Capítulo 3 - Você acabou de citar High School Musical?

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Um sentimento estranho crescia no peito de Louis, como se um interruptor tivesse sido trocado de extremidade e agora ele estivesse no escuro. Essa era a primeira aula que ele não assistia em um ano e meio e mesmo que estivesse tranquilo perdendo uma explicação importante de seu professor, Harry não tinha esclarecido nada além do fato de que ele deveria estar ali novamente daqui a vinte minutos. Ele se pergunta se deve trocar de roupa mas que lugar em Nova York pode pedir algo mais formal que camiseta e calça jeans às oito da manhã? 

Ele volta pro dormitório apenas para escovar os dentes mais uma vez depois de ter tomado o café duplo a caminho da aula, mas acaba passando metade do seu tempo se olhando no espelho e analisando cada detalhe de sua aparência, pensando se seria suficiente estar levemente arrumado ao lado de Harry. E se ele não gostasse de Louis quando ele não estivesse sendo Só Louis? 

Enquanto esperava até poder voltar para o corredor, se esforçou ao máximo para que sua mente não fizesse o mesmo caminho de sempre: não queria pensar demais, não queria criar os piores cenários na sua cabeça e, principalmente, não queria ficar nervoso. Mas talvez já fosse tarde demais pra todas essas coisas. 

Ele imagina pra onde Harry vai levá-lo e se ele vai se sentir confortável ou não, a última sendo mais provável. Imagina se ele vai falar as coisas certas ou se Harry vai se cansar dele em meia hora. Imagina se eles vão ter assunto suficiente, se ele vai saber causar uma boa impressão, se ele vai ser tratado bem uma última vez antes de ser dispensado. Se ele era suficiente para sair por aí com alguém como Harry Styles. 

Por isso ele quis o segredo. Não queria a pressão de ter que se explicar para ninguém, não queria lidar com os olhares e com os sussurros de pessoas que não o conheciam se perguntando o que alguém como Harry estava fazendo andando pelas ruas com um completo anônimo. Parte dos seus devaneios eram bons também, mas até esses ele levava para o lado ruim. "E se as pessoas falarem que ficamos bem juntos? Que daríamos um bom casal?", ele cogita, "Então Harry riria e diria que não somos um casal, que ele não namora e que eu sou só mais um dos garotos que entretém seu tempo livre", ele mesmo responde. 

Como se entendesse que Louis entrava em uma espiral da qual não conseguiria sair, Harry manda uma mensagem dizendo que estava a caminho, fazendo com que ele se levante da cama, respire fundo e repita antes de abrir a porta "Controle as coisas que você pode". 

Então ele anda até o mesmo lugar de sempre, onde todas as segundas ele achava um bilhete e onde agora tinha alguém esperando por ele. 

- Está pronto? - ele pergunta com um sorriso no rosto. 

- Vamos, antes que eu mude de ideia.

- Você não faria isso. - Harry coloca a mão no peito em falsa indignação, já guiando Louis até o elevador. 

- Então, pra onde a gente vai? - Ele olhava para Harry através do espelho do elevador e apesar de ver que ele também estava vestido casualmente, com uma calça skinny preta e uma camiseta de flanela xadrez, sente a necessidade de dizer - Se eu estiver muito desarrumado a gente sobe de novo e eu me troco rapidinho, não quero passar vergonha. 

- Você está perfeito, não se preocupe. - A frase é concluída com o ding que indicava que eles haviam chegado no térreo. - Meu carro está pra esse lado, vem.

Eles andam alguns metros e Louis vê uma BMW de longe e pensa "mais um filhinho de papai da NYU que ganhou um carro de presente como se fosse algo normal". Quase fala isso em voz alta mas se controla quando vê Harry tirar as chaves do bolso e apontar na mesma direção que sua crítica, ligando o veículo.

- Você tem uma BMW?

- Uhum. - Ele responde casualmente meio que confirmando a teoria de Louis.

Paper RingsWhere stories live. Discover now