Epílogo 1

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É a medida perfeita, como se tivessem mandado para a costureira com as minhas medidas exatas

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É a medida perfeita, como se tivessem mandado para a costureira com as minhas medidas exatas. O tecido azul turquesa começa pelas alças e encaixam meus seios de forma perfeita com uma fenda comportada, se ajusta no busto e quadril e vai abrindo-se em cumpridas ondas suaves que cobrem o meu tornozelo e tocam de leve o chão, se movendo com graciosidade.

Quando meu pai me deu esse vestido aos quinzes anos eu me recusei a usá-lo em qualquer ocasião, pelo fato de ter sido da minha mãe. Sabia que se eu o usasse, iria me emocionar e me lembrar dela.

Como agora.

É inevitável, e algumas lágrimas caem, molhando um pouco meu rosto.

Mas, de alguma forma, usando esse vestindo, sinto como se ela estivesse aqui comigo e isso traz uma certa paz ao meu coração.

Limpo as lágrimas do rosto com cuidado para não estragar a maquiagem e desço as escadas da mansão, e, bem lá embaixo, um senhor de meia idade muito sorridente me espera. Quando piso nos últimos degraus ele ergue a mão para me ajudar e emocionado diz:

— É incrível como você se parece com ela. E não é só na aparência, mas também pelo coração enorme.

Sorrio e dou um beijo em seu rosto.

— Tenho aqui algo que irá deixá-la ainda mais exuberante.

Meu pai tira do bolso um colar delicado com uma pequena pedrinha.

— A sua mãe me deu antes de morrer, mas eu acho que esse colar sempre deveria ter ficado com você. Me permite? — Ele pergunta estendendo a bijuteria e, afastando os cabelos, eu viro de costas para que ele o coloque. Depois de prendê-lo eu me viro observando aquele lindo colar caindo entre meus seios.

— É lindo.

— Sabia que ficaria perfeito em você. Agora vamos? — Meu pai estende o braço e envolvo o meu no dele.

— Já disse que te amo hoje?

— Acho que perdi as contas. Mas pode dizer mais uma vez, estou adorando ouvir você dizer.

— Está bem, então vou dizer só mais uma vez para não perder o costume. Eu te amo, velho — digo aplicando outro beijo em sua bochecha.

— E eu te amo, meu Docinho Laranja. — ele sorri e juntos vamos para a mesa da ceia.

É a primeira vez que vou passar o natal com meu pai.

Nos anteriores eu sempre tratava de procurar alguma festa e bebia até o dia amanhecer, já que nunca me importei muito com esse lance de família. Não depois dos meus cinco anos. E a essência do natal é essa: a reunião em família, estar perto daquele que você ama.

E por lembrar como os natais eram legais antes da minha mãe morrer, fez eu odiar ainda mais essa data festiva.

Mas esse ano eu sei que seria diferente. Eu desejava que fosse e faria tudo para ser.

Além da companhia do meu pai, ainda teria Tia Lu e Leo. Leo disse que não iria passar o natal com a família por causa de mim e do meu pai, que ficaria comigo pois queria tornar esse natal especial para mim. E achei muito fofo da parte dele, pois não queria passar esse natal sem ele.

Liguei para os meus avós e pedi perdão a eles, que me perdoaram e se alegraram com a notícia do meu casamento, que seria em breve. Eles se orgulharam de mim e me disseram que agora eu era uma nova mulher.

E eu acho que era, pois agora eu estava fazendo algo que jamais fiz na vida, juntando dinheiro para obter algo no futuro, e isso incluía meu casamento, casa própria e talvez... filhos. Cheguei até a vender meu R8 para comprar um carro mais econômico com uma parte do dinheiro, a outra parte guardei. Eu era uma mulher de responsabilidades.

Ainda não apareceu um coração novo para o meu pai, mas eu acreditava que em breve isso poderia acontecer. Apesar de tudo, eu estava feliz.

Na grande ceia de natal sentei à mesa com as pessoas que eu mais amava na vida, e apesar da mansão outrora ser grande e fria, nesta noite ela ficou quente e aconchegante. Brindamos ao novo recomeço em nossas vidas, nos alegramos e agradecemos a Deus pela opornidade que Ele nos deu.

Tudo ficaria bem.

Apartamento 302 (Série Apartamento - Livro 2)Where stories live. Discover now