Com nossas bandejas de lanche em mãos, começamos a andar em direção a mesa de costume, enquanto conversamos sobre as primeiras aulas do dia. Conto que, mesmo estando apenas na segunda semana de aula, a professora de português já passou um trabalho onde cada aluno terá que fazer uma crônica com nossa cidade como cenário, que deve ser entregue após a semana de Carnaval. É incrível a capacidade que os professores têm de acabar com um feriado.
— CUIDADO! – ouço o grito a poucos metros de mim, mas antes que eu possa processar o que está acontecendo, sinto algo atingir minha cabeça em cheio e caio no chão sentada, com bandeja e tudo, bem no meio do pátio.
— Ai! – Levo a mão a minha testa latejante, onde a bola de couro bateu sem dó nem piedade.
Tento abrir os olhos, mas quando faço isso e vejo tudo meio embaçado, volto a fechá-los com força.
— Amiga, você está bem??? – Sinto que Cris se abaixou ao meu lado.
— Eu…
— Me desculpe – uma voz masculina me interrompe.
Eu já ouvi essa voz!, penso, sentindo meu coração acelerar
Volto a abrir os olhos e encontro nada mais, nada menos que Paulo Dias de pé bem na minha frente.
Paulo Dias está perto de mim. Falando comigo. Me olhando diretamente, ainda por cima.
Acho que a pancada na cabeça foi mais forte do que eu tinha imaginado...
Pisco, entorpecida. Meu pulso acelera e tudo ao meu redor deixa de existir por um milésimo de segundos. Não deixo de reparar em como ele é infinitamente mais bonito assim, bem de perto.
Mas o encanto vai embora quando sinto um beliscão forte no meu braço.
— Ai! – olho para Cristine, sem entender o motivo da agressão, e encontro seus olhos verdes me olhando com preocupação genuína.
— Me desculpa. Você não me respondeu, achei que tivesse tido um traumatismo ou algo assim.
— Juro que não foi por querer – Paulo fala e também se abaixa para ficar na mesma altura que eu. Ele agarra a bola que me acertou, entregando-a para alguém que não presto atenção de quem se trata, pois estou ocupada demais tendo um surto interno. — Você está bem?
Tento achar voz para responder, mas ela provavelmente resolveu tirar umas férias em Dubai.
Não dá para acreditar que na primeira vez que o Paulo fala comigo, é para se desculpar por ter me acertado com uma bola de futebol. Eu deveria considerar isso como sorte? Minha testa latejante diz que é exatamente o oposto.
— Acho melhor levá-la até a enfermaria – a voz de Cris me traz de volta a realidade.
— Não precisa! – falo rápido, o que faz minha cabeça doer ainda mais.
Não posso permitir que o colégio ligue lá pra casa e avise que eu me acidentei. Do jeito que minha avó é quando o assunto é doenças, machucados e acidentes, vou acabar passando o resto do dia presa na cama, entupida de chá amargo e canja de galinha sem sal.
— Tem certeza que está bem? Tem uma marca vermelha bem preocupante na sua testa – prendo a respiração quando vejo Paulo levantar a mão e aproximá-la do meu rosto.
Ai. Meu. Deus.
Eu vou ter um derrame.
Para meu completo desgosto, ele para o movimento no meio do caminho e sorri meio tímido, abaixando a mão novamente.
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Do Que o Amor é Feito | Amores Platônicos 01
Teen FictionO que você faria se um estranho descobrisse um segredo seu? Heloísa nutre um amor platônico pelo mesmo garoto há quase três anos. Ela nunca criou coragem para declarar seus sentimentos para Paulo, nem para contar sobre isso a ninguém. Mas ela não...
Capítulo 07 - Um caso perdido de amor platônico
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