6 | um grande caos

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— Você tá bem?

— Tô ótima, James — chiei.

— Seu irmão tá puto e querendo quebrar a cara do Liam. — Ele se encostou ao meu lado.

Quem? — Franzi o cenho, confusa sobre quem era Liam.

— O cara que te forçou. Ele te machucou? — perguntou, me medindo com os olhos.

— Não, tô bem — traguei o cigarro e soltei a fumaça para o alto.

Ryder me deu mais uma olhada, como se estivesse conferindo se estava mesmo tudo bem, e andou de volta até a porta.

— Entra, não fica aí sozinha, não — disse antes de entrar, deixando a porta bater atrás de si.

Terminei meu cigarro calmamente, aproveitando os minutos sozinha para deixar a irritação desvanecer. Quando ele chegou ao fim, joguei a bituca no chão, a apagando com a ponta da bota, e adentrei a boate, passando pelo mar de gente e indo até o sofá onde os garotos estavam.

TJ e Chad estavam de volta, fumando com James, e Nathan estava de pé próximo dali, bebendo uma cerveja e conversando com um cara que eu não conhecia. Peguei uma garrafa ainda cheia na mesa e me direcionei para a pista, onde voltei a dançar e beber até finalmente sentir meu corpo entorpecido pelo álcool.

Dançar me trazia a liberdade que eu tanto queria sentir na vida. Quando eu me movia ao ritmo da música sentia cada célula do meu corpo pulsando com uma energia renovadora. Era como se toda a pressão e o estresse do dia a dia simplesmente desaparecessem no momento em que me entregava à música.

Não sei quanto tempo mais nós ficamos na Hunter, mas quando dei por mim os garotos já estavam se preparando para ir embora e TJ passava o braço pelo meu pescoço, me guiando até a saída. A boate já estava praticamente vazia, indicando que já devia ser quase de manhã, e eu nem havia me dado conta daquilo até aquele momento.

TJ se afastou, andando na minha frente, e eu os segui até a porta, acendendo outro cigarro durante o percurso. De canto de olho notei um grupo de caras me olhando, um deles cruzou os braços, ajeitando a postura quando passei, e não precisei virar o rosto para reconhecer o otário do Liam. Eles estavam bem ao lado da porta, próximos o suficiente para que eu pudesse ouví-lo quando pus meus pés na calçada:

— Espera só até eu te pegar sozinha, vadia.

Antes que eu respondesse, Nathan já havia reagido. Ele provavelmente estava esperando por algo, com os ouvidos aguçados prontos para ouvir qualquer cochicho.

— Oi? — Ele foi para cima de Liam, o segurando pela gola da camisa. — Repete o que você acabou de dizer.

— Eu não disse nada, Calloway — o babaca respondeu num tom sarcástico. — Você deve estar ouvindo coisas.

— Eu te avisei pra não chegar perto dela de novo!

— Eu só estou parado aqui, cara — Liam sorriu, mantendo o tom. Eu mesma poderia quebrar a cara dele por causa de todo aquele deboche. — Foram vocês que passaram por mim.

— Nate, deixa isso pra lá, vamos embora. — Tentei puxá-lo pela jaqueta.

— É, Nate, deixa pra lá — debochou mais uma vez.

Meu irmão o encarou por mais alguns segundos, até finalmente soltá-lo e lhe dar as costas. Liam e os amigos sorriram, se sentindo vitoriosos, mas a felicidade deles não durou dois segundos, pois Nathan deu apenas um passo para frente antes de mudar de ideia e, de supetão, se virar e acertar um soco no nariz dele.

Revirei os olhos, sabendo que não poderia evitar o que viria a seguir, e apenas dei alguns passos para trás, assistindo o caos se formar.

Chad, James e TJ avançaram nos amigos de Liam e aquilo virou uma bela pancadaria, que eu sequer conseguia definir com quem estava a vantagem. Atravessei a rua, ainda fumando o cigarro, e me encostei no carro de Nathan, assistindo os oito machões se matarem.

Alguns funcionários da Hunter saíram após ouvirem a confusão e foram para cima do grupo, tentando separá-los. Nesse momento, joguei o cigarro no chão e caminhei na direção deles também, vendo-os serem afastados uns dos outros e os ânimos começarem a se acalmar.

— Vamos embora, Nathan! — O puxei novamente.

Meu irmão limpou a boca suja de sangue com a manga da jaqueta e deu alguns passos para trás, enquanto gritava ameaçando Liam e os amigos. James ainda lutava contra o funcionário da boate, tentando ir para cima de outro cara, até que o homem que o segurava perdeu a paciência e o empurrou para longe, fazendo-o tropeçar nos próprios pés e cair na sarjeta.

Bufei mais uma vez e caminhei até ele.

Que bela merda, eu estava bêbada e ainda precisava me preocupar em ajudar aquele bando de brutamontes.

— Levanta, James. — Puxei-o pela gola da jaqueta, ajudando-o a ficar de pé. — Mas que merda, hein? — ralhei quando ele se levantou.

Empurrei o garoto na direção de seu carro, estacionado na frente do de Nathan, e puxei TJ e Chad também antes de entrar no carro do meu irmão e partirmos para a nossa casa.

Enquanto o carro deslizava pela estrada escura, eu me sentia completamente exausta e ao mesmo tempo cheia de adrenalina. Ainda podia sentir o cheiro de tensão no ar, o eco das palavras ásperas e dos punhos batendo contra a carne em uma briga violenta.

Durante todo o caminho, observei a estrada passar pela janela, tentando acalmar minha raiva e desejando ardentemente que aquela noite chegasse logo ao fim.

Quando chegamos em casa fui direto para o banheiro, enquanto eles se acomodavam na sala, e voltei para lá segundos depois, levando comigo a caixa de primeiros socorros que busquei no armário embaixo da pia.

— Que decadência vocês quatro! Parece que foram atropelados por um caminhão — reclamei, jogando a caixa em cima da mesa de centro da sala. — Eu não vou dar uma de babá de ninguém, se virem — completei, dando as costas para o grupo jogado no sofá e na poltrona.

Era comum após uma noite de bebedeira – e principalmente após se meter em brigas –, que todos se juntassem na minha casa pra encher a cara pelo resto da noite e ficar discutindo sobre as merdas que faziam.

Fechei a porta do meu quarto e me atirei na cama, sem saco para aguentá-los reclamando. Eu estava bêbada, cansada e ainda precisaria acordar antes das 8h para ir para a escola.

Passei longos minutos me questionando o porquê de sempre me enfiar em situações de merda como aquela, até conseguir pegar no sono sentindo meu corpo exausto e a mente rodando.

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