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Pov Camila

Após Dinah ir, revirei algumas pastas em meu escritório, até achar uma em específico. A que continha todos os arquivos da morte de Penn Badgley. Espalhei os papéis e fotos pela mesa, organizando tudo por uma ordem que fizesse mais sentido pra mim. Me sento olhando pra certidão de óbito à minha frente. As fotos do acidente... Uma página do Jornal, com o título de "Arquiteta Verônica Iglesias é morta em acidente de ônibus"... A imagem da bela garota me causa arrepios... Me lembro exatamente do ocorrido, um frio percorre a minha espinha.

Flashback:

Eu estava ali, encarando a bela moça de cabelos aloirados, de olhos grandes e assustados, que só queria fugir pra bem longe. Mas, assim como eu, não podia, pois estava sendo mentalmente obrigada à permanecer ali, parada. 

Eu sabia o que estava por vir, lágrimas começavam à escorrer por meu rosto, eu estava trêmula. A garota me implorava por misericórdia sem nem precisar dizer uma palavra.

-Camila... -A voz dele queima em meu cérebro, como se toda vez que ele falasse meu nome, meu mundo parasse pra ouvir o que ele tinha à dizer. -Dê um jeito nela por mim, por favor. -Seu cinismo e sua falsa educação latejavam no meu subconsciente, eu queria virar e esmurrar aquela cara de Inglês idiota que ele tinha, queria socar ele até ver sua ultima gota de sangue escorrer. Mas eu não conseguia decidir o que fazia, desde quando o encontrei pela primeira vez, desde quando quis dizer "não" quando ele me chamou pra jantar, mas sua maneira sugestiva me obrigou à dizer "sim". 

Eu estava lutando contra meu corpo, meus punhos se cerraram, como se houvesse uma entidade possuída em mim e eu lutasse contra ela, eu mantive minha mão erguida, tentando abaixá-la a todo custo, e eu podia dizer que estava quase conseguindo, quase resistindo à seu controle.

-Faça. Agora. -Aquela maldita voz, maldita voz que fala diretamente com a minha terminação nervosa.

-Me desculpa. -Eu falo já chorando, antes da minha mão fechada acertar em cheio o peito da moça magra de estatura mediana à minha frente. Ela cai para trás com o impulso, e ao cair no chão, sei que já está sem vida.

O meu mundo desaba naquele momento, todo som parece abafado e distante agora. Eu matei uma pessoa.

Eu matei uma pessoa inocente.

Eu sou a merda de uma assassina.

Eu ouço a maldita voz bem no fundo, tão fundo que não consigo nem entender o que ele estava dizendo. Ainda estou de costas pra ele, olho pro fim da rua, e eu quero andar até lá. Eu quero ir embora.

Começo a caminhar lentamente, me afastando dele. 

-Camila, pare agora. E volte aqui. -Ele diz, eu paro imediatamente. Sem me virar de volta pra ele, eu espero alguns segundos, talvez dois ou três, antes de continuar andando. Continuar me afastando dele. -Camila! Pare agora! -Ele grita, e dessa vez eu sequer paro, apresso meus passos para me afastar. Estou atravessando a rua, e nem vejo um ônibus vindo em minha direção. Era noite e estava chovendo, a pista estava molhada, o motorista tenta desviar de mim e acaba derrapando, fazendo com que o ônibus tombasse em cima dele e do corpo da garota já sem vida. Eu olho pra trás e vejo aquela cena caótica do acidente, mas não tinha mais voz, eu estava em controle do meu próprio corpo, ele estava morto.

Foi o que achei ao virar as costas e ir embora.

Flashback off.

E aqui estou eu, depois de tanto tempo. No mesmo local onde o acidente aconteceu, encarando o fim da rua, da mesma maneira que estava da ultima vez. Olho para trás, vejo uma mercearia na calcada do acidente. Vou até lá e me aproximo do homem que está no balcão.

-Hey, se eu for atropelada por um ônibus, onde fica o hospital mais próximo? -Eu pergunto, o rapaz faz uma expressão confusa.

