Batizado

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Fiquei bem perto de Bob, um pouco à frente dele. Queria ficar o mais longe possível dos dois outros homens que nos seguiam. Jack andava em algum lugar no meio, sem saber ao certo onde queria estar.

Não fui capaz de me concentrar no restante da excursão de Bob. Não prestei atenção no segundo conjunto de hortas por onde ele me levou — uma com milho crescendo à altura da cintura, no calor de fazer bolhas dos espelhos brilhantes — nem na caverna de teto baixo que eles chamavam de “sala de recreio”. Esta era escura como breu e situada profundamente no subsolo, mas ele me disse que traziam luzes quando queriam jogar.

A palavra jogo não fez sentido para mim, não aqui neste grupo tenso e zangado de sobreviventes, mas não lhe pedi que explicasse. Havia mais água aqui, uma fonte minúscula e sulfurosa que Bob comentou que às vezes eles usavam como segunda latrina, pois não era boa de beber.

Minha atenção se dividia entre os homens caminhando atrás de mim e o garoto a meu lado.
Dean e o doutor de fato cuidaram surpreendentemente bem de seu comportamento.

Ninguém me atacou pelas costas, embora tenha pensado que meus olhos podiam acabar na parte de trás da cabeça por causa do esforço para ver se estavam prestes a fazê-lo. Os
dois seguiram sossegadamente, às vezes falando um com o outro em voz baixa. Seus comentários giraram em torno de nomes que eu não conhecia e apelidos de coisas e lugares que podiam estar ou não dentro dessas cavernas. Não pude entender nada.

Jack não disse nada, mas olhou muito para mim. Quando não estava tentando ficar de olho nos outros, eu também, olhava frequentemente para ele. Isso deixou pouco tempo para admirar as coisas que Bob me mostrou, mas ele não pareceu perceber as minhas preocupações.

Alguns dos túneis eram muito compridos — as distâncias escondidas debaixo da terra confundiam a cabeça. Com frequência eram escuros como breu, mas Bob e os outros nunca fizeram mais que pausar, evidentemente familiarizados com seus arredores e há muito acostumados a viajar na escuridão. Foi mais difícil para mim do que quando
Bob e eu estávamos a sós. No escuro, cada barulho soava como um ataque. Mesmo o papo informal do doutor e de Dean parecia disfarce para algum movimento nefando.

Paranoica, comentou Gabriel

--Se for o que é preciso para nos manter vivos, que seja.

Queria que você prestasse mais atenção no tio Jeb. É fascinante.

--Faça o que quiser com seu tempo.

Eu só posso ouvir e ver o que você ouve e vê, Castiel, disse ele. Então mudou de assunto.Jack parece bem, não acha? Não está tão infeliz.

--Ele parece... circunspecto.

Depois do maior percurso até aqui na escuridão úmida, estávamos quase chegando a um pouco de luz.

— Este é o prolongamento mais ao sul do sistema de túneis subterrâneos —
explicou Bob enquanto caminhávamos.

— Não é superconveniente, mas recebe boa luz o dia inteiro. Foi por isso que fizemos a ala hospitalar neste lugar. É aqui que Doc trabalha.

No momento em que Bob anunciou onde estávamos, meu corpo paralisou e minhas juntas ficaram enrijecidas; dei uma derrapada, meus pés plantados contra o chão de rocha. Meus olhos, arregalados de terror, oscilaram entre o rosto de Bob e o do doutor.
Tudo havia sido um ardil, então? Esperar para o teimoso do Jared sair e então me atrair até aqui?
Não pude acreditar que tinha andado até esse lugar com minhas
próprias forças. Como era tola!
Gabriel estava igualmente aterrorizado.

Também podíamos ter nos embrulhado para presente para eles!

Eles me encararam de volta: Bob inexpressivo; o doutor parecendo tão surpreso quanto eu, embora não tão apavorado.
Eu teria recuado, me esquivado violentamente do toque da mão em meu braço, não fosse a mão tão familiar.

A Hospedeira/DestielDove le storie prendono vita. Scoprilo ora