Capítulo 15

7 3 0
                                    

Mais tarde todos foram almoçar mais uma vez no centro de Taormina. Gianluca e Isadora se sentaram um em cada extremidade da mesa. Aquele fato a entristecia cada vez mais. Não poder estar perto dele, não poder falar com ele, tocá-lo, beijá-lo, mesmo o tendo a poucos metros de distância. Evitava o olhar de Luigi a todo custo. Aqueles olhos antes bondosos que se tornaram olhos amargos de julgamento. Evitava também olhar para Sandra. Aos olhos deles, ela não estava mais envolvida com Gianluca. Isadora já não sabia o que pensar. Não sabia classificar aquela relação. Porém sabia que não podiam ficar separados. Não tinham que seguir ordens de ninguém. Isadora estava disposta a ficar ao lado dele, não importava o que os outros pensavam. Bastava somente saber se ele também estava disposto àquilo.

Ao voltarem ao hotel, Isadora dormiu por cerca de duas horas. Depois tornou a ir ao centro de Taormina com Helena e os tios para fazerem compras.

***

Isadora retornou ao hotel por volta das cinco e meia da tarde. Estava feliz por ter encontrado os presentes perfeitos para a mãe, para o pai e também para Pedro. Ela adorava Taormina. Era feliz ali, andando pelas suas praças e vielas. Ouvindo o falatório italiano, escutando as músicas sicilianas e provando o melhor do sabor da Itália. O ar parecia tão puro, ela parecia tão leve...

André parou o carro na fachada do hotel para elas descerem e em seguida, direcionou-se ao estacionamento. Isadora, da janela do banco de trás conseguiu perceber a silhueta de Lorenzo, sentado nos degraus da pequena escada da porta de entrada. Ele logo se levantou quando viu o carro se aproximando.

Forçou um sorriso ao vê-las chegando com sacolas nas mãos.

- Vejo que fizeram muitas compras - disse ele - Querem ajuda para levar?

- Não é necessário, caro, grazie - agradeceu Alice e começou a andar para dentro do hotel, seguida da filha e da sobrinha.

- Isadora! - ele sussurrou enquanto agarrava levemente o braço dela, para impedi-la de passar.

- O que foi? - ela estranhou a seriedade que pairava sobre os olhos dele.

Ele permaneceu a olhá-la por um momento, antes de continuar.

- O Gianluca precisa falar com você. Ele está te esperando no terraço - a fala dele era entrecortada e a voz era aflita - Lá ninguém vai ver vocês.

Ela franziu o cenho.

- Está bem - ela falou, intrigada - Vou guardar as sacolas e já vou.

- Certo.

Isadora seguiu até seu quarto, tentando adivinhar o que seria. Nada lhe passava na cabeça. Guardou as sacolas e saiu depressa até o ponto marcado.

***

O silêncio era perturbador. O único que se ouvia era o som dos passos a traçar seu caminho. Isadora, quando aproximou-se do terraço, diminuiu o ritmo até chegar à entrada. O sol já perdia sua magnitude e preparava-se para para mais um adeus. O céu apresentava tons rosados. A lua, do outro lado daquele plano, saía tímida dentre as nuvens. Isadora viu, então, a figura de Gianluca. Estava sentado no banco, com a coluna arqueada para frente e os cotovelos apoiados nos joelhos. Encarava a imensidão do mar azul. Isadora se aproximou e sentiu o vento frio do fim da tarde fazer voar levemente seus cabelos. Ele notou a sua presença. Endireitou as costas, porém não virou-se para ela.

Ela então, aproximou-se o suficiente e chegou ao lado dele. Finalmente, ele virou o rosto e a olhou nos olhos. Neles, Isadora enxergou a personalização do desespero. Parada no mesmo ponto, fitou o rosto dele, que se contorcia em inúmeras pequenas rugas e então, após alguns segundos, deixou seu corpo cair sobre o banco, ao lado dele. Ele engoliu em seco e voltou a olhar o mar. Isadora teve por certo o sentimento algoz que lhe feriria nos próximos segundos. A tristeza dele também era sua derrota.

La Melodia ProibitaWhere stories live. Discover now