Capítulo 22

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Stella desviou os olhos de seu narrador e começou a olhar para seu copo, onde seu dedo indicador fazia movimentos circulares, contornando a boca do mesmo. Ela manteve-se calada, com ar de indignação. Ele também se perdeu em seu próprio silêncio, pensando nas últimas palavras que dissera à menina. Pouco depois, ela balançou a cabeça em negativa.

- O que foi? - ele perguntou.

- Ainda dá tempo, Gianluca - ela levantou o rosto para encará-lo.

- Tempo de quê?

- De vocês dois ficarem juntos. Vocês são jovens! Pegue o telefone e ligue para ela.

- De nada adiantaria, piccolina. De que adianta eu ser jovem se corro risco de vida? O meu caso é raro. Sou uma bomba relógio que pode estourar a qualquer momento - ele respirou fundo - O transplante é minha única saída... e eu corro riscos de que não funcione como deveria.

- Toda história deveria ter um final feliz - ela suspirou, inconformada.

- Eu sinto muito, Stella, mas não é sempre assim.

- Mas ela te ama! Ela deve saber! - a garota protestou.

- Eu já a fiz sofrer demais. Não posso machucá-la ainda mais.

Ela se calou por um momento antes de continuar:

- E se o pior acontecer? - Stella ousou perguntar.

- Se eu morrer? - ele perguntou, abaixando o tom.

A garota afirmou com a cabeça.

- Não vai se arrepender de não ter falado para ela? Não vai se sentir sozinho nos últimos momentos?

- É claro que eu me sentirei sozinho e sei que o rosto dela vai ser o último que passará pelos meus pensamentos, porém não irei me arrepender - ele desviou os olhos - O amor exige sacrifícios, piccolina.

***

Isadora acordou muito mais cedo que o habitual. Manteve-se imóvel na cama, enquanto secava com as mãos as gotas de suor que vagarosamente escorriam em seu rosto, em razão do pesadelo horrível que tivera. Após recuperar parte de sua saúde psicológica, foi tomar um banho. Mais tarde, desceu as escadas de sua casa para tomar café da manhã. Quando terminou de comer, subiu de volta a escadaria e ia caminhando para seu quarto, quando a mãe a impediu:

- Isadora! - Ellen gritou de seu quarto.

Isadora aproximou-se do quarto da mãe.

- Não foi para o escritório? - a garota questionou.

- Resolvi trabalhar em casa hoje - Ellen aproximou-se da filha - Como você está?

- Lorenzo falou com você?

Ellen afirmou.

- Não sei o que pensar, mãe - Isadora desviou o olhar - Não consigo imaginá-lo numa situação dessas.

- Quando foi que descobriram essa doença?

- Eu não sei. Fiquei muito nervosa ontem e não consegui conversar direito com Lorenzo.

- Você vai até lá, não vai?

Isadora encarou a mãe novamente.

- Vou - ela balançou a cabeça em afirmativa.

- Você deve ir - Ellen abraçou a filha, apoiando sua decisão - Quando você partirá?

- Hoje à tarde. Lorenzo já preparou tudo.

As duas se separaram.

- Boa sorte, minha filha. Estarei rezando... por vocês dois.

Isadora olhou no fundo dos olhos da mãe e então se dirigiu até seu quarto, a fim de arrumar suas malas.

La Melodia ProibitaWhere stories live. Discover now