único click do gatilho já estou estatelada no chão com uma dor visceral. Eu queria estar morta, eu queria nunca mais ter que ouvir essa voz, eu queria nunca mais ter que ver seu sorriso ou seu rosto.

Eu queria matá-lo.

Queria me matar, para não causar mais estrago. Eu sou um grande erro, uma tempestade em meio ao mar que arrasta tudo ao meu redor, afundando-os para baixo comigo.

Seu corpo magro e alto continua o mesmo, o sorriso de bom homem ainda está ali o sorriso que enganou a todos. Os cabelos estão curtos, mas ainda assim me remetem memórias desagradáveis. A pele pálida está com um pouco mais de cor ,e, se eu não o conhecesse bem, acharia que o sorriso é animado; feliz por ver sua filha.

Mas eu o conheço.

Dou um passo para trás limpando minha boca enquanto ele dá um para frente.

— Você está me seguindo. — concluo em um sussurro de voz.

— Você mudou — ele não nega minha afirmação, o que faz minhas pernas virarem gelatina — Uau, veja você! Não está magra que nem uma doente — um tapa vem a minha memória — Não está mais escondida sob camadas de roupas — outro tapa na minha memória — Tem namorado — ele ri — Como você mudou filha.

Não sou sua filha. — minha voz sai firme não sei como, e ele franze o cenho.

— Ainda continua insolente. Tsc, tsc. Você é minha filha.

— Eu não sou. Você parou de ser meu pai há muito tempo. Eu tenho nojo de ter um pai como você.

— Elizabeth. — ele rosna e eu recuo igual a uma criança.

Igual a uma criança medrosa.

Meus olhos enchem d'água. Igual uma criança.

E meu corpo treme com seu tom de voz. Era sempre esse tom de voz quando eu fazia algo que ele não gostava.

ARE YOU WITH ME? (FINALIZADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora