Capítulo 11 - Roupas novas, sangue e baunilha

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Já haviam se passado cinco dias, desde que Harry Potter havia atacado Draco Malfoy no banheiro dos monitores. Desde que havia recebido alta, Malfoy havia se isolado ainda mais do mundo, raramente aparecia no salão principal para as refeições, e só aparecia nas aulas e nos treinos de Quadribol. Desde que Gina havia ido visita-lo, não tinha mais a visto, sempre que acabava por trombar com a garota, inventava alguma desculpa de que tinha muitos trabalhos para entregar e muita coisa para estudar. Passava grande parte do tempo na sala precisa, o armário estava quase pronto. Em breve, o plano de Draco Malfoy se concluiria, e ele estaria livre das mãos do Lorde das trevas.

Era quarta-feira, Draco havia acabado de sair da aula de historia da magia, seus olhos estavam cabisbaixos, ele andava se arrastando. Mal falava com seus amigos da Sonserina. Por vezes, só queria desaparecer.

- Draco – o garoto fechou os olhos ao ver quem caminhava em sua direção.

- Gin – ele forçou um sorriso.

- Precisamos conversar – a garota falou se aproximando.

- Eu – o garoto gaguejou – Tenho umas coisas para resolver.

- Por favor, Draco – a garota praticamente implorava.

- Ok – ele falou sem nenhuma expressão em seu rosto – Vamos para as masmorras, lá podemos conversar.

A garota concordou, e eles caminharam até as masmorras em silencio. Draco não pegou na mão da garota, o que a deixou extremamente incomodada. Ao chegarem nas masmorras, onde normalmente acontecia às aulas de poção, a garota se sentou em uma mesa e começou a falar.

- Eu te fiz algo Draco? – Gina falou olhando para suas mãos – Eu disse algo?

- Você não fez nada ruivinha. – o garoto permanecia em pé, sem demostrar nenhuma emoção.

- Então porque está distante? Você mal fala comigo desde que saiu da enfermaria – ela ainda olhava para suas mãos – Você me culpa pelo o que Harry fez?

- Não Gin, você não tem culpa por Potter ser um babaca.

- Então porque tá tão distante? Eu pensei que as coisas estavam bem entre a gente. Sabe, passamos por uns bocados juntos.

- Eu só ando ocupado.

- Eu sei que não é isso – agora a garota olhava para ele. – Sei que tem algo, seus olhos Draco, da pra ver que tem algo de errado.

- Eu sou o erro Gin – ele falou baixinho.

- Eu não entendo. O que está havendo?

- Já disse que não é nada Weasley.

- Eu sou uma imbecil mesmo.

- Gina, para – o garoto se aproximou – Não tem nada de errado com você. Eu só ando ocupado.

- Se você não quer me ver Draco, é só falar. É só falar que eu te deixo em paz, e nunca mais volto a te procurar – agora ela voltou seu olhar para suas mãos.

Não, Gina Weasley não poderia se afastar, ela não podia. A garota cabelos cor de fogo, era a única migalha de bondade que havia na vida do garoto. Uma mísera migalha. Mas que poderia ser capaz de saciar seu desejo de se sentir VIVO.

- Não, por favor, Gin, não – pausa – Não se afaste.

- Então o que você quer Draco? Porque eu realmente não estou entendendo.

Draco Malfoy tinha duas escolhas. Ele poderia abrir o jogo para a garota, e contar tudo que estava acontecendo. Poderia se entregar, e suplicar pela misericórdia da garota. Ou, poderia fingir que nada estava acontecendo, e viver uma vida diferente, ao lado da garota. Mesmo que fosse moldada a mentiras e segredos, e claro, que Draco Malfoy jamais escolheria a opção de suplicar por piedade.

- Eu quero uma vida normal Gin – ele se aproximou – Eu quero viver em um mundo onde eu não precise esconder meus sentimentos. Onde eu não tenha que esconder quem eu sou. Eu só quero uma vida normal.

Um traço de quaisquer aluno da Sonserina, era manipulação. E o poder de se fazer de vítima para conseguir o que queria. E naquele momento, Draco Malfoy queria mais do que tudo, ter a garota para ele.

- Mas você não precisa esconder nada de mim Draco – ela voltou o olhar para o rosto do garoto – Sabe disso.

- Se você soubesse o que se passa dentro de mim Gin, não pensaria assim.

- Então me diga Draco. Diga-me o que tá te incomodando. Eu não suporto te ver passando pelos corredores, não suporto quando você me ignora. Pelo menos me diga o por que.

- O problema Weasley, é que eu não suporto estar perto de você, e ao mesmo tempo, não estar com você – ele falou se aproximando ainda mais da garota.

- O que quer dizer com isso Draco?

- O que quero dizer Gin, é que – pausa – eu – pausa – tenho sentimentos por você.

A garota ficou em silencio. Parada. Observando cada detalhe do rosto do garoto.

- Você tem sentimentos – pausa – por – pausa – mim?

- É Weasley. Eu gosto de você.

- Roupas novas, baunilha e sangue – foi à única coisa que a garota disse.

- Que? – o garoto parecia confuso e irritado. Havia acabado de se declarar para a garota, fato que evidentemente terminaria de ferrar sua vida, e a única coisa que ela responderá foi três palavras totalmente aleatórias?

- Roupas novas, baunilha e sangue – ela repetiu – É o cheiro da minha amortentia Draco. – pausa – É o seu cheiro.

Há alguns dias atrás, na aula de poções, a turma da ruiva preparou a famosa poção do amor, Snap explicou que cada um sentiria um cheiro diferente, o cheiro daquilo que mais te atrai. Como, nesses dias Draco estava evitando-a, ela não soube muito bem como lidar quando sentiu o cheiro de Sangue, roupas novas e baunilha, ela tentou diversas vezes puxar uma conversa com o loiro, que sempre dava uma desculpa. Ela nunca imaginou que Draco seria o primeiro a expor seus sentimentos, o que a deixou extremamente feliz, com o coração acelerado e as pernas bambas. Draco sentia o mesmo que ela. Draco gostava dela. E Gina Weasley obviamente estava completamente apaixonada por Draco Malfoy.

O garoto ficou perplexo. Não conseguiu segurar sua pequena sensação de felicidade, e pela primeira vez em meses, sorriu, sorriu de verdade. Eles ficaram em silencio por alguns segundos, encarando um ao outro. Até que Draco se aproximou da garota. Segurou o quadril dela e a beijou. Ali tudo fazia sentido. Era como se ele tivesse vivo para viver especificamente aquele momento. Ambos sentiam-se completos. Com borboletas no estomago. E fogos de artifícios na cabeça. Era como se fossem feitos um para o outro.

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