Even if it hurts

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Hey, leitores! Prontos para mais um capítulo nessa quarentena?? A música do título é do Sam Tinnesz.Estou bem feliz por não ter demorado tanto para atualizar e o capítulo 27 também já está pronto pra vocês, então aproveitem porque ando inspirada e vou tentar escrever o máximo possível.Boa leitura!

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Lydia sentia-se entorpecida no momento em que passou pelas conhecidas portas de vidros da agência em que trabalhava. Os olhos verdes estavam arregalados e opacos, vagando sem vida pelas órbitas sem conseguir enxergar de fato. As mãos tão geladas e dormentes que não teve forças para tocar em Scott, que se mantinha em silêncio ao seu lado enquanto lutava para segurar lágrimas que ameaçavam a escorrer pelo rosto. Desnorteados, eles nem perceberam que se afastaram um do outro, seguindo rumos diferentes pelos corredores da CIA.

A mulher andou sem saber para onde, incomodada com o bolo preso na garganta e com dificuldade para respirar. Os olhos ardiam e todo o corpo parecia desprovido de calor. Parou ao perceber que chegou em frente a sala de treinamento, hesitando a poucos passos da porta, ponderando se era a hora certa para descarregar toda a frustração com socos e pontapés. Talvez houvesse maneiras mais eficazes para lidar com aquilo, talvez fosse melhor se esforçar para deixar a mente ativa e fazer algo útil para capturar James, mas os músculos das pernas e braços tencionaram em um clamor silencioso para que deixasse o calor dominar seu organismo, ansiosa para se afogar em ondas de dopamina até ser capaz de ignorar todos os problemas. O desejo foi tão forte que não pode resistir.

Entrou na sala já arrancando os tênis e as meias e não teve preocupação em pegar luvas que serviriam para proteger as mãos, pois queria que a dor a ajudasse a apagar as imagens nauseantes que giravam em sua cabeça. Os pés descalços se firmaram sobre um tatame azul e os dedos se fecharam em punho. Posicionou os braços à frente do rosto, encarou o saco de pancadas preto e desferiu o primeiro soco. A dor aguda brotou dos nós dedos e se espalhou até tomar o braço direito, porém, ela continuou. Intercalou socos e chutes por minutos intermináveis, acelerando os batimentos cardíacos e testando os limites dos pulmões.

Um homem se aproximou devagar, entrando em seu campo de visão. Lydia o reconheceu de imediato, no entanto, não deu atenção. Continuou espancando o saco de areia como se sua vida dependesse disso, desconsiderando o olhar intenso que recebia. Ele a entendia e naquela situação, a Martin nem considerou a ideia de lutar contra isso, não havia motivos para esconder sua frustração. Apenas permitiu que fosse observada pelo que pareceu ser uma eternidade.

— Quer treinar comigo?

Apesar de estar ciente da presença de Peter, a ruiva se desconcertou ao ponto de perder o compasso da respiração e falhar na última tentativa de soco quando a voz masculina soou grave e tranquila. A mulher cambaleou um passo para trás e encarou os traços de Collins com alguma desconfiança. A expressão era imparcial, o olhar calmo, mas o brilho na íris alertou que ele sabia que tinha algo de errado com ela. O rosto de Lydia gerou um breve rubor por perceber o quanto ele a conhecia e por fim, balançou os ombros e se afastou do tatame só para ocupar outro em que não tinha nenhum saco de areia, deixando espaço o suficiente para uma luta corporal.

Peter abriu um mínimo sorriso e coçou a nuca um jeito charmoso que Lydia costumava amar. Collins parou de frente para ela, tão perto que a Martin precisou inclinar a cabeça para trás para encará-lo no rosto devido a diferença de altura. O cabelo do homem naquele tom entre o loiro e o castanho, os olhos muito escuros, a boca farta e a maneira como a olhava, tudo isso, a nocauteou com um forte sentimento de nostalgia. A ruiva respirou fundo, tentou secar o suor da testa com o dorso da mão e então, atacou de surpresa, movendo o braço com força e técnica.

Depois de um pouco mais de um ano sem o convívio com Peter, Lydia não esperava que treinar com ele lhe soasse tão familiar. Ela atacava e ele defendia, ele atacava e ela defendia. Era quase impressionante como os corpos se reconheciam, previam o movimento do outro, não era uma memória disponível a consciência, era uma memória física. Suas mãos, pernas, braços e pés é que recordavam com perfeição como Peter lutava. O tempo de treinamento juntos na época de preparação para a CIA, onde se conheceram e a época em que passaram como parceiros de trabalho, serviu para que a luta se desenrolasse como uma espécie de dança. Cada mover era transbordante de sincronia.

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