Capítulo 15 - Por que você está na banheira vazia?

819 92 471
                                    


O ambiente cheirava a lavanda (ou o que Harry sabia, graças a todos os anos de insistência de sua mãe em dizer que aquela deveria ser a "fragrância da família", que era lavanda mas nunca conseguiria identificar) e era iluminado pelo grande lustre da sala de visitas de Desmond e Anne, além de pequenas velas que ornamentavam as mesas para os convidados.

Harry tinha chegado alguns minutos mais cedo à pedido de seus pais, motivo pelo qual ainda não tinha encontrado com Louis (ou qualquer um que não fosse Liam e Niall) em seu aniversário. Deveria fazer o papel de anfitrião em uma festa pela qual não pediu e receber os convidados que não conhecia ou que se lembrava vagamente de forma educada, e não poderia estar mais desanimado.

Mas então tinha aquela pequena chama dentro dele. O pequeno calor que vinha com a consciência de que veria Louis e teria a chance de, mesmo de longe e de maneira bem menos carinhosa que desejava, agradecê-lo, não só pelo presente que salvou seu dia, mas também pela sua presença naquele lugar que insistia em não ser casa.

Encontrou seus pais na sala de estar ao lá, cada um deles já com uma taça em mãos.

- Feliz aniversário, querido! - Sua mãe foi a primeira a se levantar enquanto seu pai continuava sentado no sofá. Ela o deu um abraço e um beijo que não encostava os lábios na bochecha de Harry, para não manchar o batom. - Esperamos que você aproveite a noite.

A relação de Harry com a mãe era... morna. Ela não o entendia em certos aspectos, como sua sexualidade (insistia em explicar para quem perguntasse que seu filho era bissexual) ou sua vontade de viver sem ostentar o dinheiro que tinha em qualquer oportunidade, mas o respeitava e defendeu Harry durantes as brigas mais sérias que teve com seu pai, o que era suficiente.

- Obrigado, mãe. Tenho certeza que vou. - Ele sorri pequeno sem saber como agir agora que, provavelmente, receberia parabéns de seu pai.

Abraços não eram muito comuns entre os dois (aconteciam apenas em três situações: aniversários, Natal e Ano Novo) e, por isso, quando Desmond se levanta e dá um abraço de lado e sem jeito, Harry fica rígido mas tenta abraçar de volta.

- Parabéns, Harry. Aproveite os vinte anos. - Em uma de suas mãos, o homem tinha uma caixa de veludo com um pequeno laço dourado colado no topo. Mais uma joia, Harry sabe. - Aqui. - Ele entrega para o filho.

- Obrigado, vou sim. - Ao abrir cuidadosamente o recipiente, Harry percebeu que era o mesmo relógio que ganhou de Natal. Não da mesma marca ou coleção, mas exatamente igual. Ele sorriu falso e agradeceu mais uma vez.

Sabia porque isso tinha acontecido: seu pai não tinha comprado nenhum dos dois presentes, provavelmente delegou a tarefa a algum de seus assistentes que, desatento ou indiferente, comprou o mesmo relógio no nome de Desmond. Mesmo assim, Harry imaginou, apenas por um segundo, seu pai como um daqueles personagens de revistas em quadrinho ou desenhos para criança que usam sempre a mesma coisa, como se ele tivesse um estoque de Rolex's para distribuir por aí.

O presente de sua mãe tinha chegado mais cedo e ele tinha gostado. Era uma cafeteira nova com várias cápsulas de todos os sabores para sua cozinha. Harry não era exatamente um amante dos cafés expressos ou super fortes que lhe tinham sido presenteados, mas gostava daqueles mais suaves e sabia que Louis apreciava fortemente uma boa dose de cafeína.

- Gemma já chegou? - Harry perguntou, já subindo as escadas rumo ao quarto reservado para a irmã no apartamento dos pais.

- Já, sim. Está se trocando no quarto, dá pra acreditar? - Sua mãe responde com uma risada,uma velha piada entre os três porque a irmã era sempre a última a ficar pronta.

Paper RingsWhere stories live. Discover now