Stomp me out

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Oi, leitores! Estão aproveitando o final de semana? Espero que sim! Vim trazer atualização para vocês e a música do título é do Bryce Fox, eu acho que a letra combina muito com boa parte desse capítulo. Estou super animada com os comentários que tenho recebido e nem sei como agradecer!Amei escrever esse capítulo (que como sempre a Érika me ajudou muito) e eu espero que vocês aproveitem.Boa leitura!

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Os olhos de Scott foram atraídos em direção a porta de madeira que foi aberta. Soltou um suspiro pesado e com os braços cruzados em frente ao peito, analisou melancólico a mulher cambalear com insegurança para fora do banheiro, usando uma blusa azul que ele emprestou e uma calça de moletom de Lydia. As peças estavam desajustadas no corpo esguio, a camisa era larga demais e a calça muito curta para as pernas longas.

— Quer ajuda com os curativos? — aflito, Scott não conseguiu se manter calado, ansioso para auxiliar de alguma forma. A mulher negou com a cabeça, encarando os pés descalços. — Lydia e Amber saíram para comprar algumas coisas para você e o Mitch foi buscar a Irene no ponto de encontro — explicou com as mãos suando de nervosismo, suprindo parte da necessidade de falar.

A mulher não reagiu a nova informação, indo devagar até a cama, onde sentou com cuidado, a expressão denunciando dor e insegurança. Mesmo com o esgotamento explícito, ela mantinha a postura defensiva, pronta para atacar a qualquer segundo. Os olhos atentos, os músculos tensionados. Depois de revelar que tinha algum inimigo infiltrado na CIA, ela se limitou a poucas palavras, sem responder a todas perguntas que foram feitas apesar de ter enxergado sinceridade nos agentes que a resgataram.

Inquieto, Scott trocou o peso do corpo de uma perna para a outra e buscou apoio em uma parede, esperançoso de que isso o ajudasse a permanecer parado. Não tinha ideia de como a mulher estava suportando tudo em silêncio e sem liberar o choro, tendo flagrado algumas vezes os olhos castanhos brilhando com lágrimas reprimidas. Quando ele e Amber convenceram a agente a ir até a van, encontraram Mitch e Lydia, e juntos, decidiram não informar o resultado da missão para a CIA. Se livraram dos comunicadores, Amber despistou a agência com o auxílio do notebook e foram até um motel distante e pouco movimentado, onde alugaram um quarto. Lá, Lydia deu a ideia de chamar a Irene, desde que a vice-diretora prometesse vir sozinha e logo todos os agentes entraram em acordo.

A mulher que foi resgatada só pediu roupas e uma caixa de primeiros socorros, depois se trancou no banheiro para cuidar das feridas. Enquanto costurava dois machucados na barriga, evitou se olhar no espelho, com medo do que teria que encarar, no entanto, os olhos escuros a desobedeceram e por fim, ela se deparou com sua imagem disforme. Exceto pela cor da íris, não conseguiu reconhecer nada em si mesma, seu rosto havia se tornado algo quase inumano, era uma massa inchada e roxa. Não conseguiu encontrar no próprio reflexo nenhum resquício de beleza ou familiaridade. A dor de enfrentar aquela aparência foi muito pior do que a tortura que suportou por semanas, mas ainda assim, ela encontrou coragem para, com uma tesoura, tentar acertar o cabelo raspado grosseiramente, cortando os tufos espalhados de forma irregular na cabeça.

Durante o banho demorado de água morna, algumas lágrimas despencaram nas bochechas, mas a mulher não se entregou ao choro compulsivo que tentava dominá-la. Continuou firme, certa de que não poderia fraquejar na frente de desconhecidos. Vestiu as roupas emprestadas e assim que saiu do banheiro, foi refém do olhar do Scott que parecia incapaz de ficar quieto.

— A gente vai descobrir quem foi que revelou a sua identidade, — o McCall se xingou mentalmente, mas não conteve o impulso de voltar a falar — o filho da puta vai pagar e você vai ficar bem.

A mulher virou a cabeça para Scott, o atingindo com um olhar triste e sem esperança. Ele engoliu em seco e tentou fazer uma expressão segura, querendo trazer confiança, esforço que ela percebeu sem dificuldades. Com um suspiro contido, ela ajeitou as pernas em cima do colchão barato, a coluna ereta apoiando contra a cabeceira da cama. Dominada pela exaustão, a postura defensiva cedeu aos poucos e as pálpebras cobriram os olhos escuros por apenas alguns segundos. Lutou contra o sono se remexendo no lugar, grata pelo remédio que tomou que diminuía as dores no corpo.

Drop of waterWhere stories live. Discover now