Capítulo 25

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Gianluca, ainda petrificado, continuava a olhar quase sem piscar para o teto branco daquela iluminada sala de cirurgia.

Isadora está aqui... Isadora está aqui... - ele pensava, repetidamente, enquanto pensava desesperadamente em um modo para conseguir sobreviver e estar com ela novamente.

Algumas enfermeiras vestidas cirurgicamente continuavam a fazer testes e, agora, punham-se a preparar os equipamentos necessários para a operação, enquanto os cirurgiões se preparavam para entrar na sala. Os constantes barulhos dos aparelhos que ali ficavam o faziam pensar. E mais uma vez voltar no tempo...

Lá ele estava novamente. Sentado sobre a areia da Praia de Ipanema. Carolina decidira ir embora da festa de casamento quando esta estava prestes a acabar. Ele a levou de volta ao hotel, onde estavam hospedados. Ela se arrumou para deitar e logo adormeceu profundamente.

Gianluca decidiu sair. Não conseguiria pregar os olhos naquela noite. Muito menos com Carolina ao seu lado, na cama. Saiu do hotel e caminhou até a avenida da praia. Tudo estava quieto. Tudo era coberto pela escuridão da noite. Havia poucas pessoas que passavam por ali, que, juntamente a ele, lutavam contra a insônia. O que se ouvia era a música constante das ondas do mar. Ele tirou os sapatos e sentiu a textura da areia. Andou alguns passos e sentou-se perto de onde a água batia. Ele observava a grande lua cheia que conseguia iluminar o céu naquela noite e deixava a areia quente escorrer por seus dedos.

Então, tirou de seu bolso aquela mesma caixinha de veludo cor de vinho. Abriu-a e aquela mesma pedra lhe exibiu aquele brilho desafiador. Passaram-se quase dois anos desde que vira Isadora pela última vez. Já não havia esperanças para eles dois. Ele iria pedir Carolina em casamento naquela noite. Mas não iria ser feliz. E o destino conseguiu-lhe transmitir o recado, trazendo Isadora de volta para a vida dele. Trouxe-a de volta para onde ela nunca havia saído e jamais sairia.

A vida não tinha sentido se ele não tinha Isadora. Carolina poderia lhe dar carinho, filhos, momentos alegres, conforto... Mas ela nunca seria capaz de dar-lhe o amor que precisava. Nunca conseguiria trazer-lhe a felicidade completa. Aquele era o papel de Isadora. E era daquilo que ele precisava. Era aquilo que ele lutaria para conseguir.

Ele fechou a caixinha com o anel em seu interior e levantou-se da areia. Olhou para o céu e viu que ele já apresentava sinais de que o dia estaria vindo. Reuniu sua coragem e com todas as suas forças arremessou aquele objeto ao mar. Então virou-se e foi embora correndo, com um sorriso no rosto.

- Está pronto, Gianluca? - a voz do médico o despertou.

Gianluca abriu os olhos e encarou o cirurgião. Chegara a hora.

- Estou - convicto, ele assentiu.

Nos segundos seguintes a anestesia foi aplicada e Gianluca ficou inconsciente.

***

Subitamente o silêncio pairou sobre o corredor do hospital. Isadora, que estava até então parada no mesmo local, virou-se para os outros dois irmãos Cadore.

- Lorenzo eu quero ir com você até Taormina - falou Isadora - Você pode me levar até um lugar?

- Claro que sim. Antonio, você me liga se tiver alguma notícia?

- Ligarei. Boa sorte.

Já no carro, Isadora e Lorenzo não sabiam bem o que falar um para o outro.

- Carolina sabe sobre a doença? - Isadora perguntou, quando já chegavam em Taormina.

- No mesmo dia do término, Gianluca foi com o amigo dele até o apartamento dela e retirou todas as suas coisas. Ela não estava lá, então ele achou melhor não falar nada. Deixou a chave com o porteiro e esperou Antonio chegar para eles voltarem para a Itália. Quando o diagnóstico foi confirmado aqui, eu liguei para Carolina. Ela pareceu abalada e mandou melhoras para ele. Mas foi só isso. Nada mais. Só depois de duas semanas ela começou a ligar freneticamente para Gianluca, mas ele achou melhor não atender. Nunca mais falamos com ela.

La Melodia ProibitaWhere stories live. Discover now