CAPÍTULO 22

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LUNA

Muita coisa era um borrão desde que eu tinha desmaiado em febre ao perceber que tinha caído por falta do remédio.

A próxima coisa que eu sentia, era o vento a minha volta, meus sentidos mais aguçados do que nunca, e a natureza conectada com cada grama do meu corpo.

Era como se eu e tudo a minha volta estivéssemos mais conectados, mais entrelaçados de uma maneira que agora fazia parte da minha alma.

Era mágico.

Eu era ágil e veloz. Corria com toda a minha altivez pela mata adentro, sentindo as folhas passando por mim, os galhos quebrando aos meus pés e a minha velocidade indo a milhas por hora. Eu era invencível.

Eu era... uma loba.

Eu e minha loba éramos uma só. Ela era eu e eu era ela. Eu podia sentir ela me transformando e me fazendo ir além... mas também parecia que era eu. Eu mesma evoluindo. Indo além.

Eu podia sentir meu corpo diferente, de uma forma diferente, mas era tão libertador, tão incrível que eu queria ficar assim pra sempre.

Podia sentir outros a minha volta. E a presença perto de mim de um lobo ainda maior, que eu sabia que era Dominic. Podia sentir o corpo dele só meu lado, correndo junto comigo nessa liberdade noite adentro. Eu sentia também a corrente forte de companheiro me ligando a ele. Era como se uma força maior do que nós dois nos ligasse por essa corrente invisível.

Corri mais e mais até pensar que eu estava cansada. Corri até que cheiros familiares se tornassem parte de mim. Corri até o dia começar a amanhecer e eu me sentir cansada. Cansada o suficiente para parar.

Não sabia como meu corpo me levou até lá, mas quando dei por mim, eu estava na parte de trás da casa dos meus avós.

Eu parei ali, encarando minha avó e agora Dominic, que tinha voltado a versão humana e tinha um lençol sobre ele.

Hmmmm, Dominic nu.

Eu tinha ia vontade louca de me aproximar e cheirar ele todo. Deixar ele com o meu cheiro, marcá-lo para que todos ali soubessem que ele tinha dona. Que ele tinha companheira.

- Não, não, não, minha neta. - Minha avó entrou carinhosamente na minha frente e fez um carinho no meu pelo. - Está na hora de voltar ao seu "eu" humana.

Olhei para ela em busca de orientação.

Como eu faria isso, vovó? Eu não sabia nem como tinha me transformado em primeiro lugar.

Ela balançou a cabeça e sorriu como se eu soubesse.

- Se concentre, minha neta. - Dessa vez foi meu avô que disse, descendo da escadaria da varanda.

Eu fechei os olhos e me concentrei. Esvaziei minha mente de tudo o que me rodeava e foquei em mim mesma, no meu corpo quanto humana.

Lembrei das minhas pernas, meu incrível e lindo corpo, meu cabelo... e meus olhos, meus olhos humanos.

Comecei a sentir os ossos se partindo, um por um em uma sincronia terrível que terminou comigo na forma humana deitada na varanda dos meus avós.

E nua.

Vovó jogou um lençol em cima de mim e se agachou para acariciar meus cabelos.

- Você conseguiu, minha neta. Eu estou tão orgulhosa de você, meu amor. Você foi incrível.

Eu queria sorrir, e até tentei.

Mas caramba se essa coisa de ser loba não era difícil?

Essa foi a última coisa que eu pensei antes de desmaiar.

DOMINIC

Depois de desmaiar de exaustão, eu peguei Luna enrolada no lençol e a levei até seu quarto.

Por mais tentador que fosse ver seu corpo desnudo ali na minha frente, eu sabia que ela estava exausta, então eu não tive nenhuma ideia pecaminosa - bem, tentei reduzir - e a coloquei em sua cama, onde ela parecia serena enquanto dormia. Descansando feliz.

Depois de pedir, praticamente ter que implorar mesmo sendo um homem adulto e quase líder de matilha, seus avós me deixaram ficar na casa... mas não no quarto dela.

Eu fui para outro quarto de hóspedes onde o corpo do meu amigo já estava dormindo desacordado, e cai na cama ao lado dele depois de colocar uma calça de moletom.

Já estava exausto também.

Mas antes de dormir, eu tinha em mente que assim que acordássemos, eu iria falar com a Luna sobre o assunto que me trouxe até aqui em primeiro lugar: levar ela de volta pra casa.

*

- Acorda, dorminhoco. - Eu ouvi e depois senti que estava sendo balançado não muito gentilmente. - Acorda logo, Dom! Eu tenho mais o que fazer do que ouvir os seu roncos.

- Então, por que diabos está ainda aqui? - Eu resmunguei antes de abrir os olhos e olhar para a cara feia do meu melhor amigo.

- Porque eu queria te acordar também antes de sair e aproveitar esse lindo dia e o mais belo café da manhã. - Ele passa a mão na barriga do de falar.

Faminto.

- Que horas são?

- Dez e meia da manhã.

Eu gemi de frustração.

- Tem só cinco horas que eu voltei, seu retardado!

- Bem, pensei que você quisesse levar café da manhã para uma certa recém transformada...

Abri os olhos e me sentei, tentando ignorar a exaustão.

- Vamo, me ajude a convencer os avós da Luna que eu só quero levar o café da manhã para ela.

- E talvez transformar ela em café da manhã. - Xavier murmura baixinho e eu dou um tapa na cabeça dele.

- Eu não sou que nem você, seu tarado, que só pensa naquilo.

Ele me olha com um sorriso debochado.

- Não sei quem você acha que engana, lobo que finalmente reencontra a companheira depois de sei lá quantos anos.

Eu bufo e juntos vamos para a sala de estar, onde uma mesa gigante de café a manhã, com a minha irmã, Lúcio e os avós de Luna ali já sentados.

Scar se vira para mim com os olhos brilhando.

- Quando eu cheguei eu vi que ela estava dormindo, então nem acordei, mas me conta! Como foi a transformação dela?

E por um minuto a minha cabeça se reorganizou e eu percebi uma coisa muito importante.

- Onde você estava, Scarlet?

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Alguém mais no meio disso tudo se perguntou onde a Scarlet estava? hahahaha

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LUNA (Sol da meia-noite #1)Where stories live. Discover now