The Secrets of a Little Lady

XVIII

Com a chegada da semana do tão esperado baile em Mayfair, o ânimo das damas e dos cavalheiros mais afortunados da metrópole se encontrava extremamente aguçado, festivo e ligeiramente ansioso. A agitação desgovernada nas ruas da capital inglesa era muito visível e significativa. Os empregados de nível superior dentre a criadagem, transitavam pelas vias públicas com a devida rapidez e prontidão na busca de encomendas prévias e no auxílio das compras dos mais variados artigos de luxo, que satisfaziam com toda a pompa os gostos e o esnobismo caprichoso de seus patrões.

Os compradores de última hora, disputavam o curto espaço das boutiques com os pobres subalternos e as suas extensas listas de afazeres em mãos. Recém chegados, viajantes e desprecavidos, compunham a "odiosa" listagem dos clientes de última hora: um grupo mais desfavorecido, que recebia o total desprezo da alta estirpe londrina. Os ditos nobres, planejavam as suas compras e encomendas primorosas com a antecedência ideal que uma boa confecção os exige. Aqueles que possuíam uma renda anual inferior e, naturalmente, um menor prestígio social, eram obrigados a se abster de uma porção razoável de firulas e gracejos pomposos da moda vigente. Entretanto, a presença de tais indivíduos era tolerada nos bailes públicos e, a depender da influência de suas boas relações pessoais, poderiam se juntar ocasionalmente aos bem-aventurados.

Os novos ricos e os comerciantes mais prósperos, também se juntavam a estas ocasiões. Em uma busca constante e desenfreada para alcançar a estima da alta classe e algumas regalias notáveis, junto aos detentores de maior poder e renome no salão. Acordos financeiros, matrimoniais, políticos e outros com menor decência e pudor entre ambas as partes, poderiam ser firmados e discutidos nesses ambientes. Contudo, era um excelente momento para a socialização. Os rapazes solteiros e as donzelas, trocavam suspiros apaixonados e olhares galantes, enquanto dançavam e faziam uma avaliação discreta e minuciosa nos predicados admiráveis de seu par. As moças, possuíam uma maior liberdade para a conversa e o cortejo, pois, estavam mais distantes do ávido controle de suas mães, preceptoras ou damas de companhia.

Ter uma filha apresentada à sociedade, antes de tudo, era um grande investimento efetuado pelo pai da jovem dama. Quantias exorbitantes eram gastas em um baile de apresentação, com todos os preparativos e as exigências corretas ao esplendor do evento. Aqueles que não eram residentes na capital, deveriam arrendar uma boa casa com boa localização durante o tempo que permanecessem na cidade. Sem contar no vestiário completo de todos os integrantes da família, que deveria seguir a última moda da costura de Londres. Para as debutantes mais singelas, não havia a possibilidade de uma ínfima decepção às expectativas e aos bens gastos de seus progenitores, tinham que conseguir um bom casamento. Acaso possuíssem "amores da mocidade" que não correspondem aos anseios familiares, ele teria de morrer. Soterrado, apagado e contido. Até que por fim, desapareceria.

Os domínios da honrada família Hall, também estiveram preenchidos pelo frisson dos burburinhos sobre a proximidade do baile. As encomendas das damas foram entregues aos cuidados da senhora da casa antes do dejejum. Por sorte, o lacaio dos Hall, possuía certa experiência com o tumulto gerado pela clientela tardia. Sendo assim, tomou o caminho para a boutique da madame de Poitiers com antecipação, onde foi um dos primeiros a entrar e a sair do estabelecimento. Por a eficiência de seus serviços prestados à patroa, o rapaz, recebeu uma generosa quantia de libras como gorjeta.