Capítulo 14 - Menino-antagonismo

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"Oi, Harry.


Era a manhã do aniversário de 20 anos de Harry. Louis tinha enviado um arquivo de áudio horas antes dele acordar, com uma mensagem que dizia "Feliz aniversário, Harry. Te vejo mais tarde com mil beijos de parabéns pra compensar a falta de um presente." e a mensagem por si só já fez o garoto sorrir.

Os últimos quinze dias, desde o retorno de Washington, tinham sido nada menos que memoráveis. Ele e Louis passavam horas juntos todos os dias, se fazendo companhia nas tarefas da faculdade e nos lazeres que escolhiam.

Por algum motivo, talvez toda a honestidade (dourada, dessa vez), esses dias se pareceram com o final de um filme para Harry. O momento exatamente antes dos créditos em que tudo está bem e não importa realmente o que vai acontecer depois daquilo porque houve um momento em que tudo esteve em seu devido lugar. A sensação quente no peito e a certeza de que as marés são imprevisíveis, mas ele tem as ferramentas para remar.

Ele acordou cedo, animado com a surpresa que Louis tinha contado que faria. Não tomou café nem abriu as cortinas, só pegou os fones de ouvido e, depois de agradecer os parabéns com um "Obrigada, Chérie. Preferiria os beijos do que presentes a qualquer momento", deu play no áudio.


Meu Deus, que bobeira fazer isso.


Ele escutou Louis rindo e quase conseguiu imaginá-lo corando.

Harry ainda estava deitado na cama, mas Louis já se arrumava para ir para a primeira aula da manhã, nervoso, esperando uma resposta, porém certo de que tinha feito o que seu coração pedia.

O maior tinha alguma suspeita do que estava prestes a ouvir. Lembrava de ter comentado alguns dias atrás que queria a voz de Louis lendo um audiolivro (hábito que ele estava tentando adquirir: todas as manhãs escutava dez minutos do livro que tinha comprado e até o momento não tinha falhado nenhum dia). Por isso, pensava que nos próximos segundo Louis iria começar alguma história ou leria um de seus poemas quilométricos e faria comentários ocasionais para facilitar o entendimento de Harry, como fez algumas semanas atrás quando os olhos verdes se mostraram curiosos sobre o que Louis lia para as aulas.

O que ele realmente estava prestes a receber, contudo, significaria muito mais que a voz rouca e açucarada de Louis lendo um livro pela manhã.


Antes de começar de verdade, preciso fazer algumas observações.


Obviamente Louis teria observações. Harry riu porque era tão Louis querer especificar detalhes de seu presente. E ele ficaria irritado se fosse qualquer outra pessoa, odiava opiniões não solicitadas, mas se viessem de Louis ele aceitaria todas, porque sabia que o outro não fazia por arrogância ou superioridade. Era só seu jeito, atencioso aos mínimos detalhes e querendo que a experiência fosse vivida tão intensamente quanto foi imaginada.

Louis teve observações alguns dias atrás, quando Harry o mandou uma mensagem perguntando se ele já sabia. Louis já sabia, porque tinha ido com Niall até a farmácia, estava fazendo companhia para o novo amigo enquanto ele tentava criar coragem para puxar conversa com a nova atendente do caixa 3. Ele já sabia porque, no caminho entre os corredores, fingindo escolher algum remédio para a dor de cabeça que não tinha, escutou Niall dizer do corredor ao lado:

- Taylor?

A mente de Louis ligou os pontos imediatamente e o mais sensato a se fazer era ir até lá e se apresentar como o quase adulto que era (ainda se recusava a acreditar que, só porque o primeiro dígito de sua idade tinha deixado de ser 1, era menos adolescente) ou talvez até ir embora e deixar que os dois se resolvessem, mas Louis ficou. Louis ficou e assistiu de longe, tentou aguçar sua audição e bisbilhotar a conversa através de todas as bulas e caixinhas de papelão.

Paper RingsWhere stories live. Discover now