5 | essa merda dói

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RAIDEN

— ESSA MERDA DÓI! — xinguei enquanto me aproximava de Miranda e Brooke, que estavam rindo perto do portão do estacionamento.

— Você vai precisar de um pouco de gelo — Brooke ria.

— Só um soco? Achei pouco — Miranda comentou.

Entramos na minha caminhonete e eu abri e fechei o punho repetidamente, na tentativa de diminuir a dor antes de dar a partida e pisar fundo para longe da escola.

Miranda ligou o som num volume alto e Livin' On The Edge começou a tocar. Batuquei os dedos no volante ao som da música e mantive meus olhos atentos à rua enquanto dirigia.

— Aposto que o olho dele vai estar roxo amanhã — Brooke disse do banco de trás. — Vou pagar pra ver.

— Sinceramente, Raiden, eu só não te condeno pelo resto da sua vida porque sei que você tava bêbada demais pra pensar na merda que tava fazendo — Miranda balançou a cabeça ao meu lado.

— Vocês deviam ter me impedido quando viram. Me poupariam de passar pela humilhação de ver aquele otário gozando em dois minutos — ralhei.

As duas gargalharam outra vez e eu acabei rindo também; era cômico, apesar de trágico.

— Talvez assim você pare de ficar tão louca em todas as festas — Brooke declarou, me fazendo revirar os olhos.

— Não começa. — Encarei ela através do espelho retrovisor.

— Pelo menos daqui há trinta anos nós teremos algo pra lembrar e rir — Miranda acrescentou, secando as lágrimas que escorreram por causa da risada.

— É, uma ótima lembrança — ironizei, rindo um pouco.

Deixei as duas em suas respectivas casas em questão de minutos e dirigi para a minha. Ao chegar, deixei a mochila jogada em um canto da sala e fui direto para a cozinha pegar um saco de gelo para colocar na mão, meus dedos vermelhos estavam latejando e doendo bastante.

Não era a primeira vez que eu dava um soco em alguém, mas também não fazia aquilo com frequência a ponto de estar acostumada com a dor.

Me encostei no balcão, segurando o saco de cenouras congeladas sobre o machucado, e ouvi vozes se aproximando da cozinha.

— ... E eu não posso ficar enrolando os clientes pelo resto da vida — Nathan adentrou o cômodo, sendo seguido por James. Os dois me viram parada e seus olhares caíram direto na minha mão. — Que porra é essa?

Fiz uma careta.

— Um idiota do colégio estava falando algumas merdas sobre mim. — Dei de ombros.

— E aí você bateu nele? — ele riu. — É a primeira semana de aula, Raiden.

— Foda-se se é a primeira semana ou o primeiro dia, não sou obrigada a aguentar ninguém falando merda com o meu nome — bufei irritada.

Os olhos de James encontraram os meus e pude reconhecer uma pequena quantidade de raiva neles. Não que eu me importasse, mas estava bem nítido.

— Falando o quê exatamente? — Nate perguntou, puxando a minha mão e analisando meus dedos.

— Eu já cuidei disso.

— O que ele estava falando, Raiden? — insistiu, me encarando.

Bufei outra vez e, vendo que ele não desistiria, revirei os olhos. Puxei minha mão de volta, encostando o gelo nela novamente. A queimação era tão incômoda quanto ter que falar sobre aquilo.

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