-Se você se manter na calçada, não vai ser atropelada. -Ele fala, eu reviro meus olhos.

-Valeu, eu descubro sozinha. -Digo me virando pra sair da mercearia, pegando meu celular.

-Hey... Todos vão pra o Metro-General, seis quadras daqui à direita. -Ele diz antes que eu chegue à porta. Eu não falo nada e continuo andando. -De nada. Garotas mal educadas morrem sozinhas.

-Eu tô contando com isso. -Eu falo antes de passar pela porta, indo pela direção que ele me informou. 

Quando chego ao hospital, me sento na sala de espera e observo o movimento. Somente um segurança na porta de entrada, e o restante dos funcionários concentrados demais em suas respectivas tarefas. Caminho devagar até o banheiro, onde passo reto e viro no próximo corredor à direita. Uma sala escrito "apenas funcionários" na porta. Olho uma ultima vez e ninguém parece ter me notado. Está trancada, mas consigo facilmente forçar a maçaneta e quebrá-la. A sala continha vários armários e um tipo de cozinha. Tive que arrombar três portas até achar um que continha um uniforme e um crachá. Fico aliviada ao ver que não possuía foto, apenas nomes e dados pessoais. Depois de me trocar, saio em busca ao setor de fichas. A recepção onde te informam sobre os pacientes. Uma enfermeira levemente apressada e muito prestativa, pareceu cair facilmente no meu papo de "é meu primeiro dia, poderia me ajudar com o sistema? O do outro hospital era muito diferente". Assim consegui acessar o sistema e o histórico de entradas no hospital na noite do acidente, e como já esperava, nada de estranho por lá. Apenas o motorista gravemente ferido... E a mulher que eu tirei a vida, que chegou no hospital morta. 

Imprimi toda a ficha detalhada e voltei pra casa após devolver as roupas e pegar as minhas.
Quando o elevador do meu andar abre, consigo ver minha porta de frente, no fim do corredor, levemente aberta, e um homem de estatura alta parece estar atrás dela, dentro do meu apartamento. Eu entro com tudo, empurrando a porta tão forte contra ele, que ele bateu a cabeça contra um pendurador de casacos parafusado na parede.

-Quem é você? -eu grito.

-Caralho! Minha cabeça tá sangrando. -Ele diz, eu o levanto pela gola de sua camisa, o prensando contra a parede.

-Quem mandou você? -Eu pergunto 

-Dinah Jane. Ela me mandou pra arrumar a sua porta! -Ele diz, então eu o solto, fazendo com que ele caia no chão. -Caralho, você é doida!

-Me desculpe...

-Puta que pariu, eu tô sangrando... -Ele dizia segurando a própria cabeça. 

-Me deixa ajudar... -Eu disse me aproximando.

-Fica longe de mim! -Ele gritou, me fazendo recuar. -Chama uma ambulância!

Eu o fiz, e quando os paramédicos chegaram e o levaram, liguei pra Dinah.

-Que merda você tem na sua cabeça ao mandar um estranho na minha casa? -Eu pergunto quando ela atende.

-Eu te mandei várias mensagens e te liguei várias vezes. Pra que você tem um celular se não usa? 

-Eu posso ser denunciada por agressão!

-Eu vou pagar o plano médico dele, e ele não vai te denunciar. 

-Por que você tem que controlar tudo? Fique longe de mim! Não ligue, não visite, não mande a porra de um estranho entrar na minha casa!

-Você precisa de uma porta que tranque!

-E você precisa parar de ser desse jeito.

-Vou levar isso como um elogio.

-Então você entendeu errado.

-E que tal um "Obrigada Dinah por arrumar minha porta. Foi muita consideração sua, uma vez que há um assassino à solta."

-Vai se foder, Dinah. Você é igual a sua mãe! -Eu gritei. Dinah ficou em silêncio, me fazendo me arrepender automaticamente do que disse.

-Uau, isso foi escroto. Até pra você. -Ela disse antes de desligar a ligação. 

How To Be a Shitty Superhero in NYC (Camren)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن