capítulo 1.6

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        - Cala a boca, eu nem te conheço, volta para o seu carro e não se intrometa aonde não foi chamado.
Tendo em vista esse pequeno contratempo, Lorenzo acabou afrouxando a mão, o suficiente para eu conseguir me livrar das mãos dele, mas logo que eu consegui me soltar ele tentou me puxar e eu reagi dando um tapa na cara dele – convenhamos que foi merecido – porém ele reagiu de uma maneira em que nenhum deles, nem seu amigo e nem eu esperava, ele simplesmente revidou o tapa em que eu tinha dado nele, em mim. Eu sentia meu sangue ferver, subindo pela minha barriga, aquecendo meu corpo, o local do meu rosto em que ele me bateu formigava tanto que parecia até uma anestesia, fiquei zonza por um tempo, até perceber o que realmente tinha acontecido.
        Quando eu estava pronta para voltar a bater nele e a reagir com todas as minhas forças, percebi um vulto atrás das minhas costas e quando me dei conta, o home desconhecido tinha voado em cima do Lorenzo para me proteger – ou ele era apenas encrenqueiro mesmo, ou gostava de uma briga –
        - Não se bate em uma mulher, seu otário, não importa o que ela tenha feito, e se ela te bateu você mereceu – Gritou o homem desconhecido.
        - Você nem a conhece e está caçando briga comigo e eu que sou o otário aqui? – Respondeu Lorenzo.
         Os sons dos socos e chutes, saiam abafados em meio a tanta gritaria. Eu nem ligava que Lorenzo estava apanhando, afinal ele merecia, não é mesmo? Eu só acho injusto que esse moço leve socos também, sendo que ele não tinha nada a ver com a história, afinal ele até conseguiu evitar um acidente pior que um carro derrapando na pista.
        Eu sou burra? Provavelmente, mas eu não me aguentei me enfiei entre os dois para tentar separá-los, tudo isso já estava passando do limite, e os outros ficaram parados olhando, como se aquilo tudo fosse só uma cena de um filme qualquer e não uma briga de verdade.
        Eu observava os dois atentamente – antes de intervir, claro – O homem misterioso quase nem era acertado pelos golpes esforçados de Lorenzo, o suor escorria pelo rosto do desconhecido, deixando a pele dele brilhosa – parece nojento eu sei, mas ele estava lindo, parecia um guerreiro em meio a uma batalha – seu cabelo caia desajeitadamente em sua testa, e seus olhos transpareciam raiva – possuía aquele sangue no olhar, é assim que falam, não é? – Ele era bem ágil, deixando seu adversário, muitas das vezes sem rumo. Já Lorenzo era mais lento em relação aos golpes, deixando-o vulnerável mais vezes, o que resultava numa vantagem maior para o estranho homem, quando me dei conta já tinha parado de observá-los havia um tempinho já, pois eu havia me colocado entre os dois para impedir que continuassem com aquela briga sem sentido.
        Quando eu realmente achei que tinha conseguido libertá-los deles mesmos Lorenzo resolveu partir para cima de mim, ele me bateu mesmo, me bateu para valer, senti gosto de ferro em minha boca, o sangue escorria pelo meu rosto, a sensação era de costelas sendo quebradas, órgãos sendo rompidos – certamente se não aconteceu isso, se ele não parasse, iria acontecer – lágrimas invadiam meus olhos e embaçavam minha visão, a dor era enorme, senti minhas roupas sendo rasgadas, acho que tentavam me tirar de perto daquele monstro, eu só ouvia os gritos de desespero, já não sentia mais dor, tinha parado de reagir contra ele.
        Alguém me empurrou para me desvincular das agressões que estavam sendo arrebatadas em mim, logo após este empurrão eu caí na rua, bati minha cabeça no meio fio, e apaguei – não consegui saber quem fez isso, mas gostaria de agradecer por me salvar. –

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