Caleb era e ainda é muito protetor e ciumento; como no fundamental 1 éramos bem novos, nada de muito evoluído acontecia no quesito relacionamento amoroso, mas tudo dava e ainda dá motivos para o mais velho surtar e afastar os garotos de mim. Tobio foi o meu primeiro beijo, nos beijamos por curiosidade e meu irmão acabou presenciando o acontecimento. O beijo realmente significou nada, foi mais para o lado da amizade do que para o lado amoroso; fora que éramos realmente bem novos, então para nós não faz mais diferença agora.

"Olha a emoção, hein Tobio-kun!", alerta sorrindo debochado. "É um passado que se depender de mim, volta nunca mais!", diz o medindo e gesticulando com as mãos.

Assisto achando ridícula a situação, "Deu 'meo', parecem crianças!", resmungo puxando com força Caleb que cambaleia, mas continua me ignorando. Bufo nervosa, é explícita a batalha de egos que ambos resolveram iniciar.

Atrapalho o contato visual deles socando seus abdômens, assisto os mesmos urrando de dor com satisfação. "Se depender de você o caralho", puxo o cabelo do meu irmão. "Chega de exposição né?", empurro a cabeça de Kageyama para o lado. "Vamos logo se não ficará tarde.", arrasto o Caleb para fora do Instituto, depois de me despedir novamente de Kageyama.

Deslizo o Skate no chão e subo nele começando o nosso trajeto; grande parte do caminho andamos pela rua mesmo, as calçadas estavam cheias. O percurso longo não é tão exaustivo por conter muitas decidas, mas só me obrigando para eu andar tudo isso novamente.

[...]

Meu avô nos atendeu surpreso pela visita repentina, conversamos animados pelo reencontro por um bom tempo até a confusão começar.

“Começará a estudar com sua irmã quando?” pergunta meu avô, lavando a louça de costas para nós.

Nos olhamos temerosos.“Na verdade, estudaremos em escolas diferentes!”, Caleb responde.

Meu avô se vira nos olhando curioso, seca suas mãos e se senta na cadeira a nossa frente.“Onde você se matriculou?”, o mais velho questiona inexpressivo, mas é perceptível em seu olhar o começo de sua irritação.

Sorrio desconfortável, me concentrando em cutucar minhas unhas não os olhando.

“No Shiratorizawa Gakuen, eles me recrutaram!”.

Ouço após algum tempo meu avô rir com descaso, “E por que lá?”.

“Porque, como pretendo me profissionalizar na natação e sei o quão prestigiado o instituto é, me pareceu uma boa opção!” diz meu irmão sério, arrumando sua postura na cadeira.

“Do modo como fala, parece que não foi tão difícil para você apenas deixar de lado toda a tradição da família Ukai.”, profere meu avô de forma fria. Paro de mexer em minhas unhas e volto a os olhar, sustentando a cabeça com meu punho, e com o cotovelo apoiado na mesa a nossa frente.

Caleb suspira, “De forma alguma! Fiquei bem indeciso sobre qual escola frequentar, mas por fim, optei pelo melhor para minha carreira e futuro.”, fala mais formal do que o costume.

“Como o melhor para sua carreira?", insiste meu avô, ainda tentando transpassar inexpressidade.

“Ah, o Shiratorizawa é uma escola famosa nacionalmente! Seria mais fácil ser reconhecido pelo esporte se recomeçar na natação estudando lá.”. Declara o encarando, “Já havia conquistado muita coisa no Brasil, não seria proveitoso voltar exatamente tudo do zero!”.

Caleb assim como eu, fazia parte da sub19 brasileira, só que obviamente em outra modalidade! Por agora estarmos no Ensino médio e faltar apenas uns 3 anos para completarmos 19 anos de idade, nossos superiores nos transfeririam para a seleção oficial. Viram capacidade em nós e queriam investir nisso, mas como voltamos ao Japão nada disso será possível. 

“Tsc...” meu avô pragueja cruzando os braços, “Você não optou pelo melhor e sim pelo o mais fácil então! Francamente...”

“Jii-chan, tente me entender! Não tenho mais tempo de fazer tudo novamente, foram anos e anos de treinos e competições! É uma ótima oportunidade.”, fala o moreno visivelmente chateado e cansado do assunto.

“Sua irmã também perdeu muito com a mudança! Mas rejeitou todas as escolas potencias, para seguir o lema e recomeçar o vôlei no Karusuno.”, exclama nervoso. Sinto meus olhos lacrimejarem e um nó  entalando em minha garganta, temendo pelo futuro dessa conversa.

Encaro seu rosto e nego com a cabeça. “Não Jii-chan.”, ele me olha sem entender. Tento me recompor antes de continuar. "Não retomei o vôlei... Estou empenhada em achar outra vocação.”, olho para minhas mãos.

Ele suspira descrente, “Olha... Não sei oque dizer!”. Olhamos o mais velho se levantar e andar de um lado para o outro, “Nossa família dedicou... EU dediquei tanto do meu tempo e carinho para aquele instituto!”, sua fala é alta e irritada. “Acreditei de verdade, que vocês como os sucessores fariam jus a todo esse esforço que vem de gerações.”, nos olha decepcionado. “Só que um simplesmente decide ‘quebrar’ todo o lema, e a outra desperdiça todo o talento e técnica por nada!", cospe suas palavras em nós, só levando o próprio ponto de vista em consideração.

Me sinto péssima com sua fala, não é como se eu simplesmente esquecesse todos os anos de dedicação e esforço que vivi quanto ao vôlei, claro que tento colocar tudo na balança, mas se eu desanimei pelo esporte o que posso fazer? Todos fazem pouco caso dessa minha confusão, o que é bem frustrante! Essa mania de adulto, que sempre desconsidera ou diminui os problemas de gente mais nova, me deixa puta de verdade.

“Jii-chan! Não é bem assim...”, sou interrompida pelo mais velho.

“COMO NÃO?”, grita nervoso e volta a se sentar cansado. “É o que esta fazendo Bibian! Você tem o dom para coisa, tem toda técnica e talento requeridos, faltava pouco para ser transferida a seleção titular como Às!”, me encara incrédulo. “O que te fez deixar tudo isso de lado? Não consigo te entender!”, desmancha aos poucos sua irritação, se expressando de modo mais sentimental. “E você... Nos traiu por comodismo!”, declara ao  meu irmão. “É cômodo para você estudar no Shiratorizawa, porquê toda a sua trajetória será mais fácil!”.

Aperto a mão do meu irmão debaixo da mesa, tentando passar conforto ao mesmo. Até este ponto de toda a conversa não conseguimos impedir que as lágrimas descessem. Choro suspirando impaciente pela falta de compreensão.

“É realmente difícil para mim lidar com essa situação!”, se levanta e segue em direção a sala.

“Mas nada disso envolve o senhor...”, solto num tom baixo. Engulo seco assim que percebi o que falei, vendo meu irmão rapidamente me repreender com o olhar. Por mais que eu esteja incomodada com a discussão, não era minha intenção o revidar de forma grosseira! Entro em desespero quando vejo meu avô se virando transtornado em nossa direção.

‘Porra... Oque foi que eu fiz’

---------

"Sub-19: É uma competição de futebol, a princípio, para seleções nacionais com jogadores de até 19 anos de idade." (me corrijam caso eu esteja errada.)

Mas aqui usarei o termo Sub-19 para as outras modalidades também!

---------

Que frio na barriga véi!

Oque estão achando da Estória até aqui? Alguma crítica ou conselho? Quero ler suas opiniões!

[PAUSADA] Can You Understand Me? //HAIKYUUWhere stories live. Discover now