Capítulo 13: Cartas na Mesa

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BRYAN:

Um alívio percorre meu corpo automaticamente relaxando os músculos que doíam de tanta tensão. Depois de muito tempo questionando se eu devia contar ou não para Megan o que realmente estava acontecendo comigo, finalmente consigo relaxar um pouco. Sei que possa ter parecido egoísmo da minha parte em não contar a ela logo que eu descobri afinal como ela mesma disse, ela é minha namorada. Entretanto, mesmo que isso possa ser considerado um fator para eu ter que ter contado tudo desde o começo, eu não queria contar, preferiria passar por tudo isso sozinho, do que ter que vê-la sofrendo. Mas já que as cartas foram postas na mesa, fico feliz que ela esteja do meu lado, passar por uma tempestade sozinho é uma coisa, passar a tempestade com quem a gente ama nos apoiando, é outra totalmente diferente. É como tomar uma limonada gelada no verão ou um chocolate quente no inverno. Você se sente amparado e protegido.

Megan fazia eu me sentir assim.

Apesar de tudo que passamos nesses últimos meses, Megan me completou de uma forma que eu nunca achei que seria possível. Viver num mundo em que Megan Scott não existe seria o meu maior pesadelo.

Ainda estávamos no estacionamento, o carro estava num imerso num silencio, nenhum de nós dois sabia o que falar a seguir, e eu não a culpava. Ninguém espera que seu namorado entre dentro do carro e fale que está com um tumor no cérebro. Dou tempo a ela, tempo para ela digerir toda essa situação e encontrar palavras que possam expressar o que ela sente, e tirar todas as dúvidas que flutuam dentro da sua mente.

Eu não sabia se devia esperar ela falar algo para podermos conversar, ou se eu dava ré no carro e levava ela para casa.

Desliguei o carro e segurei a mão dela entre as minhas, ela parecia tão pequena ao meu lado, tão assustada, não queria que ela tivesse que passar por tudo isso, Megan não merecia sofrer, ela já havia sofrido demais na vida, sem ao menos merecer. Eu não queria ser mais um motivo para sua dor.

Mas eu soube que eu era mais um motivo quando lagrimas começaram a rolar pelo seu rosto. Sentia suas mãos tremerem sobre as minhas, seus doces olhos castanhos esverdeados, agora verdes e vermelhos, suas bochechas vermelhas e seu rosto começando a inchar cada vez mais. Afastei uma mecha de seu cabelo que teimava em ir para frente de seu rosto e puxei-a para um abraço desajeitado.

- Há quanto tempo você sabe disso? - Questionou-me entre um soluço e outro.

- Já faz um bom tempo Megan. Lembra o dia em que eu levei você para a faculdade e fui para um exame de rotina? - Perguntei, mesmo sabendo a resposta. Megan não era de se esquecer das coisas que eram importantes para ela e eu sei que ela estava preocupada comigo.

Ela sabia que havia algo errado comigo, mas nem desconfiava o que realmente poderia ser.

Megan respondeu com um aceno leve e logo em seguida num tom baixo.

- Sim, eu lembro. - Seu rosto demonstrava que ela estava ligando tudo, agora às coisas estavam fazendo sentido.

- Aquele dia eu estava indo fazer uma ressonância. Desculpa-me por não ter te contado. Segundo o medico o tumor veio crescendo há alguns anos e os sintomas foram aumentando, até hoje.

- Você podia ter me contado Bryan, você deveria confiar em mim para essas coisas, você devia confiar em mim. - Repetiu ela várias vezes, e ouvindo isso, eu sabia que essa frase iria me assombrar toda vez em que eu fechasse os olhos para dormir. Eu devia ter confiado nela.

Eu ligo o carro e dou ré. Os nós e as pontas dos meus dedos ficam brancas enquanto aperto cada vez mais forte o volante. Eu nem sei o porquê, mas isso alivia o que eu sinto agora.

- Eu sei Meg, eu sei... Me perdoa por isso. - Suplico mais para mim mesmo do que para ela.

Enquanto estou levando-a para casa não falo nada, apenas ligo o som do carro que começa a tocar Chasing Cars, que ótimo momento para tocar essa música, como se a situação já não estivesse triste o suficiente sem essa música. Às vezes me espanto com essas pequenas coincidências do destino. A tensão dentro do carro está tão grande que pode ser comparada com o titanic afundando.

- Para quando esta marcada sua próxima consulta? - Pergunta ela assim que estaciono em frente à sua casa.

- Está marcada para daqui dois dias. - Respondo e tiro a chave do contato.

- Eu vou com você. - Ela diz arrumando a postura, me informando que ela não estava pedindo permissão e sim que ela estava afirmando.

- Você sabe que não precisa ir Megan, você sabe que o clima vai estar estranho, você não precisa se submeter a isso, não há necessidade. - Eu falo enquanto afasto uma mecha de cabelo do seu rosto. Seus olhos estão mais verdes do que o normal por conta do choro.

- Já tem plano médico? Já foi marcada cirurgia? Ressonância? Tomografia? Não tem essa de que eu não preciso ir, eu vou e pronto. Sem discussão. Combinado? - Questiona ela devorando uma palavra em cima da outra, sem pausa para uma respiração tranquila.

- Combinado. - Tranquilizo-a.
Analiso e aliso seu rosto carinhosamente, impressionado como que mesmo depois de chorar, com os olhos vermelhos e inchados igualmente como seu rosto ela continua sendo linda, extremamente linda.

Megan inclina um pouco seu rosto encaixando inteiramente em minha mão estendida, faíscas saem de seus olhos doces e seus dentes beliscam levemente o próprio lábio inferior. Tento focar somente em seus olhos que me fitam, mas sei que meu olhar oscila entre seus olhos e sua boca rosada.

O celular da Megan apita, quebrando o transe que nos envolvia, relutante, Megan desbloqueia o celular e fecha a cara em seguida.

- O que houve? - Pergunto e a puxo um pouco para mais perto de mim, com o intuito de tirar a atenção dela - talvez com intuito de fazê-la sair do banco do passageiro e vir no meu colo, só talvez. - Ela percebe o que eu queria fazer quando dou um sorriso de canto e a olho de cima a baixo.

Ela digita rapidamente no celular e volta seu olhar para mim.

- Que feio, tentando me seduzir enquanto estou respondendo uma mensagem. - Ela me repreende, mas falha totalmente ao tentar passar para o meu banco com um sorriso irônico. - Podia ser uma mensagem importante, minha mãe ou uma entrevista de emprego. - Continua ela.

Olho para o relógio no meu pulso eram 15 para meia noite.

- Acho que não seria uma entrevista de emprego, Megan. - Digo mostrando a hora ao girar o relógio para ela.

Sua risada ecoa pelo carro fechado, e sua voz logo preenche o lugar de novo.

- Mas poderia ser. - Teima ela. - Nunca se sabe o que pode acontecer 15 para meia noite. - Ela fala diminuindo o volume de sua voz.

- Com certeza poderia ser. Mas acho que temos coisas mais importantes para fazer agora. - Cochicho em seu ouvido ao envolver seus cabelos entra meus dedos.

- Ah temos sim. - Responde.

Puxo um pouco seu cabelo para inclinar levemente sua cabeça e vou traçando uma rota de beijos contornando seu maxilar até chegar a sua boca.

Abracei Megan trazendo-a para mais perto de mim e senti suas mãos vagarem por meus cabelos e descerem pelas minhas costas.

Beijá-la é algo que eu poderia fazer pelo resto da minha vida sem ao menos pestanejar.

Única Estrela no CéuWhere stories live. Discover now