Capítulo 12: Revelações

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       A ansiedade percorre as minhas veias enquanto eu tento relaxar sentindo a água bater contra meus ombros tensos. Lavo o cabelo duas vezes para ter certeza de que estará limpo. Ao sair me enxugo e envolvo a toalha em meu corpo, procuro uma roupa eu olhe e fale “é essa”, mas como posso fazer isso se eu nem sei para onde eu vou? Pego um cabide com um vestido azul rodado que vai até os joelhos com babados na barra e ando até o espelho, coloco por cima do corpo só tentando ver como seria se estivesse com ele, fico olhando e desisto, não sei, talvez seja simples de mais? Decido pegar o vestido vermelho básico com alças finas, vou para frente do espelho, talvez seja sexy demais, eu odeio não ter o controle da situação, se eu tivesse controle disso tudo, talvez eu não estivesse sofrendo por bobeira. Jogo a roupa na cama outra vez, como alguém que já está cansada, opto pelo preto, opção básica, simples, elegante, sexy na medida, preto é vida.
      
       Coloco o vestido preto, vai até o meio das pernas, há duas fendas na cintura, deixando a pele exposta, e algumas pedrarias pretas que vão da gola, até a ponta do decote em V. Calço o salto baixo e pego um casaco preto para não esquecer ao sair. Vou ao banheiro e tento aplicar um delineado e passo um batom enquanto o babyliss aquece em cima da pia, quando ele está quente o suficiente, modelo alguns cachos nas pontas. Estou terminando de arrumar a bagunça que eu fiz, quando recebo uma mensagem de Bryan.
      
       - Oi, já está pronta? Estou aqui na frente.
   
       Respondi que já estava indo, corri para o banheiro passar um perfume, dar uma ultima ajeitada no cabelo e sair. Qual é? Eu não estou saindo para conquistar ninguém, ele já é meu então por que eu estou tão nervosa?

       Coloco o casaco sobre os ombros quando saio de casa. A brisa leve se choca em meu corpo me causando leves arrepios, a rua está pacífica, deserta, somente eu, ele e a lua estávamos presentes.

       - Boa noite my little girl. – Disse ele dando um sorriso presunçoso. – Você está maravilhosa. – Completou pegando em minha mão fazendo-me girar.

       - Você também não está nada mal. – Eu respondi sorrindo enquanto ele abria a porta do carro.

       Ele realmente não estava nada mal. A calça jeans escura que ele usava, colava em seu corpo, combinando com a camisa polo branca, meninas derrubariam seus talheres se ele passasse pela mesa delas.

       Quando ele entra no carro e se ajeita no banco, ele estica a mão para o banco traseiro e me entrega uma rosa, logo em seguida afasta a mecha do meu cabelo e da um sorriso tímido.

       - Vamos? – Ele diz ainda sorrindo. Eu amo esse sorriso.

       Seu rosto se iluminava, com um brilho que eu não via fazia tempo, sei que ele estava com problemas, e que não queria me falar para não ter que dividir peso comigo, mas me parte o coração ver que algo está corroendo ele por dentro, ele não merece.

       Então eu retribuo o sorriso, seguro sua mão e o repondo.

       - Vamos.
      
        Ele liga o carro e sai, deixando minha casa para trás e indo em direção ao encontro perfeito.

       - Para onde nós estamos indo? – Pergunto assim que viramos a esquina de casa.

       Ele dá uma risada leve e liga o som do carro.  

       - Vamos ao nosso encontro. – Diz como se eu não soubesse disso.

      - Ah isso eu sei, mas aonde nós vamos? – Pergunto para ele novamente.

       - Nossa, já cansou de mim é? Não quer mais nosso encontro?- Respondeu colocando a mão no peito fazendo um drama.

       - Ah não. – Dei risada e o empurrei levemente. – não foi isso que eu quis dizer.

       - Já estamos chegando. Não é um dos restaurantes mais chiques da cidade, até por que, convenhamos Waterfield não tem muita coisa não.

       Só balancei a cabeça como resposta. O silêncio pairou sobre nós mais uma vez e o nervosismo se instalou em meu corpo de novo. Tem uma coisa que é incrível, e que só nos damos conta quando acontece conosco. As coisas podem estar indo muito bem, mas você nunca vai se pegar ansiosa para que continue assim, você fica ansioso temendo que tudo dê errado. Por mais certo que tudo possa parecer, nós só aguardamos o erro acontecer.

       Reconheci o lugar ao entrar no estacionamento. O Restaurante Tropically era um dos melhores da cidade, remetia bastante aos luaus e ao litoral. Só vim aqui em alguns eventos com minha mãe e com alguns amigos. Bryan saiu e deu a volta rapidamente ao carro e abriu minha porta.

       - Vamos? – Perguntou ele estendendo a mão e esboçando um sorriso.

       - Vamos. – Respondi ao colocar minha mão na sua. – Esse lugar é lindo. – Complementei.

       - Não mais que você. – Falou enquanto me abraçava rapidamente.

       Fomos andando de mãos dadas em direção à entrada, por uma trilha de cascalhos, as pequenas cordas com lâmpadas pendiam sobre as árvores e os postes, deixando tudo muito bem iluminado. Do lado de fora havia alguns bancos de madeira e uma pequena fonte branca, arrastei Bryan até lá, a pequena fonte continha entalhes em aspirais e conchas, a água caía e espirrava algumas gotas em nós.

       - Eu poderia passar a noite analisando isso aqui, eu nunca me cansaria. – Sussurrei mais para mim do que para ele.

       - Eu sei my little girl, mas temos que entrar. Tudo bem?

       - Claro.

       A decoração do salão havia mudado desde a última vez que eu tinha vindo aqui. Agora as paredes eram um azul claro com uma faixa de desenhos marinhos. As mesas estavam espalhadas e mais da metade estavam ocupadas. Alguns vasos com plantas decoravam o ambiente, juntamente com as velas aromáticas dispostas sobre as mesas.

       - Sabe – comecei a falar quando sentamo-nos à mesa – Eu amo quando você me chama de “my little girl”, é bonitinho. – Complementei sorrindo.

       - Eu amo você Megan, eu espero que saiba disso. – Ele diz, e começa mexer no talher e desvia o olhar.

       Quando estou prestes a perguntar o que está havendo, um homem se aproxima a nossa mesa, estende dois cardápios da um sorriso e fala:

       - Boa noite. Querem fazer o pedido?

       Encolho-me na cadeira decepcionada por ter sido interrompida. Abro o cardápio e sorrio para o garçom.

       - Claro.

       Ao olhar para o garçom, vejo pelo canto dos olhos Bryan cabisbaixo. O que é que está acontecendo?

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