Dance Again

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Oi, leitores! Vocês vão finalmente matar um pouco a saudades de Mapp. Esse é um capítulo que eu estava especialmente ansiosa para postar porque visualizei por bastante tempo antes de escrever. Quando fui pôr em prática, acabou sendo bem difícil para colocar em palavras e saiu diferente do que tinha imaginado, mas me diverti com o resultado e eu espero que vocês aproveitem.

A música do título é da Selena Gomez e queria destacar que fiquei muito surpresa quando percebi o quanto a letra combina com o que eu quis transmitir nesse capítulo. Sério, é como se eu tivesse escrito para combinar com a música.

Boa leitura!

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Parado, observando Lydia, Mitch estava dolorosamente consciente de seus sentimentos. A sensação era tão devastadora que não conseguia entender como seus órgãos permaneciam intactos. Sentia-se prestes a se desfazer em pequenos pedaços, tão abalado que achava que a qualquer momento olharia para o chão e veria a si mesmo, despencado e se dissolvendo, emanando certezas e clamores. A ruiva pulava, dançava, cantava, sorria, abraçava e dava gargalhadas, confortável no meio das muitas pessoas, irradiando liberdade e alegria.

— Finalmente! Lydia já perguntou de você duas vezes. — Scott gritou a frase para ser ouvido por cima da música alta, indo até Rapp e parando ao lado dele — Mas você pretende ficar aí parado babando pela minha irmã ou vai falar com ela?

Desconfortável com as palavras do McCall e por estar em uma boate depois de ter passado tantos anos evitando uma situação como aquela, Mitch tentou disfarçar o constrangimento ao abaixar os olhos para o relógio no pulso. Estava quase uma hora atrasado graças a sua demora para escolher um presente. Inquieto, passou uma mão pelos cabelos, sentindo-se um tanto deslocado. Precisou lembrar a si mesmo de que só estava ali por causa de Lydia.

— Cara, ela vai ficar muito feliz em te ver. Você sabe disso, né?!

Mitch ficou tão surpreso que piscou algumas vezes e fitou o rosto de Scott pela primeira vez. Apesar das diferenças físicas marcantes, a expressão do McCall era tão semelhante à de Lydia que desconcertou Rapp. Sem graça, só concordou com a cabeça como se não fosse nada demais, tentando ignorar o coração acelerado. A ideia de a ruiva fazer questão de sua presença provocava um estranho prazer que percorria por seu corpo. Respirou fundo, ajeitou a postura e foi em direção a ela. Os olhos castanhos repletos de sentimentos a observando com uma admiração esmagadora.

Estranhamente, a boate era elegante e até meio acolhedora. O lugar amplo era dividido em duas partes, uma grande pista de dança e um espaço lounge com um bar e poltronas modernas. As paredes pretas carregavam letreiros neons com palavras diversas e holofotes vermelhos piscavam em intervalos regulares, trazendo alguma sensualidade que combinava com as batidas da música. Estava cheio, porém não lotado e a temperatura era agradável. As grandes janelas de vidro indo do chão até o teto e a elegância das roupas dos que estavam ali mostravam que Lydia tinha sido cuidadosa ao escolher onde comemorar o aniversário.

Mitch não sabia explicar como, mas depois de uma semana exaustiva no trabalho com muitos treinos, reuniões e missões pequenas enquanto se desdobravam pistas e planejamentos contra a fênix, Lydia conseguiu planejar sua festa e convenceu a equipe de que era uma ótima ideia saírem para comemorar o seu aniversário e relaxar. Ela tinha um poder de convencimento tão forte que ninguém, além de Irene, foi capaz de negar ao convite. Scott, Malia, Peter e Levi, todos estavam ali, em algum lugar, cedendo a vontade da ruiva naquele sábado.

Rapp sentia-se mais jovem e vulnerável diante a tantas sensações que ela gerava nele, impactando-se até mesmo com a tonalidade da voz feminina. Bastava ela se aproximar, bastava ela sorrir, que Mitch se via incapaz de negar alguma coisa a ela. Era inacreditável e meio vergonhoso perceber o quanto suas barreiras ruíram no curto tempo em que Lydia estava em sua casa. Descobriu tantas coisas sobre ela e sobre ele mesmo. A Martin amava séries de comédia e filmes de terror, sabia conversar sobre qualquer assunto durante todo o dia, mas também passava horas em silêncio completo concentrada em uma leitura. Era bagunceira, eternamente gentil e compreensiva, insaciável na cama e tinha a estranha habilidade de quebrar xícaras. Porém, a maior revelação de todas era a consciência dos sentimentos que rasgavam o seu interior.

Drop of waterWhere stories live. Discover now