Capítulo 22

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— Mariana, anda logo!

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— Mariana, anda logo!

— Tô indo! — Ela grita do seu quarto.

Espero, espero e espero, olhando a todo momento no meu relógio de pulso. Ela só pode estar de brincadeira.

Levanto do sofá e vou atrás dela. Quando entro no quarto, a vejo passar várias camadas de rímel nos cílios. Embora esteja de costas para mim, dá pra ver seu rosto porque o espelho é enorme. Ela aplica mais um pouco de pó na cara e um negócio brilhante nos lábios. Hoje preferiu uma maquiagem mais básica, sem muito lápis e apenas um batom rosinha. Quando finalmente percebe minha presença, vê que minha cara não é das melhores.

— Para onde você acha que vai? Para um desfile de moda? — Pergunto um tanto irritado.

— Não posso sair de casa de qualquer jeito. A nossa imagem é a primeira impressão que fica na cabeça das pessoas.

— E por que acha que alguém do escritório iria se importar com a sua imagem? Só o que todos querem ali é trabalhar.

— Você é que pensa, meu filho. Todo mundo repara nas minhas roupas. Ainda mais sabendo que sou a filha do patrão. Aí é que eles vão reparar em mim mesmo.

Reviro os olhos.

— Está bem. Mas será que a princesinha não pode andar um pouquinho mais depressa? Estamos muito atrasados — digo olhando no meu relógio de pulso.

— Por falar em imagem, você poderia trocar essa gravata. Está usando ela a semana inteira. Eu acho que ela não combina com esse terno. Quer saber? Vamos olhar no seu guarda-roupa uma outra gravata que combine mais.

— Ei, você ouviu o que eu disse: estamos atrasados. E além disso, estou muito bem com essa gravata.

— Você que pensa. Essa gravata está horrível com esse terno.

— Eu não quero trocar a minha gravata. Só o que quero é sair logo deste apartamento e chegar no escritório.

— Não, não. Você não vai assim para o escritório de novo.

— Mariana... — reclamo, mas ela já está entrando no meu quarto e fuçando no guarda-roupa em busca de uma gravata mais limpa e mais adequada ao meu terno cinza. Ela abre uma gaveta onde têm várias gravatas.

— Meu Deus! Você só tem essas cores escuras? Nada colorido? Que depressão é essa?

— Eu gosto de cores mais neutras. Agora faça o favor de fechar essa gaveta e ir em direção à porta de saída.

— Pois eu acho que deveria usar cores mais alegres — ela diz, ignorando completamente a minha ordem. — Olha só pra esse guarda-roupa. Quem vê pensa que você trabalha numa agência funerária.

Eu não deveria, mas acabo rindo.

— Tá bom, Mariana. Quando voltarmos a gente discute sobre as roupas do meu guarda-roupa, agora vamos para o escritório, ok?

Apartamento 302 (Série Apartamento - Livro 2)Where stories live. Discover now